Capítulo Oito

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  Macio e aconchegante seria como eu descreveria o que eu sentia em minhas costas.

Macio até demais...

Com a consciência acabando com a névoa de sono da minha mente senti quando os acontecimentos de ontem simplesmente invadiram meus pensamentos. Tudo o que havia acontecido passou como um filme barato em minha cabeça. Talvez, o cansaço tivesse impedido de eu ter pesadelos com David, pois dormi com uma pedra perdida em escuridão. Não me lembrava nem como havia parado nesse quarto, que estava completamente escuro.

Sentada agora observei o que meus olhos conseguiam ver em meio a penumbra do quarto, que para mim no momento, era totalmente desconhecido. Olhei para o lado e vi um abajur e não demorei a acendê-lo.

A luz alaranjada não iluminava tudo, mas iluminou o bastante para eu ver que eu estava em uma enorme cama com lençóis negros cobrindo as minhas pernas. Olhei em volta e notei algumas coisas que só poderiam ser de Júlio.

Eu estava em seu quarto, em sua cama e ele no momento não se encontrava em lugar nenhum.

Decidi sair da cama e fui em direção a porta meio aberta que só deveria ser o banheiro. Já lá dentro com a luz acesa a primeira coisa que foquei foi em meu rosto refletido no espelho médio em cima da pia de mármore. Notei meu rosto com manchas vermelhas que denunciavam que eu havia chorado um mar de lágrimas ontem. Não contive o impulso de levar os dedos aos lábios, que eu poderia jurar ainda sentirem os lábios maravilhosos de Júlio...

Deixei de pensar no beijo quando notei sangue seco na lateral do meu pescoço.

Imediatamente me senti suja ao ver que David havia deixado seu sangue em mim!

Sem demora tirei minhas roupas e entrei no grande box daquele belo e grande banheiro. Esfreguei todo o meu corpo, apenas não por cima das costas das minhas mãos, que tinham sido limpas por Júlio antes que eu entrasse no mar da inconsciência hoje de madrugada.

Assim que estava mais do que limpa, saí e me enrolei na tolha que se encontrava por ali. Por um momento parei e olhei para as roupas que eu tinha descartado ali no chão mesmo. Elas não pareciam nada convidativas para serem vestidas de novo. Então saí do banheiro para o quarto, que ainda continuava só com a luz do abajur acesa. Fui até o interruptor e o acendi fazendo uma luz forte tomar o quarto. Olhei de um lado para o outro no quarto grande e belo vendo um guarda-roupa embutido na parede, a cama maravilhosa coberta por lençóis pretos com as mesinhas de cabeceira ao lado e uma janela fechada no lado oposto do guarda-roupa junto com uma cômoda que seguia em baixo dela.

Notei em cima da cômoda havia o que parecia ser roupas perfeitamente dobradas perto de uns retratos. Fui até ela segurando a toalha ao meu redor e não decepcionei ao ver que eram roupas femininas. As pegando para vesti-las (pois se não eram para mim agora eram) reparei nos retratos, que mostravam fotos de Julia e Júlio juntos e até mesmo uma foto de Julia e Hugo. Mas uma foto que se encontrava em um porta-retratos mais simples foi a que me chamou mais a atenção.

Mostrava uma bela mulher sorrindo alegremente. Com toda a certeza era a mãe de Julia e Júlio; as feições delicadas da mulher e seus cabelos escuros denunciavam isso. Ela tinha sido linda tanto quanto os filhos.

Por um momento deixei-me pensar que eu preferia ter visto Sabrina morta ao invés de ver ela vendendo suas próprias filhas...

Com um suspiro deixei esse pensamento para lá enquanto me vestia com as roupas, que se constituía em uma calça jeans e uma camisa preta simples.

Já vestida segui para fora do quarto e me vi no corredor onde mais para frente se encontrava a porta do quarto em que eu havia ficado há uma semana atrás. Seguindo pela cozinha ouvi vozes vindo da sala e fiz meus pés se encaminharem para lá.

Perdendo-se pelo CaminhoWhere stories live. Discover now