Vazio.

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Helena ponto de vista:

Vazio.
Essa é a palavra.
Ela representa nada, mas significa tudo.
Tudo foi vazio para mim hoje.
Eu acordei em um carro, com meus professores de filosofia e história nos bancos da frente, e minha antiga amiga de infância próxima a mim.
Eu estava dormindo no ombro de Hayley, foi constrangedor acordar e olhar para o rosto dela para comprovar que tudo que aconteceu foi verdade.
Eu também tive um sono sem sonhos, sim, pela primeira vez, não havia mulher com bebê, tudo o que tive no meu subconsciente foi a escuridão.
Tão vazio quanto meu sono, foi meu passeio "amistoso". Cinco pessoas em um carro, mas eu me senti tão sozinha quanto um gato de rua.
Não me restou muita coisa a fazer, a não ser olhar a paisagem melancólica da chuva que batia no carro, provavelmente saindo de Nova Iorque.
Não sei como cheguei aqui, nem quem são essas pessoas, que com certeza não são professores... e como Hayley saiu do sul da Califórnia?!
Não sei onde estou indo, se estou segura, por que vi o que vi, nem como Lyra faz parte disso.
E apesar dessas perguntas cruciais, que com certeza responderiam muito... Eu não conseguia, não saiu nenhum som da minha boca, ela apenas permaneceu fechada.
Não haviam palavras para serem ditas, nenhum grito a ser solto.
Eu sentia Hayley olhar para mim, de vez enquanto, ela parava fixamente e depois mudava seu olhar para a janela.
Ninguém falou, até Lyra permaneceu calada em seu canto, provavelmente ainda não certa do que perguntar, talvez as perguntas fossem tantas, que ela não saberia qual perguntar primeiro.
— Onde estão nos levando? — A voz de Lyra não passou de um sussurro, talvez fosse a melhor pergunta para agora.
Sr. Hastings, que está no volante, olhou pelo espelho retrovisor, mas ele não estava olhando para Lyra, mas sim para mim, com seus olhos verdes, quase âmbar.
— Para um lugar seguro, eu sei que parece estar confuso, mas vai ficar tudo bem — Ele falou, com os olhos em mim.
— E meus pais?! O que vai acontecer quando eles não me acharem?! Vocês têm que me deixar ir! Minha mãe vai enlouquecer! — Lyra implorou.
Srta. Blanchard se virou para trás, pegou as mãos dela e acariciou seu cabelo.
— Eu sei, querida, eu já conversei com eles, tem coisas que eles não queriam que você soubesse, mas agora não podem mais controlar isso, tudo o que você viu tem uma resposta, se você quiser, assim que chegarmos ao nosso destino, arrumo um jeito de você falar com seus pais — Sua voz era calma e suave, Srta. Blanchard parecia outra pessoa ou ela é grossa apenas comigo?!
Não sei por que, mas ao olhar aquela cena, uma lágrima desceu por minha bochecha, ver aquele conforto que eu tanto queria, me faz lembrar dos meus pais mortos.
Senti uma mão áspera pegar a minha, foi a mão irreconhecível de Hayley, quantas coisas ela já não deve ter passado enquanto eu estive fora?! Olhei aqueles olhos negros, por um momento, pude ver minha alma neles, gritando, implorando que alguém a carregue.
Eu arranquei meu olhar de Hayley o mais rápido que pude, parecia que eu estava caindo em um abismo.
— Essa é uma atribuição por ser filha de Hades, eu consigo mostrar para as pessoas os desesperos mais profundos — A menina de cabelos negros sussurrou no meu ouvido.
— O quê? Como em Hades o Deus do inferno?! — Eu perguntei, sem coragem de olhar nos olhos dela.
— O termo politicamente correto é submundo, mas meu pai tem tantos nomes que não sei mais qual é o correto... — Ela disse tão simplesmente que eu fiquei surpreendentemente tranquila.
— Se você tivesse me contado isso ontem, eu provavelmente teria começado a rir da sua cara... Mas como a um pouco menos de 8 horas eu quase fui morta por um cachorro bem grande... nada mais me surpreende — Eu falei, como se esquecesse completamente que tinha mais alguém além de nós no carro.
— O nome é cão infernal — Sr. Hastings corrigiu, com um semblante sério.
— Ah sim... como eu poderia ter esquecido — A minha voz sarcástica claramente irritou Srta. Blanchard.
— Isso não é brincadeira, criança! E pensar que tudo depende de uma menina insolente... — Minha professora revirou os olhos.
— Você não me conhece, não têm que tirar conclusões precipitadas sobre mim! Então invés de ficar pegando no meu pé, como você tem feito assim que botou os olhos em mim, cuide do seu próprio umbigo, seja você quem for! — Digo seriamente, olhando para ela com fúria.
Ela me olhou fixamente, depois se virou para a estrada.
Qualquer que seja o meu destino... eu rezo, sinceramente rezo, para que não seja morta em uma armadilha grega.
— Meus pais... quem eles eram?! — Eu perguntei, depois de um momento de tensão.
— Eles eram incríveis — Extraordinariamente, foi Blanchard que respondeu, com a voz arrastada.
— O que eles eram?! — Mudei minha pergunta.
— Você precisa saber de tudo, Helena... Mas, não agora, não somos os certos... — O professor falou — Haja o que houver, eles vão ser sempre seus pais.
Eu olhei para ele, tentando interpretar o que disse... como assim "haja o que houver"?! Eles são meus pais... eles são meus... eles...
— Eles são meus pais? — Perguntei.
Os dois adultos se entreolharam e eu não gostei de jeito nenhum do que isso significava...
Quando não recebi nenhuma resposta, falei novamente:
— Eles não são meus pais.
Sim, foi uma afirmação.

Eu sei que demorou muito tempo... mas acredite... estudo em uma escola integral, o tempo não é muito o meu melhor amigo.😂
Desculpem por ser tão pequeno, espero que tenham gostado.😊

Helena - A Filha Do Mar E Da Sabedoria (Reescrevendo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora