Capítulo Três

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   Assim que Julia tinha se despedido de Júlio e ido embora encontrar seu namorado, que aparentemente era melhor amigo de Júlio; eu peguei minha mochila do chão para ir também.

—Você tem para onde ir? —perguntou Júlio perto do corredor da entrada.

—Tenho...

   Ter para onde ir eu tinha. Não, que eu já não tivesse dormido na rua. Sim, eu dormi três dias na rua quando eu saí do abrigo do governo. Mas depois de entrar em um restaurante beira de estrada para caminhoneiros, conheci Lorena, uma senhora meiga e doce que me deu um emprego de garçonete e ainda um quartinho nos fundos do restaurante. Para onde eu iria no momento.

—Você não parece ter certeza. Então por que você não fica por aqui esta noite e amanhã...

—Eu tenho um lugar para ir, o.k.! —eu interrompi convicta. —E eu agradeço sua a oferta, mas dispenso. —terminei indo em direção ao corredor para ir até a porta.

   Fui com a intenção de ir para a porta, mas antes mesmo de eu dar um passo no corredor, Júlio; com toda a sua altura, entrou na minha frente.

—Com licença?! — pedi quando levantei minha cabeça para poder encontrar seus olhos.

—Dispensa porque está com medo de mim?

—Medo de você? —debochei.

   Confesso que é estranho eu não ter medo dele, pois eu o conheci menos de duas horas e por mais que eu tivesse esse nervosismo na boca do estômago; medo era um sentimento que não me dominava na presença dele. E depois de tudo o que eu passei, acho, que é compreensivo eu ter medo ou receio ao ficar perto de algum homem. Eu ainda tenho grande receio em ficar ao redor dos caminhoneiros no restaurante em que trabalho! Mas com Júlio é diferente de algum jeito.

—Eu só acho que não têm espaço suficiente nesse apartamento para mim e o seu ego gigantesco! —Ironizei enquanto tentava afastar o pensamento de que estar ao redor de Júlio é de algum modo diferente.

   Júlio não saiu da minha frente e não fez menção de que iria quando um sorriso arrasador, que mostrou duas covinhas profundas em suas bochechas, apareceu em seu rosto.

—Não se preocupe, meu ego gigantesco não vai te sufocar esta noite. —ele brincou.

   Seu sorriso fez algo com meu estômago, que definitivamente não gostei! Então eu dei um passo de segurança para trás.

—Saiba que ele já está me sufocando, então me de licença preciso de ar puro...

   Mais uma vez tentei dar um passo em direção a porta, mas fui bloqueada novamente pelo o corpo de Júlio.

—Não precisa desse drama. Eu só quero que você fique até termos certeza de quando a reunião com a minha superior será realizada. Quando se confirmar amanhã de manhã você poderá ir.

   Fiquei uns minutos contemplando seu rosto e seus olhos, que se mostravam ser um enigma.

   Definitivamente era bom sair daqui com alguma certeza. Certeza de que, quem quer que fosse a superior dele, iria ajudar a resgatar Marisa.

—Tudo bem.... Eu vou ficar até amanhã de manhã. -eu soltei como se eu estivesse prestes a sofrer uma tortura.

—Acredito que não vai ser um sacrifício...—ele abaixou a cabeça um pouco aproximando seu rosto perto do meu. —...Ficar sob mesmo teto que eu...

   Senti, quando seu hálito quente tocou meu rosto, um simples e tímido arrepio subir pela minha coluna me fazendo ficar paralisada!

   Mas antes que eu pudesse me recompor e responder a altura, ele já tinha dado a volta em mim e me deixado plantada sob o lindo chão negro.

Perdendo-se pelo CaminhoWhere stories live. Discover now