CAP. 5 - NOVA ASSISTENTE

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EMILY

A porta que leva à recepção é aberta por um senhor e aproveito para entrar no prédio. Após traçar todo o meu percurso para encontrar Isabelle Monther, atravessei o oceano e busquei um tipo de agência na qual a vampira demonstrou trabalhar. Encontrar informações sobre essa rede de detetives, se é que posso mesmo chamar assim, foi um tanto complicado, precisei confiar em alguns boatos que consegui com cientistas do Reino do Sul.

Quando, enfim, encontrei um endereço, após dias de busca, me direcionei para o lugar e tive a minha primeira entrada barrada. Insisti e busquei novas informações, após um tempo recebi a notícia de que uma das funcionárias da central havia sido desligada do sistema. Foi a oportunidade perfeita. Nada garantia que eu encontraria a vampira aqui, mas pelas conversas e relatos que ouvi dentro da RDIC, ela frequentava o lugar e esse já era um bom começo.

Caminhando na direção da recepção, para onde fui orientada a buscar informações sobre o meu novo serviço, vejo homens e mulheres com uniformes escuros entrando nos elevadores. A recepcionista me olha com olhos sérios e frios, sinto-me analisada, ela já sabe quem sou e o que vim fazer aqui. Vejo-a estendendo a mão para pegar os documentos que me solicitaram. Para me aproximar de Isabelle, precisei desenvolver uma nova identidade, mas qualquer um poderia ver que sou péssima nisso, começando pelo fato de que não mudei o meu nome e continuo com a mesma aparência. Afinal, o que mudei nessa nova identidade? Eu sou uma farsa.

Além da recepcionista, há uma mulher com roupas pretas na recepção, sua pele é muito branca e seus olhos não me olham, mesmo quando chego ao seu lado, mantém uma seriedade dura. Observo o seu rosto rapidamente, tem traços elegantes e me lembram o frio, mas ao mesmo tempo são belos. Tão belos que me prendem por segundos longos demais, preciso me lembrar de olhar para a recepcionista outra vez.

Nesse momento nossos olhares se cruzam e não se desviam. A mulher de preto fala algo rápido com a recepcionista e me olha em seguida. Nossos olhares se prendem um pouco, ela deve estar me achando estranha ou, no mínimo, já deve saber que sou "a novata" no trabalho. Independentemente de qualquer coisa, não consigo negar uma vontade estranha de conhecê-la, traçar uma conversa ou qualquer coisa. O rosto sério se mostra forte e com um sorriso firme.

— Boa noite — diz, educada.

Não consigo responder de imediato e perceber o estado em que se encontra a minha mente faz com que eu me assuste um pouco. Isso nunca tinha acontecido antes, tamanha estagnação após um simples cumprimento nunca aconteceu. Dou apenas um sorriso leve e reparo um pouco mais em sua aparência. Não conseguiria dizer ao certo a sua idade, nem de qual lugar do mundo pode ter vindo, observo seu corpo alto e vejo que suas roupas estão limpas demais.

— Nova por aqui? — pergunta, não sei identificar se seu tom é de brincadeira ou tédio.

— Sim, me chamo Emily — é tudo o que consigo dizer e a péssima identidade falsa se mostra ainda mais nítida para mim.

— Ótimo, uma nova pessoa para a equipe – sorri para a recepcionista, que está registrando os meus dados em uma rápida digitação no teclado do computador. – Para qual cargo foi selecionada?

— Serei ajudante de uma mulher chamada Isabelle Monther – estranho a troca de sorriso entre a recepcionista e a mulher de preto.

— Pensei que a assistente da Isabelle fosse a senhorita Layla Oliveira — ela parece um pouco pensativa.

— Aparentemente, ela foi desligada do sistema, aí abriu a vaga e aqui estou eu — começo a me sentir mais firme ao falar.

— Hum, entendi... — ela encara algum ponto além de mim.

A Última Vampira (2ª ed.) - Coleção A.U.V.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora