Fiquei alguns segundos analisando, ele não é uma companhia tão ruim e bem não vou fazer nada hoje. É exatamente o que estou buscando, algo para fazer.

- Victória? Terra chamando. - chamou minha atenção.

- Voltei. Quero dizer, estou aqui! - falei rapidamente e ele riu. - Tudo bem, eu saio com você, porém...

- Mulheres sempre tem um porém, diga.

- Nós vamos a uma lanchonete que eu conheço.

- Seu desejo é uma ordem. Que horas posso te buscar? - senti novamente uma certa alteração em seu tom de voz.

- Às oito, pode ser?

- Claro que sim. Até mais tarde então. - se despediu.

- Tchau. - desliguei.

Não achei que ele quisesse mesmo sair comigo, afinal ele estava claramente "alterado" na noite passada. Bêbados não costumam esquecer o que fizeram na noite em questão? Ah, não sei, nunca ingeri álcool, muito menos fiquei bêbada e não pretendo.

Não vejo nada demais em sair com ele, temos amigos em comum é normal que em certo momento nós fôssemos nós relacionar.

Decidi não ir mais a padaria e sim ficar em casa, se eu fosse teria de voltar mais cedo já que meus pais fecham às sete da noite, assim evito me atrasar e ter de explicar para minha mãe que não é um encontro romântico, muito pelo contrário.

Fechei o portão e voltei para dentro, liguei a TV... Quando bati os olhos no relógio eram quase quatro e meia da tarde. Pouco tempo depois minha mãe me ligou preocupada.

- Onde você está? Aconteceu alguma coisa? - continuou.

- Não mãe, eu perdi a vontade de ir até aí.

- Por quê? Você me deixou aflita, poderia ter ligado. - me repreendeu.

Ela não parecia mais "desesperada" agora estava meio irritada.

- Um amigo me chamou para sair, então achei melhor ficar aqui. Me desculpa, mãe, não queria te preocupar.

- Um amigo? Ficou para poder se arrumar, não é? - já era de se imaginar que ela insinuaria algo. - Não tem problema, meu anjo. Quer que eu vá para te ajudar a decidir o que vestir?

- Mãe, você sabe que não costumo ter grande dúvidas em relação ao que vestir, né?

- Ah, é verdade. - riu. - Mas eu vou mesmo assim! Chego em alguns minutos!

- Não precisa mãe...

Desligou!

Não podia fazer nada para impedir porque como Maria, minha mãe também não volta atrás em qualquer decisão, deve ser por isto que são tão próximas. Há muito em comum.

(...)

Após ter tomado meu banho, fui para meu quarto, óbviamente para me vestir. Minha mãe havia chegado demonstrando animação anormal, lhe contei que Samuel que tinha me convidado para comermos, fiz questão de enfatizar o fato de que não há segundas intenções.

Vesti uma calça jeans escura, uma regata clara e por cima dela uma blusa quadriculada, fui secar o cabelo, decidi por fazer um "rabo de cavalo" meio frouxo.

- Que linda! - minha mãe invadiu o quarto.

- Estou tão simples, mãe, não tem como estar linda assim. - ri.

- Você é a prova que sim, há como ficar bonita sendo simples. - se aproximou colocando suas mãos em meu ombro.

- Você é a melhor mãe do mundo. - abri um sorriso largo.

Duas VidasWhere stories live. Discover now