Capítulo Sete

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   Algo realmente tinha mudado, pois do nada a pressão das minhas pernas e pulso se foram abruptamente. Levei pelo menos 30 segundos para restabelecer totalmente a minha visão. Consegui sentar com um pouco dificuldade e levei as minhas mãos para perto de mim por causa da dor. Fixei os meus olhos nas costas das minhas mãos e pulsos e não me surpreendi em ver que eles estavam totalmente esfolados e sangue misturado com terra escorria.

   Com o meu coração batendo violentamente em meu peito levantei o olhar quando ouvi o gemido constante e dolorido vindo a míseros centímetros de mim. Não precisei de mais do que alguns segundos para definir quem era a pessoa de costas, que chutou uma, duas, três vezes as costelas de David.

   Tentei me levantar para afastar do sangue que agora David cuspia perto dos meus pés.

   Meio cambaleando consegui me manter em pé sem fazer menção de cair.

   Fiquei em encarando as costas de Júlio com a respiração entre cortada e o choque, que parecia igualado por ele estar aqui tanto quanto por causa do que David tinha tentado fazer...

   Meu Deus, David tinha tentado me estuprar!

   Mesmo ouvindo o choramingo constante dele não fez eu me sentir melhor. Seus choramingo só conseguiam fazer eu pensar que eles seriam os meus, se não fosse a interrupção de Júlio. 

   David estaria abusando de mim descaradamente nesse chão!

   Com esses pensamentos foi impossível não me curvar quando uma forte sensação de tontura e enjoo se apoderaram do meu corpo!

—Ei! Ei! Ei!

   Ouvi a voz de Júlio e senti seus braços me segurarem impedindo a queda.

—Olha para mim! —ele disse apressado.

   Não foi aquela tarefa fácil de se fazer, pois estava difícil fazer o choque passar. Mas fiz meu rosto virar na direção do seu para poder encontrar seus olhos, que por estar de noite e dilatados parecia quase pretos.

—Como me achou? —conseguir sussurrar enquanto me mantinha reta pelos seus braços fortes.

—Seu celular... —ele disse mecanicamente, pois sua atenção estava em meu rosto.

   Ainda podia sentir a minha pele quente dos tapas de David. Vermelho chocante, é a cor que deveria estar em minhas bochechas brancas.

Meu celular...? —perguntei confusa.

—Eu coloquei um rastreador nele essa tarde... —finalizou ele quando passou as costas da mão, que soltou um dos meus braços, em meu rosto suavemente.

—Eu sabia que ele não tinha parado naquele quarto sozinho! —eu tentei sorrir em meio ao choque, que estava se desvanecendo por causa de Júlio.

   Mesmo com uma careta Júlio tentou sorrir também. Não foi um sorriso suficiente para mostrar suas adoráveis covinhas, pois ele realmente parecia preocupado com o meu estado meio grogue.

—Vamos tirar você daqui... —ele disse quando focou pela primeira vez os olhos nos meus.

   Mesmo querendo me perder em seus olhos para esquecer totalmente o que poderia ter acontecido ali, assenti.

   No momento eu queria ir o mais longe possível daquela cena.

   Começamos a andar quando Júlio colocou seu braço em volta da minha cintura para prevenir uma queda, caso eu de repente viesse a desmaiar.

   Não fiz menção de olhar para trás e ver David, que parecia inerte na dor que tomava seu corpo. Ainda podia sentir fortemente as minhas mãos pinicando como se alguém estivesse enfiando repetidamente vários palitinhos.

Perdendo-se pelo CaminhoWhere stories live. Discover now