Respirei fundo e depois bebi mais sumo. A mão da minha mãe passava pelo meu cabelo, costas, braço, numa tentativa de me confortar. A mulher dizia que eu tinha tempo e que demorasse o que precisasse, mas o que eu precisava era de acabar com tudo de uma vez por todas. Mais um suspiro e continuei.

-Ele levou-me para o mesmo sítio do ano anterior. Tentei fugir, eu juro que sim. Gritei tão alto, esperneei. Foi quando ele menos esperou que lhe dei um murro, mesmo por baixo do olho. 

-Deste-lhe um murro?-perguntou anotando no seu caderno.

-Sim. Fugi nessa altura, mas ele voltou a apanhar-me. Agarrou em mim e foi mais violento. Depois quase bloqueei e só me lembro de ver o Shawn a chegar e a ajudar-me. Eles andaram à bulha, o Shawn acabou por ter o apoio dos meus irmãos. Se não fossem eles...- disse com cada vez mias lágrimas a caírem.

-Savannah, preciso que sejas mais específica. Ouve algum contact sexual'- perguntou séria

-Ele não me chegou a tirar as cuecas ou a fazer nada que envolvesse penetração...-disse

-Mas tocou-te?-perguntou mais uma vez olhando-me nos olhos, o que me fez chorar convulsivamente enquanto assentia. 

A entrevista acabou ali, comigo deitada no sofá, a chorar e a minha mãe a falar com a agente. 

-Vamos ter que levar a Savannah e os rapazes ao hospital para retirarmos amostras de ADN que achamos que eles têm do Samuel Matos. Podem vir logo para casa depois. -disse ela

-Posso levá-los?- perguntou a minha mãe preocupada

-Sim, claro. - respondeu a agente.- Vamos?- perguntou. 

Shawn POV

-Olá.- disse secamente o agente da polícia que entrava na sala onde eu estava sozinho. 

-Olá- respondi

-Como sabes vamos ter que falar contigo, e como és menor temos que ter um dos teus pais aqui. Sendo que não tens nenhum, o senhor Daniel fará de teu tutor. -disse o agente e eu apenas assenti.

Nunca tinha sido interrogado pela polícia, especialmente nestas horríveis circunstâncias. Ele escreveu alguma coisa num bloco de notas e eu fiquei a olhar para ele e para  Daniel que estava comigo, sentado ao meu lado no sofá da sala de jantar. Conseguia ouvir a voz fraca da Savannah na outra sala e por vezes um soluço ou outro. Nem queria imaginar o que seria reviver tudo de novo.

-Muito bem. Já conhecia Samuel Matos?- começou o polícia

-Sim. Mias ou menos. Eu sabia quem ele era porque a Savannah me contou o que aconteceu entre eles os dois no ano passado. Mas já tinha falado com ele. -respondi. Mias rabiscos no caderno pequeno, sem assentir, sem olhar para mim. 

-Tinha conhecimento que o Samuel estaria neste local hoje?- perguntou

-Não. Ele não foi convidado.-respondi secamente. Dois podem jogar este jogo.

-Foi o primeiro a chegar ao local do crime estou correto?-perguntou mais uma vez e eu apenas acenei.- Pode então dizer o que aconteceu? preciso que seja o mais detalhado possível.

-Então, eu sabia que ele tinha chegado à festa porque a amiga da Savannah me disse. Procuramos tanto a Savannah como o Sam por todo o lado, até que me lembrei do que ela me contou do seu aniversário o ano passado e como ele a tinha levado para o ribeiro para lhe fazer o que fez hoje. Corri o mais que pude. Quando cheguei, vi a Savannah, deitada no chão, ele por cima. De costas consegui apanhá-lo de surpresa. Pouco tempo depois chegaram os outros rapazes.

-Quando é que pararam de bater ao Samuel?-perguntou

-Quando parou de oferecer resistência. - assumi

-Muito bem, com o que o menino, os rapazes e a vítima disseram, penso que temos um caso credível.- afirmou o agente, virando-se para Daniel. -Mas preparem-se, porque é possível que ele vos acuse de violência, mas acho pouco provável acontecer alguma coisa...- terminou levatando-se.

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Chegamos do hospital, ver a cara da Savannah, ainda aterrorizada, ainda em choque, fez com que me sentisse mal comigo proprio. Eu devia ter estado com ela, devia ter ido ter com as tias chatas, com os beijinhos e abraços da família. Devia ter estado com ela. Os sentimentos de remorso v~em ao de cima. Eu sou o culpado. Ele ficou irritado desde o ínicio porque eu estava cá.  

Subi lentamente para o andar de cima, esta noite parecia nunca mais acabar. Todos tinham expressões duras na cara, o choque estava presente em todos e o ar estava cheio de dor, medo. Eu sentia-o. A Savannah dirigiu-se para a casa de banho para poder tomar um duche. Consegui ouvi-la chorar ao de leve, o que me deixou ainda mias preocupado. Entrei no quarto, esperando que ela decidisse aparecer para dormir. A Kika percebeu o plano e foi dormir para o meu quarto, deixando-me no meio das suas coisas. 

Andei pelo quarto como se nunca lá tivesse estado, como se nunca tivesse dormido na cama suave com a Savannah. Mas a verdade, é que nunca tinha visto o quarto dela a 100%. O quarto do Logan era azul bebé, tinha fotos dele e dos irmãos. Já o quarto da Savannah era em tons de rosa claro, bordado a rosa também estava o nome dela emoldurado junto de fotos dela em bebé. Via-se perfeitamente que era ela. As bochechas cor de rosa, os olhos castanhos sempre tão escuros e tão grandes. o sorriso era o mesmo, com apenas uma covinha, algo adorável. Toquei na moldura, como se pudesse sentir a sua pele macia, como se a Savannah ainda fosse criança, como se eu a conhecera. Mas mesmo não tendo conhecido, eu sentia que ela sempre estivera presente. 

A porta bateu.

Com a toalha na mão, o pijama vestido, o cabelo ainda ligeiramente molhado, a Savannah apareceu. Largou a toalha no meio do chão e veio para os meus braços. Envolvi-a no abraço mais intenso que já lhe dei, desejei que ela se sentisse protegida, o bater do meu coração sentia-se na sua cara delicada, o seu coração batia contra o meu torso, rápido lento, irregular, tal como as suas emoções. E na infinidade que durou aquele abraço, não precisei de ouvir nada, de dizer nada para perceber o que ela sentia, para a apertar mais, para lhe dar mais conforto, para lhe dar mais confiança. 

-Vamos dormir?-fui a única coisa que eu disse, depois do que pareceu horas, mas na verdade devem ter sido meros minutos. 

Ela acenou. Ela precisava de esquecer, ela precisava de descansar. Depois de limpar a sujidade que o seu corpo tinha, as memórias que a sua pele recusava apagar, que as feridas marcadas não permitiam esquecer, ela precisava de algo mais. precisava de, em vez de esquecer as imagens que lhe passam frequentemente pela cabeça, precisava de as apagar, de as superar. E eu estava aqui mesmo para isso. só espero, que seja tempo suficiente, porque a contagem decrescente para voltar já começa, e não sei se terei força para abrir os meus braços que estão a sua volta, para a deixar escapar. 

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olá! Espero que tenham gostado, eu prometo que vou tentar escrever mais rápido. Agora,temos algumas coisas para falar. 

1. Queria pedir que escrevessem mais comentários! Quero ouvir as vossas opiniões, o que acham que vai ser o final? O que acham que vai acontecer? Críticas construtivas, mensagens sobre o que pode melhorar, etc.... eu respondo sempre! 

2. O SHAWN VEM A PORTUGAL. Finalmente, passado DEMASIADO tempo, ele vem, e eu estou mais do que feliz! Em princípio devo ir ao concerto com umas amigas, se arranjarmos bilhete e eu estou mesmo no céu! Como é que reagiram? O que acham? 

Enfim, espero que tenham um ótimo dia! Muitos beijinhos

Mafalda xx


Summer with you -Shawn Mendes (A EDITAR)Where stories live. Discover now