Teimosa, ela se levantou também.

— E por que não me deixa arrumar a mesa enquanto isso?

— Não, não — respondeu Eduardo, vestindo apressado a calça jeans e a camiseta. — Já lhe disse que eu a chamo.

— Tem certeza? — Ela ainda perguntou. Mas não aguardou pela resposta, catou as roupas que estavam jogadas no chão e se dirigiu para o banheiro. — Então, vou aproveitar para tomar um banho rapidinho.

Instantes depois, quando saiu do banheiro, foi surpreendida pelo som baixinho de um rock romântico, bastante antigo: Patience, de Guns N'Roses. Um estilo de música que ela apreciava bastante, sobretudo os rocks considerados clássicos, dos anos 80 e 90, embora seu gosto fosse mais voltado para MPB – Música Popular Brasileira.

Será que é uma playlist ou Eduardo sintonizou em alguma rádio mais romântica?, perguntou em pensamento, enquanto procurava uma peça para vestir. Acabou colocando uma camiseta branca comprida e larguinha que, às vezes, lhe servia também de camisola.

A resposta veio quando entrou na cozinha. Na mesa, além dos pratos, dos talheres e da travessa de lasanha, havia duas taças de vinho e duas velas que iluminavam o ambiente sobre singelos castiçais. Havia também um vaso fino com uma rosa vermelha no canto da mesa.

Encantada, ela se aproximou e o laçou pelo pescoço.

— Sério que isso tudo é pra mim?

Ele deu um beijo leve em seus lábios.

— Só espero que a lasanha não tenha ficado salgada. — E sorriu, numa tentativa de desatar o nó que havia em seu peito.

— Estou começando a ficar com medo — falou Açucena em tom de brincadeira, quando ele puxou a cadeira para ela sentar. E mesmo que não estivesse exatamente brincando, já que no seu íntimo sentia que havia alguma coisa errada com ele, colocou um belo sorriso no rosto. — Você está bem hoje?

Sem responder, ele abriu o vinho e encheu as taças. Sentou-se na cadeira em frente à dela e levantou uma taça.

Açucena copiou o gesto.

— E ao que iremos brindar? — quis saber.

— Não sei... Que tal brindarmos a este momento?

— Para quem diz que não é romântico, você tem me surpreendido bastante.

Ele bebericou um pouco do vinho, antes de servir-se da lasanha e colocar uma garfada generosa de massa na boca.

— Acho que temos ideia diferente do que seja romântico.

— Pode ser. — Ela tornou a sorrir e serviu-se também. — Hummm... Está muito boa. Parabéns! Só espero que não queira fazer muitas surpresas como essa. Do contrário, terei de começar a caminhar ainda mais.

Ele limpou a boca com um guardanapo e comentou:

— Você não precisa se preocupar com isso. Pelo contrário. Acho que ganhar mais uns quilinhos não lhe fará mal algum.

— Está me chamando de magrela? — Ela não conseguiu parecer tão indignada quanto gostaria.

— Não. Você está linda assim.

— Vejo que não perdeu a noção do perigo.

Sob o som agora de Sweet Child O' Mine, também do grupo Guns N'Roses, ela deu uma sonora gargalhada. E Eduardo teve certeza que era capaz de tudo para vê-la sempre sorrindo assim.

Momentos depois, quando terminaram de jantar e recolheram os pratos, Açucena se posicionou diante da pia.

— O que pensa que vai fazer? — perguntou ele, abraçando-a pelas costas.

Corações Selvagens (Capítulos para degustação)Where stories live. Discover now