14 - Uma Nova Amiga

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As gotas de água pingavam ao chão da entrada da quinta casa, ela não havia secado o cabelo direito e esse deixava gotas escorrendo por suas costas que em seguida caiam ao chão. Olhava o braço direito enquanto apertava um lábio contra o outro na tentativa de conter a dor, desde que havia voltado para casa a dor havia somente piorado. Não sabia porque ainda sentia isso, afinal, o despertar do cosmo cura qualquer dor e ferimento do corpo, e mesmo com toda a concentração que fizera seu braço ainda continuava a doer.

— Dói muito? — o cavaleiro de leão se aproximou, os cabelos também estavam úmidos e usava apenas uma calça, deixando todo o seu físico superior a mostra. — Por que não usa seu cosmo para se curar?

— Já tentei… — ela afirmou com uma voz neutra, diferente da imperatividade que costumava ter. — Acho que não adiantou muito. — seu corpo se virou para olhar o mestre, Aiolia nem de longe era o seu favorito.

— O Afrodite mandou um recado dizendo que vai dar uma festinha na casa dele. — explicou o leonino, sua mão deslizou pelo ombro da mais nova enquanto sentava-se ao lado dela. — Mas se não quiser ir, eu fico com você. — talvez essa fosse a primeira e a única vez que ele fosse se oferecer para ajudá-la, porém, ela não estava disposta a aceitar.

— É só uma dor, eu posso ir. — ela acenou com a cabeça, Aiolia mostrou um sorriso frustrado, mas não se atreveu a dizer nada, sabia que qualquer palavra era motivo para uma briga, ao menos havia achado alguém que conseguisse discutir sem ter vontade de matar.

Apesar de estar com quem mais amava, Ly continuava sentindo a sensação de vazio que sempre sentira quando estava sozinha, era como estar em meio a tantas pessoas e estar isolada dentro de uma caixa de aço. Mesmo que todos seus amigos estivessem ali, nem eles que costumavam fazer o sentimento de solidão sumir conseguiam a fazer se sentir segura. No fundo isso a assustava, e a medida que isso crescia ela tinha medo que se tornasse pior.

E se não fosse no santuário o seu lugar? E se tudo que sempre desejara fosse apenas uma ilusão infantil? Se todos na realidade fossem a causa de seu sofrimento?

A mão de Aiolia continuou em seu ombro, fazendo carinho, mesmo que mínimo, mas ainda assim um carinho. Naquele instante ela se permitiu sorrir, era bobagem desconfiar de quem a amava, sua cabeça repousou ao ombro do leonino e ali descansou, como se por essa tarde, eles não fossem rivais. Ele se impressionou com isso, estava tendo trégua logo da parte dela? Mas apesar de irritante, aos olhos dele ela também tinha outras qualidades, como por exemplo a sinceridade, ou a beleza, e claramente ele sentia uma energia linda vindo dela, como se em seus braços quem estivesse fosse a própria Athena, um cosmo tão aconchegante quanto e tão sereno a ponta de fazê-lo dormir despreocupado.

— Você já se perguntou se sua missão aqui é outra? — a pergunta obrigou a menina a saltar ficando prontamente em pé, logo quando esses pensamentos estavam longe ele resolvia abrir a boca. — Talvez não tenha que ser amazona…

— O que quer dizer com isso? — ele queria dizer muito, mas não sabia como. — Se eu não fosse amazona, seria o que?

— Talvez você seja mais como a senhorita Athena… — Aiolia não parecia abalado com o que dizia, mas já sabia que aquilo mexia com ela. — Seu cosmo é poderoso, mas você não parece gostar de guerra.

— Aiolia, eu sei que você é um cavaleiro, mas jamais me compare com Athena. — a incredulidade reinou ao rosto do mais velho. — Se eu fosse uma deusa eu jamais deixaria meus cavaleiros morrer em vão ou para poupar minha vida, eu lutaria com vocês, muito diferente do que Athena é…

….

Um pouco longe da casa de leão uma garota andava com certa dificuldades, o som estava se pondo e ela não tinha a mínima noção de como chegara até ali, tudo que levava consigo era um pequeno cachecol azul que segurava com bastante força. A frente encontrou uma imensa casa, ao seu teto as escrituras em grego denunciavam ser a casa de gêmeos, e ela sabia muito bem disso, era a casa do seu signo.

— Vamos Saga! — pôde escutar claramente uma voz forte, sem demora se escondeu atrás do pilar e passou a observar. — O Afrodite odeia atrasos, e contanto que vamos andando para encontrar com os outros, vamos chegar tarde demais.

— Faça silêncio, Kanon. — outra voz respondeu, essa era bem parecida com a anterior. — Eu estava trabalhando e tive que voltar aqui para me banhar por sua culpa, então terá que me esperar.

Não demorou tanto para que ambos saíssem da casa, ela notou os gêmeos e teve certeza que estava dentro do melhor sonho que já tivera. Eles vestiam roupas diferentes das que ela estava acostumada a ver, tinham uma pegada mais social e bonita, longe dos trapinhos que usavam nas horas vagas ou para treinar. Mas antes de deixá-los ir, ela precisa dar um jeito que eles a vissem.

— Ei! — gritou, ao sair de perto do pilar notou que ambos a olhavam sem entender. — Saga… — suas pernas bambearam ao dizer o nome do Grande Mestre.

— O que está fazendo pelas casas? — o mais velho respondeu. — Quem te deu essa permissão?

— Ninguém, eu não sei como vim parar aqui, na verdade, eu nem sei se isso é real. — a cara dos gêmeos denunciou que já haviam ouvido essa história, talvez ela fosse mais uma dos perdidos que aparecem dormindo nos lugares.

— Isso é sim real. — Kanon ditou se aproximando da menina. — Mas sinto em dizer que você terá que nos acompanhar.

— Isso vai ser um prazer! — a garota nem sabia o que dizer, se fosse um sonho, que continuasse a sonhar, mas se fosse real, era a melhor realidade que poderia encontrar.

— Qual o seu nome, garota? — Saga perguntou quando ela e o irmão tomaram seu lado em uma marcha calma.

— Beatriz.

Enlouquecendo seus Ídolos - O Começo (Cavaleiros Do Zodíaco) Where stories live. Discover now