CAP. 31 - CONTROLE MENTAL

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ISABELLE

— As fadas me informaram de sua chegada — sua voz é controladamente formal. Luana observa Layla, no chão.

— Onde está Emily? — me mantenho firme.

— Foi para os Quatro Reinos e uma grande guerra se aproxima — sua fala é um tanto distante, o olhar ainda em Layla.

A celestial observou a mulher até que a outra voltou mais à consciência. De algum modo, olhar para Luana tirou o vazio do olhar de Layla. Ela se levantou e se colocou ao meu lado, tocando levemente o meu ombro. Mas o que...

— Com licença — Layla diz. — Mas o que eram aquelas coisas? — seus olhos apontam na direção das criaturas demoníacas.

Luana observa Layla novamente, como se soubesse algo a seu respeito, isso me incomoda. Sua postura, seus olhos, suas asas, sua voz e suas palavras... Cada mínimo detalhe parece diferente. Totalmente longe daquela que se colocou na frente de Emily ou que a levou embora. Há algo errado e ela sabe que já percebi.

— Fique longe, Layla! — digo, empurrando Layla para trás.

A celestial me olha, há uma profundidade em seus olhos, que lentamente começam a ficar pretos. Meu corpo é engolido por uma sensação de queda constante, um abismo em minha própria cabeça.

— Consegue sentir a diferença? — a voz de Luana está com um tom diferente.

Não consigo entender ou explicar o que há em meus pensamentos, tudo está embaralhado e a sensação de queda se torna uma tontura intensa. Em segundos caio com um joelho no chão e me apoio em minha mão, não consigo ficar de pé. Ouço um som seco e vejo o corpo da celestial despencando. Ela bate os joelhos com força na terra firma e vomita, sua forma celestial desaparecendo lentamente.

— Que porra é essa? — a encaro, séria.

— Estou conseguindo controlar as fadas — a forma humana de Luana fica ainda mais aparente, sua voz volta ao normal. Controlar as fadas? Olho em volta, em busca de mais criaturas. — Olha... — a jovem mulher se levanta e limpa a boca, cuspindo um pouco em seguida. Seus olhos voltam à cor de sempre. — Aconteceram muitas coisas, precisamos encontrar Emily — seus olhos me observam. — Enviá-la para os Quatro Reinos não foi a melhor ideia, ela está correndo perigo. A Fterotós não vai te caçar — se aproxima um pouco. — E eles vão caçar a Emily para alcançar os Quatro Reinos.

Uma chave gira em minha cabeça e meus pensamentos retornam ao lugar na medida em que me levanto, a tontura desaparecendo. Recordo do interesse súbito de Cassandra em enviar Emily para o DEE. Isso deveria ter sido óbvio, eles a querem não apenas como um estudo de caso único, a querem como uma porta de entrada para todos os outros lobos. Dessa maneira, controlariam o outro lado do oceano.

— Você vai se tornar uma daquelas coisas? — a voz de Layla me faz voltar ainda mais à realidade, eu a trouxe comigo. Arrependo-me outra vez. Sua mão está apontando na direção das criaturas que nos atacaram.

— Não — Luana responde, rindo um pouco. — Pode me dar a pedra que está com você?

— Não tenho pedra nenhuma — a resposta é rápida.

— A energia das fadas está se canalizando na pedra no momento, por isso estou conseguindo sair do controle mental. A energia celestial barra influências mentais — isso me lembra o fato de Layla não ter sido hipnotizada. — Antes de chegar aqui, minha própria energia estava confrontando a energia feérica, mas com a chegada de outra fonte de energia...

— Você se libertou — a voz de Layla é baixa.

— Que controle mental é esse? — retomo minha postura.

A Última Vampira (2ª ed.) - Coleção A.U.V.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora