Capítulo vinte e sete

527 33 4
                                    

Lauren


Uma coisa que meu pai me dizia desde o dia que nasci é: Nunca pare de lutar, nunca desista e deixe de defender todos aqueles que você ama. Cada passo que eu dava meu coração parecia acelerar ainda mais, na metade do caminho havia achado marca de passos que eram a direção que eu seguia. O ar parecia prestes a faltar em meus pulmões, mas eu não podia fraquejar. Não agora. Se algo acontecesse com Lisa comigo por perto eu jamais me perdoaria. Jamais. Uma mãe jamais deveria ser culpada por machucar sua filha. Ou por não ter conseguido salvá-la a tempo. O rastro que eu seguia me levou até uma casa no meio da floresta. Uma das construções do antigo reinado que não terminaram. A casa que tinham sido construídas para que os proprietários de terra na região morassem.

Gritos finos podiam ser escutados. Os gritos doíam meus ouvidos e aumentavam minha agonia. Entrei no lugar e encontrei George inconsciente no chão, com as mãos amarradas para trás.

- Lisa! - gritei com a voz fina. - Lisa! Filha!

Um grito fraco e rouco pode ser ouvido do andar de cima, subi as escadas pulando alguns degraus para chegar mais rápido ao andar de cima. O que encontrei fez com que o pânico tomasse conta de mim, Lisa estava deitada na cama com o rosto úmido pelas lágrimas, os lençóis brancos da cama completamente sujos de sangue. Austin estava sentado do lado livre da cama segurando a minha neta.

Aquele desgraçado estava tocando na minha neta.

- O que você está fazendo aqui?! - perguntei me aproximando de Lisa.

Abracei o corpo frágil de minha filha que suava frio, seus olhos castanhos me olhavam era possível sentir o medo em seu olhar e ela pareceu unir toda sua força para segurar minha mão, puxando toda minha atenção para ela.

- Meu... Meu príncipe, mãe...

- Austin... As coisas não precisam ser assim.

Lisa estava com o rosto contra meu peito, ela tentava me abraçar por mais dolorida que estivesse seu braço tocou minha cintura como se novamente ela fosse uma bebê que precisasse de todo meu cuidado e de todo minha proteção.

- Você está mudada Lauren, muito mudada. Será que o desdém parou de escorrer pela sua boca enquanto você fala comigo? 

Minha paciência com ele parecia prestes a ir embora. O choro fino do bebê doía meus ouvidos, os bracinhos de minha neta se mexiam inquietos nos braços de Austin que a balançava com um pouco de força demais a faze chorar ainda mais alto. 

- Austin! Essa briga sempre foi nossa. Por que você tem esse vício em envolver as pessoas que amo? 

- Essa que é a verdadeira brincadeira, Lauren! Você tirou o poder, o país e a coroa de mim e eu tiro quem você ama de você. - Austin falou dando de ombros. - Não é bebê? 

Lisa soltou um grito desesperado e se jogou na direção de Austin, um grito de dor escapou por seus lábios e Austin pulou da cama se afastando da cama indo em direção ao outro lado do quarto. O choro do bebê ficou ainda mais alto, sendo que isso parecia impossível de acontecer. Eu segurava Lisa que estava completamente fraca em meus braços, aquela situação estava me deixando em pânico. Eu estava perdendo o controle de tudo para aquele louco. 

- Você ficou bem com esse cabelo, Lauren. Ficou incrivelmente bonita. Mas por que você se dá bem até com um corte de cabelo, uma família feliz e eu não tenho nada?! 

- Austin... - falei demonstrando minha confusão. - Você tem inveja de mim? 

- Inveja?! Eu sinto ódio! Você tem tudo que nunca tive, absolutamente tudo! - Austin gritou parecendo prestes a sufocar com as lágrimas. - Seus pais te amavam, queriam ver a princesinha deles feliz! 

- Eu não tenho culpa de nada disso, Austin! Não é culpa minha se você escolheu ser assim só porque seus pais não te deram amor o suficiente. 

Austin jogou a cabeça para trás e gargalhou, passou a segurar o bebê com uma mão por alguns segundos para passar a mão no rosto e secar suas lágrimas. Aquela explosão de sentimentos estava começando a me assustar. Ele parecia completamente fora de si. 

- Mas eu vou te amar muito, não é pequeno? Vou ser o melhor pai do mundo... O pai que vai te amar, cuidar de você. 

- Solta o meu filho! - Lisa gritou com lágrima nos olhos. 

- Se eu soltasse essa criança ia se machucar tanto... Coitada... Poderia nem sobreviver. - Austin sorriu ao falar. 

- Vá. 

Aquela pequena palavra de duas letras possuiu significado o bastante para que a risada de Austin cessasse, ele me olhava confuso e Lisa soluçava de tanto chorar. Era melhor para todos deixá-lo ir com o bebê, depois iria encontrá-lo, Austin não sabia se manter escondido. Nem mesmo se ele quisesse conseguiria se manter isolado por tanto tempo. Conhecendo bem seu jeito eu sabia que Austin iria continuar com o bebê, só para ter um troféu, dizendo a todos que aquele era meu neto e que ele o tinha tirado de mim.

- Até a votação do parlamento, Lauren. 

E então ele saiu, com o bebê praticamente escondido em seu casaco. Me senti fraquejar e caí de joelhos ao lado de Lisa segurei sua mão, apesar de toda a dor nós duas choramos juntas. Aos poucos meu corpo foi indo em direção a cama e nós duas choramos em silencio. 

- Me perdoe filha... Me perdoe. - implorei com a voz embargada. 

- Vamos para o palácio. 

Lisa jamais se permitiria sofrer. Como ela e George estavam em situação difícil sai da casa e refiz o caminho correndo apressada, assim que cheguei no palácio pedi para que não falassem para Camila que eu havia chegado. A ordem foi para que cercassem a região e que se fossemos rápidos ainda conseguiríamos pegar Austin. Entrei em um dos quartos de hóspedes do palácio e me permiti chorar. A água quente da banheira relaxava cada músculo de meu corpo mas era impossível acalmar meu coração e minha alma. 

Ambos doíam por um erro meu. Eu havia deixado Austin ir embora e ele continuaria sendo uma maldição em nossas vidas. Graças a mim. Lauren Jauregui, a mãe que havia destruído a vida de sua própria filha. 


Royal Or Rebel IIIWhere stories live. Discover now