Capítulo Nove

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   Noite mal dormida!

   Era o que meu terceiro bocejo significava.

   Fazia dois dias que eu estava na Alemanha e ainda não tinha conseguido dormir direito, pois além dos meus nervos, cinco horas de fuso horário realmente não ajudavam!

   Olhando para o meu reflexo no espelho médio da penteadeira que tinha no quarto, eu me perguntava como eu poderia ter somente 18 anos? Aquela idade simplesmente não parecia pertencer a mim naquele momento. Desviando meus pensamentos de como eu me aparentava foquei em tentar preparar meu psicológico para completar a primeira etapa do plano para salvar Marisa.

—Só mais um pouquinho... —disse Julia que se encontrava atrás de mim fazendo um coque em minhas longas madeixas loiras.

   Um coque lindo por sinal. Tão lindo quanto o vestindo vermelho de mangas, que deixava totalmente meus ombros e pescoço a mostra. 

   Por escolha eu vestiria uma blusa de caxemira e uma calça jeans bem quentinhas, mas para essa ocasião, vestido e saltos eram o que facilitariam a execução do plano.

   O plano que tínhamos arquitetado ontem dependia do jantar que iríamos esta noite. Ir em um restaurante chique no centro de Berlim encontrar por "coincidência" o gerente de uma das casas de Alberto serviria para sermos convidados para uma das festas, que não eram nada mais que uma enganação. As festas escondiam as coisas que aconteciam de verdade, que eram o uso das garotas compradas não somente do Brasil como de outros países também, como Henrique havia nos informado.

—Pronto! —finalizou Julia dando uma volta 360° para ver como sua obra tinha ficado.

—Ficou lindo! —eu disse enquanto virava minha cabeça de um lado para o outro no espelho da bela penteadeira de madeira polida.

—Vêm, eu quero ver como ficou.

   Julia pegou a minha mão, que estava revestida com uma simples luva de renda, e me levou até o centro do tapete de veludo que cobria boa parte do escuro piso vinílico.

—É normal eu não me sentir eu mesma? —perguntei enquanto tentava não ficar balançando naqueles saltos.

—Deveria ser normal já que você está uma gata! —ela brincou sorrindo.

—Só você mesmo. —revirei os olhos sorrindo junto com ela.

—Eu e todos os caras que babaram por você está noite, minha cara! —ela disse quando se virou para pegar alguma coisa dentro da mala, que eu não tinha tido coragem para desfazer.

—Nenhum será imune... —ela continuou quando estendeu o sobretudo preto quentinho para eu vestir. —Nem mesmo o meu irmão...! —sentenciou ela cantarolando quando apareceu na minha frente novamente me olhando de um jeito muito suspeito!

   Antes de eu responder, Julia entrelaçou seu braço no meu e fomos em direção ao corredor imenso!

   Os quartos nessa casa eram uns longe dos outros em uma distância quase exagerada!

—Eu não sei do que você está falando! —retruquei por fim.

—Arãm, eu vou fingir que você não sabe do que eu estou falando! —ela provocou cutucando as minhas costelas com seu cotovelo coberto por uma blusa clara.

—Ah, é? E eu vou fingir não ter notado seu cabelo bagunçado ontem quando voltou para a reunião. —eu disse com o mesmo tom provocativo. —E nem seu sorriso bobo essa manhã...

Perdendo-se pelo CaminhoDär berättelser lever. Upptäck nu