11 - Acho que matei a Ly

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O sol estava radiante pelo santuário, mas se tinha uma coisa que Lucas não desejava agora, essa seria acordar, porém, Afrodite tinha um tratamento especial para dar ao aluno. O pisciano aproveitou que Lucas estava dormindo no sofá para começar o tal tratamento. Preparou um delicioso café da manhã, com as mais gostosas comidas que podia fazer, e ficou a degustá-las na mesa do café.

Lucas acordou com uma baita dor de cabeça, resultado da noite passada, e aproveitou que o mestre não estava no quarto para tomar um banho gelado, talvez isso o ajudasse a despertar. Quando adentrou a cozinha encontrou o azulado tomando café.

- Hm... Parece uma delícia. - Lucas disse enquanto se sentava.

- E está. - Afrodite revidou enquanto se levantava. - Mas vamos, você está atrasado. - advertiu puxando o aluno pelo braço.

- Mas eu nem tomei café...

- E nem vai! - o outro revidou o arrastando escadaria abaixo. Nesse instante o moreno pôde constatar que esse seria o pior treino da sua vida.

Quando chegaram ao coliseu Milo e Gui já estavam por lá, os dois escorpianos faziam um treino físico para aquecer, Guilherme não era tão bom nisso, mas Milo era e o ensinava muito bem, talvez lutar seja uma das poucas coisas que fizesse bem.

- Eu estava pensando aqui... - iniciou o mais novo. - Temos que nos divertir ao máximo, não é?

- Claro. - concordou o cavaleiro de escorpião, que mais a frente do menino ensinava os devidos movimentos. - Por quê?

- Acho que sei como. - Gui mostrou um sorriso perverso. - Por acaso você tem tinta em casa?

Os dois seguiram planejando a diversão enquanto treinavam. Na própria casa de aquário, Marcus recebia instruções de como seriam os treinamentos, Camus não gostava muito de ir ao coliseu, afinal, sempre que ia tinha uma confusão diferente. Ele explicou ao aluno todo o conceito teórico de cosmo, Marcus era inteligente e para compensar já sabia muito sobre, o que facilitou todo o trabalho do cavaleiro, e a partir daí, ele procurou ensinar a moldagem do corpo.

E o dia seguiu assim, Afrodite lia algumas revistas enquanto Lucas fazia mil flexões, até então ele só tinha feito três, mas isso era um bom resultado, agora só faltavam novecentas e noventa e sete. Ana seguia a meditação com Shaka, Ly até mesmo já conseguia canalizar o cosmo em ambas as mãos, diferente dos meninos, elas estavam tendo um bom resultado.

Ao final da tarde todos foram liberados, e nenhum deles fez diferente, correram pra casa, correr era somente modo de falar, estavam tão cansados e tão doloridos que se mexer tão rápido seria impossível. Lucas e Guilherme podiam já sentir os músculos reclamando, não estavam tão acostumados com exercícios físicos. Ana e Ly se sentiam tranquilas enquanto ao treino e Marcus seguiam apenas fazendo anotações, Camus tinha recomendado que seria bom fazer isso, para que pudesse passar adiante, de todos, Marcus era o mais relaxado.

- Até que tomar banho na água fria não foi tão ruim. - Ly dizia enquanto adentrava a sala da casa de leão secando os cabelos com uma toalha. - Eu estava com tanto calor que me senti outra pessoa.

- Isso vindo de você é como milagre. - o leonino passou os olhos pela menina e logo notou que ela usava apenas uma camisa que ia até quase o joelho. - Ei, cadê a calça?

- Estou de short. - ela levantou um pouco a camisa mostrando que o tecido ia até o meio de sua coxa. - Achei essa camisa lá no quarto.

Aiolia negou com a cabeça ao notar que ela usava uma camisa dele, mas não se importou com isso, Ly não parecia ser uma pessoa tão ruim, de longe seria confundida com alguém muito calma e inofensiva. Mas somente de longe.

A noite caiu e com ela o treinamento de Ana terminou por completo, até mesmo Shaka saiu da posição de meditação. O virginiano pretendia cozinhar, mas após o banho, quando chegou a cozinha tudo que ele encontrou foi ela servindo a mesa. Parecia estranho morar com outra pessoa, ainda mais para ele que nunca treinou seus alunos tão de perto, seus treinamentos eram mais como orientação, ter Ana se fazendo presente o tempo todo o fazia imaginar como seria uma vida comum ao lado de uma mulher, e isso parecia ao menos interessante, mesmo para ele, que estava longe de poder ter uma vida comum.

- Espero que goste do jantar. - ela disse enquanto o servia, Shaka havia se sentado na cabeceira da mesa e tinha Ana ao seu lado esquerdo. - Pronto. - ela completou colocando o prato a frente do virginiano, havia batatas, carne e saladas.

- Você é casada, Ana? - a morena lançou um olhar diferente ao mestre, ela nunca tinha se casado, na verdade talvez esse fosse um dos sonhos que ela só cultivava com ele, mesmo que antes ele nem existisse.

- Não... - ela moderou uma resposta breve, no início ela pensava que ele jamais fosse tocar num assunto como esse, mas saber que, assim como todo mundo, ele era curioso, a deixava um pouco mais livre para falar o que achava. - Acho que nunca amei ninguém de forma tão suficiente para fazer isso, na verdade amo, mas isso sempre foi uma coisa impossível.

- Impossível? - ele questionou enquanto manuseava os talheres. - Ele não te ama?

- Na verdade eu nunca pensei que pudesse encontrá-lo. - Ana não tinha a mínima ideia de como continuar essa conversa, então resolveu conversar sobre Shaka com o próprio Shaka. - Ele sempre me foi como... Um sonho distante.

- Mas se o encontrou, o que te impede de ficar com ele? - e o próprio Shaka parecia incentivá-la a ficar com ele mesmo.

- É que ele não sabe que o amo... - os lábios da mais nova se cumprimiram buscando por alternativas. - Eu acho melhor eu ir dormir, para acordar cedo amanhã.

O loiro apenas acenou positivamente. - Boa noite, Ana.

Com toda a confusão que o cavaleiro havia feito, agora quem não sabia se estava fazendo o certo era ela. Ele aa incentivava a dizer a ele o que sentia, era como o Camus dizer a Ly para que dizesse que o ama, mas sem que o Camus saiba que quem ela ama é ele. Ela havia se colocado numa posição difícil. A cabeça repousou sobre o travesseiro e ali custou a sossegar, mas quando finalmente caiu em sono, os sonhos a levaram para longe.

Era mais ou menos quatro da manhã quando uma figura encapuzada adentrou o quarto, a ausência de cosmo fez com que tudo ficasse silencioso e quase impossível de sentir, e para melhorar, Shaka não havia dormido na cama para deixar Ana com os próprios pensamentos. As mãos foram rápidas passando a tinta azul pelas pontas do cabelo da menina, que eram enormes, isso facilitava muito, precisou manchar os travesseiros, mas valeria muito a pena. Depois do trabalho feito, a figura saiu por onde entrou.

A próxima parada foi a casa de leão. Aiolia dormia sossegadamente na cama virado para a cabeceira enquanto Ly dormia de bruços virada para os pés da cama, que era dividida por um imenso lençol negro, impedindo que eles se tocassem. Da mesma forma que fizera com Ana, a figura passou a tinta, desta vez vermelha, pelas pontas do cabelo da virginiana mais nova, que por estar de bruços deixava o trabalho mais fácil, pois ele conseguia ter acesso a todo seu cabelo. Depois de terminar ele retornou para a oitava casa, retirou o capuz e olhou para o mestre, que sentado sobre o trono, já sorria vitorioso.

- Conseguiu? - Milo perguntou.

- Claro. - Guilherme confirmou enquanto tirava as luvas improvisadas das mãos. - Amanhã elas vão acordar mais coloridas do que nunca.

-Ana azul e Ly vermelha? - Milo perguntou para saber se ele tinha acertado.

- Sim, sim. - mas foi ai que Guilherme se tocou de uma coisa, a tinta tinha um cheiro forte e por estar dormindo, ambas iriam inalar o cheiro. - Nossa... - ele se sentou aos pés do mestre. - Eu acho que vamos matar a Ly...

- Por quê? - Milo riu, para ele aquilo era brincadeira. - Do coração?

- Ela tem asma... - Guilherme disse já se desesperando. - E está dormindo enquanto sente o cheiro da tinta...

Enlouquecendo seus Ídolos - O Começo (Cavaleiros Do Zodíaco) Where stories live. Discover now