Capítulo Vinte e Oito

1.2K 121 16
                                    

   E lá estávamos Júlio e eu na local em que David havia proposto para nos encontrarmos.

   Um lugar que David sabia que me afetaria, pois, ao ver novamente aquela construção abandonada pelo o Governo do Estado, foi impossível não lembrar das duas situações que quase levaram a minha sanidade.

—Ele queria você vulnerável. —disse Júlio acidamente assim que parou o carro no breu daquela construção jamais começada. —Ele escolheu esse maldito lugar para deixar você com medo dele!

—Não preciso ter medo dele. —eu viro a cabeça para olhar para Júlio que olha para mim preocupado. Ele sabia que era impossível não lembrar daquela noite e mais ainda da noite em que fui separada de Marisa. —Você está aqui!

—Estou. —ele afirma levando a minha mão a sua boca e lascado um beijo em seu dorso. —E eu não vou deixar ele tocar em você!

   Eu firmemente acreditei em sua promessa quando saímos do carro. Com a mochila do dinheiro na mão esquerda de Júlio seguimos de mãos dadas para parte central daquele lugar. A luz como eu me lembrava era precária, e faltava postes em vários pontos deixando aquele lugar mais sombrio e desértico.

   Nossos passos em uníssono nos faziam nos aproximar mais e mais de onde já poderia ver as figuras de David e seu grupinho amontoado. A parte central onde ele se mantinha era a mais iluminada me deixando ver que, além dele e de seus três seguidores, uma figura encolhida se encontrava no chão de pedras.

   Sabrina.

—Olha só! E não é que ela veio! —debocha David assim que nota nossa presença parcialmente na luz.

   Antes mesmo de ter dado os últimos passos que faltava para adentramos totalmente na luz, eu notei a cicatriz que eu deixei no rosto de David. Ela era impossível de não ser notada no momento que você olhava para o seu rosto, já que o corte começava na ponta de seu queixo, no lado direito do seu rosto, e seguia até o seu olho esquerdo. Estava cicatrizada, mas ainda pude ver alguns pontos rosados, o que significava que o canivete tinha entrado bastante de sua carne.

—Ela veio e trouxe um amiguinho. —ele começou a dar passos na nossa direção deixando os outros três em volta do corpo de Sabrina. Com ele vindo em nossa direção eu não consegui ver em que estado estava Sabrina, mas para ela estar no chão, em um bom ela não estava. —Um amiguinho que...

   Ele para de andar como de falar e olha diretamente para Júlio. Não demorou mais do que uns poucos segundo para uma expressão de raiva inundar seu rosto, que com a cicatriz, só o deixou mais sombrio e medonho.

—Você é o mesmo filho da puta que quebrou uma das minhas costelas! —aponta David ao um Júlio que não parece nada abalado pela a forma ameaçadora que David está tentado parecer.

—Eu sou o mesmo que vai quebrar todas elas!

   O rosnado forte e ao mesmo tempo calmo de Júlio faz David inflar suas narinas e um olhar louco entrar em seus olhos castanhos, que mesmo escondidos por seu cabelo mau pintado de um loiro, ficou evidente.

—Eu trouxe o seu dinheiro! —interrompi sua expressão de raiva momentâneo ao recitar essas cinco palavras.

   Cinco palavras que fizeram ele olhar para mochila, que por uns segundos, foi erguida por Júlio. Ele prendeu seus olhos na mochila que continha boa parte do dinheiro de Júlio e Hugo. O dinheiro que estava salvando a vida de Sabrina.

—Para a sorte de vocês —ele sorri deixando ainda mais medonha a sua cicatriz. — eu prefiro o dinheiro invés da vingança.

   Suas palavras só me confirmam o que eu sempre achei dele.

Perdendo-se pelo CaminhoWhere stories live. Discover now