Festa com um "Toque" Romeno

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"Eu me afogava em sangue. Não conseguia nadar direito naquele liquido espesso. Tentei gritar por ajuda, mas engoli golfadas daquilo nojento. Meu estômago embrulhou no mesmo instante por conta do gosto de ferrugem em meus lábios. Então o sangue escoava para algum local, um ralo no chão. Não sobrou nada, nem uma gota. O piso era branco, assim como o teto e as paredes. Quando olhei a minha frente, vi meu reflexo refletido em um espelho gigante.

Eu estava coberta de sangue da cabeça aos pés, era grotesco aquela visão comparada com o ambiente branco ao meu redor. E então meus olhos estavam flamejando como lava vermelha.

Algo chamou minha atenção atrás de meu reflexo, virei de costas para o espelho e no lugar do ralo havia muitos corpos caídos e sem vida. Suas gargantas dilaceradas... E então senti o gosto de sangue na boca...".

Sobressaltei na cama, minha respiração estava difícil. Meu estômago ainda estava embrulhado por causa do sonho. Senti que poderia vomitar a qualquer momento. Esqueci a ânsia após ouvir um grito estridente e desesperado.

Mais gritos se seguiram de diferentes pessoas. Um calafrio passou por meu corpo. Cada um era pior que o outro. Eram gritos de morte. Que conseguiam sobressair a música.

Então cessaram, continuei sentada na cama mas sem movimentar um músculo. Meus ouvidos registraram o pior berro que já escutei, era cortante e desumano. Eu estava com os olhos arregalados.

Algo de muito errado pairava sob a mansão, algo que não se encaixava, algo grotesco como... Como meu sonho.

Bernard me mandara ficar no quarto, mas aquilo estava fora do controle, pessoas morriam enquanto eu estava aqui... Sem fazer nada. Afinal eu era a pessoa responsável por acabar com essas maldições. Não deveria estar me escondendo feito um rato.

Remanguei as mangas da blusa e as bainhas da calça, pois Bernard era alto e eu parecia uma formiga comparada com seu tamanho.

Abri a porta do quarto sem fazer ruídos. Atravessei os corredores escuros daquela parte da mansão, então cheguei nas partes iluminadas da mansão, eu conseguia ouvir a música mais alta. Meus pés estavam descalços para não fazer barulho, esgueirava-me nas sombras e pelos cantos dos corredores. Sim, eu estava morta de medo de ser descoberta. Eu estava bem perto agora, o ar dali me paralisou, estava pesado, foi como bater em uma parede invisível, o cheiro, aquele cheiro... Era de sangue... De morte. Meu estômago embrulhou.

Me aproximava do portal que daria a um dos salões de festas, o cheiro revoltante que vinha de lá estava mais forte, não havia sinal de vampiros, acho que estavam todos lá na "festa". Quando cheguei perto o suficiente ao portal do salão, comecei a rastejar no chão, atravessei o portal ainda rastejando, me encontrava no topo da escadaria que se estendia em um grande corredor para então terminar em degraus no lado direito e esquerdo do salão, era suficientemente alto para ninguém me ver e suficientemente escuro também, aproximei-me do corrimão de mármore que à propósito me escondia de tão espesso e fiquei ali observando o que acontecia lá em baixo.

Congelei com minha primeira visão, senti meu coração dar um único retumbo e parar, meus olhos estavam vidrados. Senti a bílis subir pelo meu esôfago e foi isso que me despertou do quase choque. Pois eu não poderia vomitar ali ou me descobririam. Fiz a única coisa que me restava, engoli de volta o líquido ácido que já estava em minha garganta. Eu tremia, de um jeito que jamais tremi.

Esse era o reflexo da cena a minha frente, essa era a minha reação, o meu terror de ver a morte de perto. Era tão... Cruel.

As paredes, que antes eram cor de creme, estavam, agora, lavadas de sangue. O chão de assoalho, estava empoçado de sangue. E então haviam corpos, muitos corpos por todo lado, estavam espalhados. Estavam mortos e em ângulos impossíveis, alguns completamente despidos, outros apenas algumas partes do corpo à mostra, desrespeitados, profanados e atirados ali no chão como manequins, como um nada, se via de primeira que estavam sem vida. Seus olhares perdidos em um terror eterno. Suas gargantas rasgadas, dilaceradas. Então percebi que haviam corpos em estado pior, decapitados... Outros sem os membros...

Blood and Moon - A PredestinadaWhere stories live. Discover now