Hoje é dia de visita e sabia que aquele libertino estaria aqui para ver sua filha, ou era o que eu achava. Ainda não acreditava que Heitor Bravo é pai, ou pior, engravidou uma mulher como aquela que nem sequer quis alimentar o bebê depois do parto.
Se dependesse de mim colocaria aquela sem escrúpulos para fora do meu hospital, mas por mais mesquinhos e nojentos que sejam alguns dos pacientes, são pessoas como eu e seria totalmente deselegante e desumano da minha parte, se bem que eu acho que ele engravidaria uma mulher como aquela. Com certeza não.
Sei que sou muito mais que isso. Mesmo que as vezes eu seja contra a minha própria razão. Mas não é o momento certo para pensar nisso.
Hoje faria plantão com alguns dos outros funcionários. Meu dia hoje foi completamente exaustivo, graças a Deus atendi diversos pacientes.
Depois do horário de almoço fui direto para ala oncológica pediátrica ver alguns dos meus pequeninos. De todo meu trabalho o que mais confortava meus dias estressantes é ver aqueles rostinho lindos com um sorriso encantador.
A vida as vezes realmente é injusta. Aquelas crianças estavam completamente doentes, faziam tratamentos precoce com oitenta por cento de cura que as vezes não funcionava e mesmo assim eram sorridentes e alegres. Sempre mantiam um sorriso genuíno em seus rostos. Diferente de muitos adultos que tem a saúde completamente boa e vivem reclamando da vida por problemas medíocres. Essas crianças são um exemplo para muitas outras pessoas.
Caminhei calmamente até a ala oncológica e quando cheguei na porta do quarto das crianças vi Ramón sendo pintado de tinta amarela por Carlinhos, Tereza, Mário e Louis enquanto as outras crianças brincavam com outros brinquedos ou conversavam com seus coleguinhas. Cruzei os braços e passei a admirar aquela cena. Ramón trabalhava comigo desde o princípio e continuou até hoje firme e forte.
Sua desenvoltura era de impressionar deusas. Não podia negar que Ramón era um homem lindo, até demais. Mas somos apenas amigos e mesmo assim não posso confudir nossa amizade, até porque mesmo com suas investidas eu não conseguia sentir sequer algo por ele que não fosse um carinho de amigos. Mesmo que todo seu físico afetasse algumas partes do meu corpo, algumas vezes. Só algumas vezes.
Já me vi diversas vezes admirando a beleza de Ramón, a pele alva como a neve, não fazia o estilo malhado mas tinha o corpo em forma como de um atleta, os cabelos de um castanho claro perfeito. Seus olhos tinha uma íris perfeita, tão claro quanto o mel, fazia um contraste equilibrado com a barba bem feita. Ramón era realmente um homem muito lindo, era educado e sabia exatamente como tratar uma mulher. Como diz as enfermeiras ele é o sonho de consumo delas. Mas uma de suas qualidades é que ele não se envolve com as mulheres daqui. Pelo menos que eu saiba.
Como faíscas seus olhos encontraram o meu e vi seu sorriso branco brotar no seu rosto. Ele disse algo para as crianças e depois veio até mim.
-Pensei que não fosse passar aqui.-depositou um beijo na minha bochecha esquerda.-Já almoçou? Estava pensando ir até um restaurante aqui perto que abriu a pouco tempo. O que acha?.-sorriu de lado.
-Eu já almocei.-disse já sentindo meu estômago roncar novamente. Que traiçoeiro.-Mas acho que tenho uma hora livre.-olhei para meu relógio de pulso. Não está no seu horário de trabalho?.-arquiei a sombracelha.
-Tem bastante socorristas trabalhando agora. Temos o nosso horário de almoço, não temos chefe? Mas acho que você está novamente tentando fugir de um encontro comigo Srta. Becker.
-Um encontro de uma hora apenas? Você não vai conseguir me surpreender em uma hora Sr. Bezzonati.-brinco.
-Dê-me uma chance e verá que está enganada.
Sabia que ele iria insistir até que eu aceitasse. Mas não custa nada aceitar.
-Tudo bem. Mas sem mãos bobas ou gracinhas. Se tentar alguma coisa eu juro que você vai apanhar, e muito.-apontei o dedo indicador para seu rosto, que no gesto carinhoso dele beijou delicadamente.
