Capítulo Dezessete

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   Cansada!

   Era como eu me sentia completamente!

   Tombei minha cabeça no ombro de Julia, que se encontrava ao meu lado no banco de trás do Audi de Júlio. De imediato senti seu braço em volta das minhas costas e um aperto de leve em meu braço.

   Fazia dois dias que havíamos libertado, não só a minha irmã, como doze garotas que estavam na casa de Alexander. Nós as levamos para o hospital aos arredores de Berlim. No hospital tínhamos informado a polícia alemã do por que havíamos trazido doze garotas. Desde então os policias estão de prontidão no hospital as guardando e as protegendo. Mesmo que Alexander não respire mais, achei bom ter os policias ao redor daquelas garotas e é claro, de minha irmã. 

   Marisa, que teve breves momentos de lucidez durante esses dois dias em que eu não havia tirado o meu pé de seu quarto no hospital. Acredito, que os únicos momentos que eu havia tirado meu pé do quarto foram por causa das necessidades fisiológicas, pois eu queria estar no momento que Marisa abrisse os olhos e visse que não estava mais presa.

   Eu queria ser a primeira que ela visse ao acordar!

   Esperei esses dois dias ao seu lado falando mesmo que ela não ouvisse e segurando a sua mão mole e pálida. Quando havíamos chegado ao hospital duas noites atrás os médicos logo disseram que Marisa estava tendo o começo de uma overdose, por causa das substâncias desconhecidas que haviam sido injetadas em suas veias. Horas depois de Marisa ter sido estabilizada esperei que ela acordasse, mas isso não aconteceu. O médico havia dito para Júlio, que havia traduzido para mim, que era normal que ela dormisse por algum tempo, pois além de seu corpo ter pequenos machucados, havia machas roxas onde tinha sido evidente que ela fora estuprada. Ele dissera que era normal a mente querer se desligar depois de tanto sofrimento seguido. Saber disso foi uma facada em meu coração. Uma dor havia se instalado em meu peito por Marisa ter sofrido tanto nesses quase dois meses. Eu queria que ela acordasse para que eu pudesse ajudá-la a superar qualquer inferno, que eu sabia, que ela havia passado!

   Após esse dia amanhecer e Marisa ainda não ter tido um momento de consciência plena, Julia e todos que estiveram comigo naquele hospital me dando a poio e ajudando as outras garotas, falaram para eu voltar para a casa de Henrique e descansar um pouco antes de voltar. Depois de muita luta eles me convenceram a deixar Marisa por algumas horas. Mas também só estou nesse carro, pois o médico disse que era provável que Marisa não acordasse pela noite.

   Enquanto nos aproximamos da casa de Henrique eu fiz uma promessa para mim mesma, que ajudaria Marisa.

   Eu vou mostrar o quanto eu a amo e quanto me importo com ela para ajudá-la a superar os demônios, que estariam dentro de sua própria cabeça. Não será fácil, mas eu sei que Marisa é uma mulher forte e guerreira! Eu vou estar o tempo todo ao lado dela para que ela não se perda em seu próprio inferno!

—Ela vai ficar bem! — sussurrou Julia virando um pouco a cabeça para mim, que ainda tinha minha cabeça em seu ombro.

   Sim, ela ficaria bem! Eu sentia que as coisas em algum momento se curariam em Marisa e iriam melhorar com o tempo!

   Sorri um pouco para Julia que notando meu singelo sorriso me apertou um pouquinho. Julia tinha sido uma verdadeira amiga, não só nesses últimos dois dias em que ela me lembrava a todo momento que eu precisava comer, como em toda a viajem. Ela e todos eles: Hugo, Henrique e é claro Júlio, teriam eternamente minha gratidão! Todos eles tinham sido uma verdadeira família, que se ajuda nos momentos precisos!

—Chegamos. — anunciou Júlio que se encontrava no banco da frete do carro com Hugo que ia dirigindo. Já que Júlio estava tão cansado quanto eu, pois ele maravilhoso como sempre havia ficado comigo os dois dias seguidos no hospital, então ele dirigir a noite não era uma opção.

Perdendo-se pelo CaminhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora