EPÍLOGO

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   Um mês depois....

   Perde-se pelo caminho da vida se mostrou tão fácil para mim...

   Para Júlio....

   Um mês já se passou desde do terror e alívio daquela noite. Um mês para pensar e repensar sobre como a vida é uma coisa frágil que, ao um piscar de olhos, se vai e perde-se sem chance de volta.

   As coisas daquela noite me mudaram e me moldaram uma pessoa diferente.

   Eu sei disso.

   Eu sinto isso.

   Elas me mudaram, mas só fortaleceram os meus ideais e princípios.

   Eles não mudaram e nunca vão mudar...

   Isso eu tenho certeza quando me abaixo e coloca um buquê de lírios em cima do túmulo de Sabrina.

   Essa era a primeira vez desde que ela morreu e soubemos onde ela estava enterrada, que eu vim ver seu túmulo. Não sabia o porquê não poderia ter vindo com Marisa quando ela veio pela primeira vez. Marisa, que tinha deixado claro que já não ressentia com o que Sabrina tinha feito, pois ela afirmou que guardar coisas ruins dentro de si era uma coisa horrível, que contamina sua alma sem você perceber.

   E agora, eu só poderia afirmar que ela estava certa.

   Não me ressentia e nem nada.

   E enquanto olhava para a lápide, que só tinha o nome de Sabrina em letras belas e cursivas, estava na hora de fazer aquilo que eu acho que não tinha feito quando ela morreu na minha frente.

—Adeus, mãe.

   Dizer adeus era o que eu necessitava...

   Olhando uma última vez para a sua lápide e os lírios misturados com um buquê de Rosas, quase brancas, que pareciam ter sido postas recentemente; me pus de pé.

   Virei respirando fundo quando uma paz pareceu se instalar por fim, em toda a minha alma. Esse adeus era o ponto que eu precisava; como o ponto final que Júlio também tinha precisado.

   Júlio, que me aguardava há algumas lápides mais abaixo, onde eu já me encaminhava.

—Esse é o ponto que queríamos sem ao menos saber. —diz Júlio assim que chego a ele.

   Sorrio e observo o seu rosto, que mal se via agora os hematomas que aquela noite havia deixado nele, mas que jamais o tinha deixado menos lindo e perfeito aos meus olhos. Olho e vejo a mesma paz que se instalou na minha alma, já instalada e firmada na sua alma.

   Ele tinha precisado tanto quanto eu, dar um adeus a sua mãe. Ele me contará que desde do dia que tinha visto sua mãe ser enterrada, há um pouco mais de um ano, ele não tinha pisado mais o pé no cemitério. Ele se sentia indigno ir lá ver seu túmulo, onde ele não pode estar apoiando sua irmã quando ela mais precisou dele. Eu sabia que o motivo do qual ele não pode estar lá era forte, e que era por isso que ele teve que deixar sua mãe morrer sem saber que ele estava vivo. Motivos que manterão Julia viva. Ele sabia disso, mas ainda ele não tinha se sentido digno de ir até lá...

   Até hoje, que acordamos e sentimos que precisávamos fazer isso.

   E vê-lo agora nessa aura de paz soube que era tudo que ele precisava.

—Nunca sabemos o que precisamos até chegarmos a fazer.

   Sorrindo com aquelas duas aparentes covinhas que eu amo, ele coloca o braço a minha volta e nos guiou de volta para o seu carro que se encontra há alguns metrôs dali.

Perdendo-se pelo CaminhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora