Sete (Terceira Parte)

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— É muita coisa para um dia só, eu sei disso, não faríamos assim se não fosse urgente. —o doutor fala — As próximas vezes serão mais calmas. E sobre os pesadelos... —ele começa à passar algo na minha barriga que vai de um lado ao outro. — É normal, ter medo... Acontece. Verão caso tenham outro filho, vai ser mais... Fácil.

Abro meus olhos devagar enrolando mais a minha blusa para cima enquanto balanço a cabeça. — Oh, não... —rio olhando para o Sebastian que me olha sério, como se considerasse aquilo.

Ele é maluco, penso.

A sala parecia estar escura e a tela ao meu lado chamava a minha atenção com cores pretas e brancas. Sebastian está sentando em um banco ao meu lado e tem os cotovelos apoiados ao meu lado e parece tremer mais que uma vara verde.

— Bem... —o doutor olha sério para a tela assim como nós. — É muito cedo para dizer algo especifico, está ainda de três meses, certo?! —balanço a cabeça concordando. — Bem ainda é pequeno demais para identificarmos algum problema... Mas pelo que podemos ver... —ele para o motorzinho engraçado que fazia cócegas na minha barriga. — Este é o seu bebê.

Aperto os olhos para entender tudo aquilo preto e branco, mas é difícil.

— Aqui estão as perninhas... —ele aponta para uma sombrinha branca formada na tela.

Aí então eu começo a ver direito.

Minhas mãos voam até minha boca e não demora para as lágrimas surgirem.

As pernas... A barriga... A cabeça... Tudo tão pequeno e frágil. O narizinho...Ele já tem nariz! Tem mãos.Pés.

Mas é tão pequeno...

— Ele está crescendo normalmente.

Eu não sabia o que dizer, me derreti inteira com aquela visão maravilhosa do meu bebezinho... Era quase inacreditável que estava crescendo dentro de mim, minha barriga não era das maiores e saber que ele estava bem ali era incrível, naquele espacinho. Como o doutor Jings havia explicado, era normal a minha barriga ficar bem mais aparente já que eu era magra e quase uma louca por corrida.

Sebastian parecia uma criança, olhava de boca aberta para a tela e sorria depois de observar mais e mais.

Infelizmente ou felizmente, era muito cedo para conseguirmos ver o sexo do bebê, estava em uma posição que seria impossível descobrir algo e eu preferi daquele jeito. Assim como Sebastian.

Acabamos saindo do consultório com quase um álbum do nosso bebê, no começo era apenas uma foto, para podermos ficar babando, mas depois lembramos que nossas famílias também gostariam de ver o bebê, então no total foram cinco.

Ele não parava de sorrir, assim como eu.

Sabíamos que tudo estava bem, mas não era só isso.

Entramos no carro e depois de guardar as fotos na minha bolsa eu fiquei olhando para o seu rosto que não se decidia entre sorrir e ficar sério.

— Ela deu o número dela pra você? —eu tinha que abrir a boca, porque caso contrario, não seria eu.

— Quê? —ele me olha de lado.

— A moça do consultório... Vi o modo que ela estava olhando para você.

Com a mão vaga, ele coça a testa. — Está vendo coisa agora?

— Depois que consegui ver o nosso filho no meio daquela coisa toda preto e branco e bastante turva, eu com certeza consigo ver claramente. —falo com uma pontada de humor, mas falava sério.

Ele ri antes de ficar sério. — Não, Alexssandra, ela não me deu o número dela, e se fizesse isso... Ele iria diretamente para o lixo.

— Porque? —isso não basta pra você?

— Porque eu estou com você Alexssandra. —ele me olha como se não acreditasse que estou perguntando essas coisas. — E mesmo que você não nos permita ser um casal normal, eu serei fiel à você.

Será?

— Um casal normal? —eu rio irônica. — Nós nunca fomos um casal... E nunca seremos.

— Se preferir assim...

— SIM! EU PREFIRO ASSIM! —me exalto por nada, porque tudo fica tão mais fácil quando ele decide também brigar.

Eu queria que ele falasse algo que me deixasse irritada, porque era assim que funcionávamos.

— Não teremos outro filho. —me olha de lado e volta o olhar para a estrada. — E é por isso que quero que você assine o acordo.

— Eu não vou assinar acordo nenhum. —ele diz frio, esse assunto nunca foi aceito por ele.

— Sim você vai! Ou essa droga de casamento acaba agora. —não ouve mentira no que eu disse, ou ameaça, eu precisava ter uma certeza sobre aquele casamento e aquele acordo era a minha certeza.

Eu podia ter ficado calada e curtir o momento bonitinho em família, por mais que eu estivesse adorando e super feliz com o nosso bebê, uma vez, uma única vez, eu teria que ser ouvida e respeitada, assim como as exigências dele todo esse tempo foram.

A Conveniência do CasamentoWhere stories live. Discover now