A escola e sua... nova professora?!

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Helena Ponto de Vista:

Começou com um murmúrio, o som doce da melodia de uma canção de ninar, depois o murmúrio se transformou em uma voz feminina que agora cantava as palavras de uma música triste, mas o sentimento que escorria pelos lábios da mulher deixaram-na bonita.
— Eu venho procurando por um caminho para seguir novamente, me leve de volta a noite que nos conhecemos — A voz embargada encheu minha mente — Quando a noite estava cheia de terrores
e seus olhos estavam cheios de lágrimas, quando você não tinha me tocado ainda, Oh, leve-me de volta para a noite que nos conhecemos.
Era como uma súplica, a voz continuava cantando, mas meus olhos estavam cegos, eu só podia ver o escuro e sentir um calor reconfortante me abraçando... Era bom, me fazia sentir em casa.
E por um momento eu consegui...

Helena, vamos! Você vai se atrasar! — A voz da minha mãe encheu o quarto.
Eu levantei meio grogue da cama, meu cabelo estava em toda parte e posso imaginar a minha cara de bunda agora.
— Tó... — bocejo — Indo.
Usei as duas mãos para afastar o cabelo do rosto e olhei fixamente para a parede... ela sempre foi tão branca assim?!
Tomei coragem e fui até o closet, vestir qualquer coisa que me faça parecer o mais normal possível, isso significa que uma calça jeans rasgada e uma camisa larga cairiam bem.
Mas como eu sou do contra e não importa quantas coisas idiotas eu tenho que fazer para parecer uma adolescente normal... eu não conseguia.
É sério, eu poderia escrever um monte de hipocrisia na internet, stalkear um sucesso teen atual ou até mesmo agir como uma vaca com outras pessoas... eu simplesmente não conseguia me encaixar no mundo adolescente.
O que é extremamente "preocupante" para qualquer pessoa que queira me conhecer.
Mas sabe, eu não vejo sentido nisso, não sou o tipo de pessoa que pra socializar precisa trocar de personalidade, eu poderia muito bem agir feitos os adolescentes perdidos que encontrei em algumas das minhas viagens ao redor do país, e acredite, conheci muita gente barra pesada em Detroit, gente que pensa que droga é diversão, como se ela fosse uma forma de desafiar os adultos e a autoridade, até hoje me pergunto qual era o problema deles, será que não conseguiam ver que eles acabariam morrendo sozinhos?! Acho que quanto tudo que você quer é ser amado... qualquer coisa vale.
Enfim, uma saia cintura alta azul escuro até os joelhos, um cinto marrom, camisa branca de mangas e um salto pequeno preto, foi o que eu escolhi.
Isso realmente não era o conceito de "normal" para a adolescência de hoje, provavelmente vão me olhar estranho e pensar de qual reino eu saí! Sim, reino... na minha última escola, com poucos meses que passei lá, me chamavam de princesinha, pararam quando comecei a andar com Hayley.
Eu odiava o apelido, não combina em nada comigo, até por quer eles nunca me viram chutar a bolas do Sean McCall na sexta série depois de ele ter quebrado meu projeto de ciências. É meus amigos, não acreditem quando falam que você é o que você veste, por que se fosse assim, eu andaria com uma blusa do Nirvana, shorts curtos e botas de cowboy.
Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e desci para o café da manhã.
— Você viu as precedências da escola?! — Ouvi a voz da minha mãe enquanto eu adentrava calmamente a cozinha — Será que ela vai mesmo estar segura lá?! — A preocupação era evidente na voz dela.
— Mãe, é só uma escola! A pior coisa que pode acontecer comigo é bullying — Minha voz saiu arrastada, não entendo tanta preocupação, é só uma escola como qualquer outra das 17 em que já estive.
Mamãe deu um pulo da cadeira onde estava sentada e fechou os olhos.
— Deuses, rogo para que Helena não me mate de susto um dia — Orou.
Eu acho que irritei ela um pouquinho.
— Desculpe, mãe... — Me sento junto ao meu pai, ainda esperando o drama da mamãe passar.
Ela lançou um brilho mortal em mim e depois voltou a sentar na cadeira.
— Eu estava falando com seu pai sobre a escola — Ela começou — E eu não acho que você deva sair agora.
Okay, agora é ela que tá me matando de susto.
— Mãe, você tá doente...? — Eu tinha que perguntar cautelosamente, o mundo nunca iria querer descobrir como é minha mãe com raiva.
— Não, Helena, eu não estou doente... Apenas acho que é muito cedo para você voltar a escola, vamos lá, você acabou de chegar aqui e não tenho certeza se seu pai olhou bem por lá — Ela enrugou um pouco a testa e colocou o cabelo atrás da orelha, ela estava mentindo.
— Digamos que seja isso mesmo — Ela foi rápida em levantar as sobrancelhas — Eu particularmente não vejo motivos para não ir, estou bem e mesmo assim, foi você que me acordou aos berros pra eu ir pra escola, lembra?!
Isso pareceu calá-la, então ela simplesmente levantou da cadeira e colocou na minha frente um prato com ovos e bacon.
— Se você tem certeza, então não posso fazer nada — Depois, atirou um olhar venenoso para meu pai — Coma que SEU pai vai lhe deixar na escola.
Papai que estava calado, foi rápido em colocar seu ponto na história.
— Mas eu tenho que ir para The Met em 40 minutos! — As sobrancelhas dele quase tocaram seus cabelos.
— Então apresse-se, tenho que terminar de arrumar a casa! Além disso, quem vai estar aqui quando o pessoal da decoração chegar?! — Mamãe diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Vamos lá, querida... Só dessa vez... — Papai estava praticamente implorando.
— Você que escolheu uma escola 30 minutos longe de casa — Ela apontou um dedo para o relógio — A hora tá passando, ela não pode chegar atrasada — Piscou o olho pra ele e em seguida desfilou até o segundo andar.
Papai bufou e depois me encarou, como se quisesse algum tipo de solução.
— Hey, pai, não olha pra mim, você que casou com ela! — Levantei as mãos com um sorriso culpado no rosto.
Ele grunhiu e se levantou para tirar o carro.

Helena - A Filha Do Mar E Da Sabedoria (Reescrevendo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora