A Torção

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Fazia 30 minutos que nós estávamos jogando futebol, jogar é modo de dizer, isso se você chamar de jogo ficar parada no meio da quadra. Era deprimente ver todo mundo se movimentar e suar a camisa, menos eu. Mas eu não estava nem aí, estava muito ocupada pensando no que Suzana havia me dito. Não fazia sentido. Porque ela falaria daquele jeito do próprio irmão? O que, afinal, ele escondia? O que realmente aquela família escondia?

Então a bola veio em minha direção, respirei fundo e preparei-me para correr atrás dela. Estava conseguindo levá-la até o gol, eu podia sentir a expectativa do professor, podia sentir o grito de vitória se formar na garganta de meus colegas, até Suzana parou naquele momento para observar. E quando estava bem a frente do gol, tentei lembrar-me do melhor chute que dei e mentalizá-lo, mas cheguei a conclusão que nunca tive um. Mais um passo e o chute perfeito sairia...

Empolguei-me muito e invés de dar o passo, pisei feio em cima da bola e torci o pé. Caí sentada no chão, eu tinha a impressão de estar vendo estrelas de tanta dor, era aguda e latejava.

O professor veio correndo até onde estava e junto com ele todos meus colegas e não sei por que, mas de repente a ideia de eu ser uma piada não parava de passar pela minha cabeça, era só olhar para o rosto deles. Senti minhas bochechas enrubescer.

- Não foi nada Elizabeth. - O professor disse isso depois de examinar meu tornozelo. - Mas sugiro que vá por gelo nisso.

Tentei levantar do chão e a dor se tornou mais aguda, se é que fosse possível, meu pé já parecia uma orquestra musical.

- Alguém a leve a enfermaria. - Falou o professor.

- Eu a ajudo professor. - Disse Suzana se aproximando de onde eu estava.

Ela me apoiou com seu braço em minha cintura.

- Você não precisa fazer esforço para me carregar. - Falei quando estávamos no corredor vazio da escola.

Suzana soltou um riso leve, musical, um som gostoso.

- Eu, fazer força? Puxa Elli você nem sabe o quanto é leve, não é?

Tudo bem que eu fosse magra, mas ela era quase do meu tamanho e tenho certeza que meu peso seria um incômodo grande, prestei atenção nela e Suzana estava certa, ela não se cansara.

Eu devia estar distraída por isso não percebi quando ele se aproximou de nós duas, mas levei um susto, já Suzana pareceu nem se abalar com a chegada de Casper.

- O que aconteceu? - Ele perguntou, e então foi como se eu nunca tivesse ouvido sua voz. Minhas lembranças eram borrões da verdadeira realidade desde seu físico até o som de sua voz. Meu coração acelerou e como eu não respondia, devido à beleza divina daquele ser, foi Suzana quem respondeu:

- Ela torceu o pé tentando jogar futebol em Educação Física.

Deu-me vontade de rir quando ela disse que eu estava "tentando" jogar.

O som sedoso da risada dele reverberou dentro de mim mesmo sendo suave, era como ouvir um anjo.

- Jogando futebol? Queria ter visto.

Puxa! Ele está rindo de mim? Mas que droga!

- Posso levá-la a enfermaria Suzana?

Como ele sabia...? Espera aí! Ele disse mesmo que quer me levar à enfermaria?

- Porque não pergunta a ela? - Falou Suzana.

Casper me olhou esperando minha resposta. Engoli em seco, acho que desmaiaria só de sentir as mãos dele me tocando.

Blood and Moon - A PredestinadaKde žijí příběhy. Začni objevovat