Capítulo dez

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01 julho de 2040

A vida pode ser maluca, mas não maluca em um sentido divertido. A vida nunca vai ser maluca como um personagem psicótico de uma história em quadrinho ou como personagens de um circo. A vida sempre vai ser maluca de uma forma que nos afeta, que nos surpreende e causa grandes mudanças em nossa vida. A vida é como uma piada, que nos desagrada. Como nas revistinhas de um herói conhecido como homem morcego que Lauren lia algumas vezes, sempre quando achamos que tudo está bem, o vilão volta para transformar tudo em um pesadelo. Novamente. Não, mas é claro que Austin não voltou, dessa vez o vilão é a separação. Toda separação deixa marcas permanentes em nossa vida e não marcas permanentes boas como fotografias de um bom momento. Deixa aquelas marcas ruins, que fazem com que algo bom dentro de nós morra.

A felicidade de Ally havia morrido. Cada grama de felicidade que tinha em seu corpo havia ido embora junto com Troy. Aquela felicidade que sentia por ter uma família completa havia ido embora. Por decisão do casal, o homem levou o filho do casal, para criá-lo, deixando Ally com Karla. Mas nesse momento, a mulher não tinha força para nada. Se sentia como um monumento derrubado, sem deixar nenhum pedaço intacto para contar sua história. Todas tentavam de alguma forma animar Ally, mas não tem como se animar uma pessoa destruída. Todos estavam na sala de refeições fazendo o lanche da tarde, um silêncio maldito tinha acertado em cheio o ambiente.

- Eu poderia contar uma piada, mas vocês falam que sou péssima nisso então deixe para lá. - Camila falou quebrando o silêncio.

- Conte uma, se não for boa quebro essa garrafa na sua cabeça.

O jeito mal humorado de Dinah fez com que todos rissem. A mulher agora tinha um nervosismo que chegava a ser engraçado, a causa dessa oscilações de humor ninguém sabia. Era como se uma onda de acontecimentos horríveis tivesse contaminado todo o palácio. Começando por Dinah, que a algumas semanas havia admitido ter dado uma "puladinha básica de cerca" com um de seus ex clientes na época de cabaré, Normani tentou matá-la enforcada, um plano que só serviu para deixar um roxo no pescoço da mulher.

A onda de coisas ruins havia chegado até mesmo para Camila e Lauren. Camila havia ficado com uma febre de quarenta grau por três dias seguidos, era como se em cinco dias de doença toda sua vitalidade tivesse ido embora. E Lauren, acabou tendo um ataque histérico com um dos principais importadores de comida do país. Isso resultou em algumas ameaças. Ally, se esforçava para cuidar de sua filha tentando demonstrar ao máximo que não sentia falta de Troy. O que era uma mentira. Lisa apareceu com um roxo no braço e um pequeno corte em sua boca, disse que havia caído de uma escada, o que ninguém acreditou. Lauren se sentia tão cansada que preferiu não averiguar a situação.

- Lauren, precisamos conversar. - Normani falou no fim do lanche da tarde. - E isso precisa ser exatamente agora.

- Claro, Camila será que você poderia me esperar aqui?

Camila simplesmente balançou a cabeça concordando. As duas mulheres saíram do salão, caminhando até a sala de jantar que a essa hora estava obviamente vazia.

- Camila tem alguma cicatriz nas costas? - Normani perguntou ao fechar a porta.

- Não que eu tenha visto alguma... Por que a pergunta?

Normani deixou que o cansaço e a impaciência lhe vencesse. Se jogou em um pequeno sofá do lugar e olhou para Lauren forçando um sorriso, precisava contar para alguém sobre essa história das cicatrizes.

- Dinah tem cicatrizes horríveis. Sabe o que são marcas horríveis? Exatamente. Ela tem as piores coisas que alguém pode ter no corpo. E nunca me falou o porque disso... Achei que Camila poderia ter lhe dito algo.

Royal Or Rebel IIIWhere stories live. Discover now