Mais um dia de trabalho e novamente não consegui pregar os olhos no pouco tempo que tive antes do despertador tocar alto no quarto.
Acordei com o mesmo mau humor que fazia parte das minhas manhãs, não quis demorar demais então, levantei e fui tomar um banho quente já que do lado de fora chuvia forte e acreditava que a água poderia estar fria. Quando terminei meu banho, sequei meu cabelo e o penteei com uma escova. Já decidia qual terno usaria hoje para representar meu humor. Vestido com uma cueca branca, peguei a calça social preta e vestir calmamente abotoando o cinto logo em seguida. Meus sapatos italianos era sempre os mesmos modelos, não gostava de renovar. Eram os meus queridinhos. Logo estava com as meias pretas e os sapatos sociais que tinha uma abotuadura com minhas iniciais. Peguei meu controle e apertei o botão que abriria meu closet de blusas sociais. Optei por usar uma preta fosco sem muito detalhes. Na gaveta ao lado estava minhas gravatas, separadas todas por cores. Fui nas mais escuras e uma azul turquesa chamou minha atenção. Por último estava meu palitó também na cor preto. Olhei-me no espelho apto a mudar mas desistir não teria tempo de trocar de roupa. Voltei para dentro do espaçoso closet e na última gaveta do lado esquerdo estava todos os meus relógios e coloquei um rolex dourado. Passei meu perfume e sai do quarto. Na sala encontrei Nana conversando com Xavier sobre alguma coisa que por sua feição mostrava que não era coisa boa. Pigarrei chamando a atenção deles que se assustaram com minha presença. Me aproximei de Nana depositando o mesmo beijo que lhe dava todas as manhãs na sua testa.
-Bom dia Nana. O carro está pronto Xavier?.-procuro por minha maleta que estavam alguns papéis importantes.
-Sim Heitor e sua maleta já esta no carro.-Xavier suspirou.-Precisamos falar com o senhor.
Vejo Nana ficar tensa e olho esperando alguma reação dela, mas sua única reação é baixar a cabeça envergonhada.
-O que está acontecendo?.-meu tom de voz foi tão rígida que parece que briguei com eles.
-Niño, Caroline voltou.-Nana sussurrou no fio de voz.
-E qual o problema dela voltar?.-olhei de Xavier para Nana.
-Ela não voltou sozinha.-completou Xavier.-Caroline está grávida.
Assustei-me com aquela afirmação, pois sabia que Caroline era uma mulher caprichosa e que adorava beber e usar drogas. Isso poderia fazer mal aquela criança que não tinha culpa de nada. Fora que provavelmente tinha toda certeza de que engravidou de um vagabundo. Fazia bem o estilo dela.
-Ela quer tirar, mas eu disse para não fazer. Ela não me ouve. É cabeça dura e teimosa. Não posso cuidar dessa criança. Sou velha e trabalho a maior parte do tempo aqui. O dinheiro que nos dar paga nossas contas e sempre sobra bastante para comer e termos nosso lazer, mas não tem como pagar alguém para cuidar e nem as coisas apropriadas para esse bebê. Isso é demais. O senhor paga muito bem, mas meu dinheiro guardo para quando Xavier e eu quisermos nos aposentar, precisaremos dele mais tarde.-Nana já chorava desesperadamente, borrando sua maquiagem simples.
-Eu tenho que ir trabalhar, mas no horário de almoço, virei para casa e diga para Caroline que quero falar com ela e que esteja aqui se não quiser que eu a pegue a força como um neandertal.
-Não quero que esse assunto seja um problema para você, Heitor. Ela é nossa filha, mas não merece ajuda de ninguém.-disse Xavier.
-Vocês não são um problema e eu não vou ajudar. Tenho uma solução e saberão quando eu voltar. Agora vamos Xavier.
