CAP. 8 - UMA NOVA MISSÃO

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Um mês depois...

EMILY

Os dias passaram de uma forma estranha e complexa. Tudo pareceu ganhar um ar de tranquilidade que não deveria existir, Isabelle parecia sempre adiar o dia em que me mataria e isso tornava tudo mais confuso. Depois daquela noite, precisei encontrar alguém para falsificar alguns dos documentos que ficaram faltando no meu registro dentro da RDIC. O que me possibilitou realizar mais essa ação foi a ausência de dados mais sólidos sobre a minha existência desse lado do oceano.

Até o momento, esse mundo é dividido basicamente em duas partes, como uma linha que divide dois hemisférios. A minha família, seguindo uma lógica extrema de proteção e medo, eu diria, resolveu ocultar a minha existência até mesmo entre partes do nosso hemisfério, onde estão os Quatro Reinos. Criar uma nova realidade desse lado do mundo é como desenvolver uma nova vida.

No trabalho, Isabelle se tornou mais próxima e conseguia vê-la com uma grande frequência. Saí do Reino do Leste com um objetivo, mas ele parecia ficar em uma corda bamba quando me questionava o real significado de liberdade para mim.

Nas três primeiras semanas, dormi pensando em pontos fracos da vampira para que eu conseguisse matá-la. Contudo, se liberdade significaria escapar daquele casamento e poder ficar longe dos planos monárquicos da minha família, que ocultava a minha existência, já estou fazendo isso. Por conta disso, nas últimas noites, os meus pensamentos antes de dormir se concentram em como apenas me manter viva e permanecer nesse lado do mundo.

Na RDIC, Isabelle não desistiu de encontrar Layla, sua busca até costumava ultrapassar as 24h, entrando em plantões. Se tornou comum ver a vampira batendo sua porta com força ou mesmo nem saindo daquela sala. As investigações dos homicídios foram arquivadas. O nosso contato só não se distanciou, pois ela vinha em minha sala pedir dados e me mandava fazer preenchimentos, checagens e sustentar relações com outros países deste hemisfério. Mesmo em outra sala, conseguia ouvir sua voz alterada em telefonemas quando não conseguia informações que lhe ajudassem em sua busca. Tudo isso me deixou ainda mais curiosa sobre o que a assistente anterior pode ter descoberto para conseguir se esconder tão bem.

Com o contato mais próximo, consegui perceber alguns costumes da vampira e ela sentia minha observação. A RDIC nunca parava, funcionava o tempo inteiro com revezamento de agentes. A rede de contatos da agência é muito grande e ter feito a relação com um ex-namorado dos laboratórios do Reino do Sul parece ter acalmado a cabeça de Isabelle sobre como consegui encontrar essa organização. Em locais com colegas de trabalho, a vampira fingia se alimentar, mas passou a reservar bolsas de sangue em sua sala desde que deixou de caçar, para prosseguir com sua investigação.

Na última semana, a minha carga de trabalho aumentou. Passei a entrar em contato com outras áreas da RDIC e descobri que eles também trabalham na área de transportes, de saúde e possuem algumas atuações em setores bancários. Não se trata apenas de uma Rede de investigações, é algo ainda maior. Isabelle parece querer ficar apenas em um ramo de uma rede de conexões gigantes. Precisei começar a lidar com eventos, acompanhar investimentos e deixei de ser uma "simples assistente". A sensação de reconhecimento de outras pessoas me agradava. Conseguir entrar é talvez nunca conseguir sair e acredito que por essa razão eles descarregam tantos dados mesmo em funcionários novatos.

Fui convocada para uma reunião com os diretores gerais da RDIC e aqui estou. Não há mais ninguém na sala, apenas uma longa mesa branca à qual estou apoiada. A decoração é séria e sem detalhes, como quase tudo nesse lugar, com tons neutros e frios. Os diretores tornaram ainda mais nítida a complexidade disso. A sigla "RDIC" designa apenas o setor onde Isabelle trabalha, a área de criminologia e investigação, ele é dirigido por 3 pessoas, assim como os outros 4 setores.

A Última Vampira (2ª ed.) - Coleção A.U.V.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora