Capítulo XIII (Continuação)

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Dirigimos em direção ao ecrã da aplicação e aparece a imagem de uma doca, a St. Katherine's Dock, localizada em Tower Hamlets.

-Eles estão lá? - pergunta o Cristovinho um pouco aflito. - Eu conheço esse lugar, é perto da casa de uma amiga minha da faculdade.

-Se tudo correr bem eles estão lá! Vou avisar o outro carro para eles alterarem a rota! Em breve chegamos lá! - Explica o detetive.

O Cristovinho ao ouvir tal informação chega-se ao pé do Coimbra e sussurra-lhe:

-Eu tenho cá os meus contactos, tem calma! - Diz ele um pouco aflito, mas ao mesmo tempo determinado. - Agora é que vai começar a festa!

O Coimbra olha para o Cristovinho receoso, mas nota-se que ele não que saber. Ele precisa de conseguir resolver isto o mais rápido possível! Sente falta do seu companheiro! Ainda por cima, sabe quem conhece este local muito bem. A amiga dele, Joana, estudou com ele e atualmente vive perto do local para onde estamos a ir e decide ligar-lhe.

-Alô? – Pergunta a Joana do outro lado do telemóvel.

-Jô! Preciso de ti! – Exclama.

-Só te lembras de mim agora! Estou cheia de saudades tuas! Vens cá a Inglaterra? – Pergunta-lhe.

-A sério Jô! Não é hora para estas coisas! O Francisco está em perigo e estou aqui em Inglaterra e sei que tu conheces o local onde parece que ele está! -Conta-lhe de uma maneira triste.

-Isso é horrível! Então, o que posso fazer por ti? – Pergunta preocupada.

-Conheces o pessoal daqui, não? – Pergunta o Cristovinho para ela.

-Relativamente! Porquê? - Questiona incrédula.

-Sabes onde tens aquele teu barco atracado em St. Katherine's Dock? A chamada vem daí! Sabes onde ele possa estar ou consegues saber? – Explica o Cristovinho preocupado.

-Não sei de nada, mas sei que tem lá armazéns de industriais e para aí seis ou sete estão abandonados! Mas vou tentar informar-me com um colega meu que vive mesmo pertinho e mal tenha novidades eu entro em contacto contigo! – Explica a Joana.

-Obrigada meu amor! – Exclama alegremente.

-Cristovinho, ouve! Vai tudo correr bem! – Diz a Joana, tentando acalmá-lo.

-Esperemos que sim! – Afirma ele, mas com pouca convicção.

Desliga a chamada e fica uns momentos a olhar para o telemóvel.

-Então? O que é que ela disse? – Pergunto-lhe curiosa.

-Vai-me dar informações mal saiba de alguma coisa! - diz para nós apressadamente, enquanto o detetive tenta acelerar ainda mais, para chegarmos o mais rápido possível.

-Como estará o Kasha? - Penso e pergunto bastante duvidosa para eles. Limitam-se apenas a olhar para mim e não pronunciam uma única palavra.

-Mano, - pergunta o Coimbra - ainda não há novidades?

-Infelizmente ainda nada. – diz, tristemente, o Cristovinho.

O telemóvel dele vibra e recebe uma mensagem. Ficamos todos a olhar para ele uns segundos.

-Pega nele e lê!! De que estamos à espera? – Diz o Coimbra impaciente por ter novidades.

Pega no telemóvel, desbloqueia-o e abre as mensagens, lendo-a em voz alta para todos ouvirem também.

"Cristo, NOVIDADES: O meu amigo, o Rui, disse-me que há um edifício antigo na doca que não está a ser usado por ninguém e que uns colegas ouviram barulhos estranhos, mas como podiam ser delinquentes não foram lá com medo. Pode ser uma pista para nós! Ah... e ele quando vinha embora viu um aglomerado de homens numa parte escondida da doca a olhar muito para o rio... não sei se poderá ter a haver, mas neste momento tudo conta. MAS, POR FAVOR, toma cuidado! Por favor! Beijinhos e depois diz alguma coisa."

Continuo sem saber muito bem se vamos conseguir ou não chegar lá a tempo para salvarmos o Francisco, mas eu ainda tenho um pouco de fé que isso aconteça com sucesso. Ainda por cima com esta novas informações, que já foi passada aos detetives responsáveis pela operação espero que consigamos chegar mais rápido lá!

-Alguma ligação por parte do Francisco ou de algum agressor? – Pergunta-me o detetive que está connosco no carro.

-Para já mais nada! Nem uma mensagem! – Explico desapontada.

-5 minutos para chegar ao destino. - diz o Cristovinho que acompanha a viagem pelo GPS. Ficamos todos mais nervosos com a aproximação ao local onde ele eventualmente pode estar. Estamos todos nervosos, até mesmo o próprio investigador.

Chegamos St. Katherine's Dock e sentimos a brisa fresca na nossa cara. Estamos ainda mais preocupados porque o silêncio reina no local. A minha mãe faz sinal para mim a dizer que vai avançar nas buscas e segue sozinha, seguidamente foi o detetive por outro lado e eu fiquei com o Cristovinho e com o Coimbra no carro. Mas, nem eu nem eles, somos de estar parados e tentamos encontrar alguma maneira de ajudar. Ao meu lado encontro uma pequena falha entre os bancos e coloco lá a mão. Encontro uma arma que parece ter um bom calibre. Analiso-a com muito cuidado e vejo se ainda há reservas de munições.

-Malta, tem aqui uma arma! – Exclamo para eles.

-Em que estás a pensar, Sofia? – perguntam-me em coro.

-O que contribuo eu estar aqui sentada, sem fazer nada?? - Escondo a arma no bolso das minhas calças e tapo com a minha camisola. Abro cuidadosamente a porta do carro e sigo e sinto um cheiro estranho, algo que não consigo explicar... À minha frente tenho uma rua estreita que parece dar a um "rio". Não sei porquê, mas tenho um pressentimento que devo de seguir essa rua e, cuidadosamente, sigo em frente. Eles ficam no carro, mas ainda me tentam chamar à atenção.

Tento ouvir para dentro dos armazéns, a fim de perceber se uma das vozes é a do Francisco e nada! Está tudo em silêncio...finalmente, chego ao fim da rua e encontro um género de canal. Reparo numa leve ondulação e olho para todos os lados do canal, para tentar perceber se alguém o levou de barco.

-Finalmente encontramo-nos, filha! - Diz uma voz que se encontra atrás de mim. É o meu pai, aquele que eu pensava que estava morto... Um arrepio acaba de me abalar a minha espinha. Nunca mais pensei em ouvir novamente a voz dele.

-P....Pai? - pergunto eu espantada, enquanto me viro em para ele. Olhamo-nos olhos nos olhos por uns segundos. - O... O que lhe fizeste??

-O que devia de ser feito! Jurei para mim mesmo que nunca um homem havia de te tocar e de namorar contigo, porque tu és só minha. - Diz ele friamente.

O meu coração aperta e sinto-o a gelar.

-Não foste capaz disso! -grito fortemente e aflita para o meu pai. As lágrimas percorrem a minha face, assustada com tudo o que se está a passar, mas tento-me manter o mais firme possível. – Já não basta tudo o que passei contigo em criança e ainda fazes isto comigo? Por que é que meteste aquelas fotografias na nossa antiga casa?

Lentamente, o meu pai chega-se a mim e eu coloco a minha mão direita no bolso onde tenho a arma.

-Minha querida.... - Diz ele.

-Não me chames isso! - Exclamo e coloco a minha mão esquerda à minha frente para ele não se aproximar mais de mim. Apesar de ele ser meu pai, temo a minha vida. - O Kasha é tudo para mim, percebes? Ele foi uma pessoa que me fez feliz...

-Ninguém te fará feliz como eu te fiz! - Diz ele rapidamente e enfurecido. – E tu sabes muito bem o prazer que tive a tirar-te aquelas fotografias.... Tu gostavas tanto!

-PARA! Tu foste sempre um monstro para mim! - Digo com todas as forças que ainda tenho dentro de mim. - Olha para ti, no que te tornaste! Ainda estás muito pior do que eras quando eu era mais nova!

-Filha, nunca mais digas isso! - Grita-me.

-É a verdade! És um MONSTRO! - Exclamo para a cara dele.

Ele olha-me com um olhar enfurecido...nunca ninguém me tinha olhado assim. Ao contrário daquele olhar do Francisco quando nos conhecemos, este é um enraivecido e sem cor....sem amor e carinho...Sem nada. Aponta-me uma arma à cabeça e eu perco todas as minhas forças... Nunca pensei que ele fosse capaz!

-Nunca mais vais voltar a dizer isso! - Exclama ele ao preparar o gatilho para me atirar contra mim. – Eu sou capaz de tudo! Se já o matei, não tenho problemas de te matar agora.


Amar, sonhar, sorrir e chorar ||D.A.M.A (Concluída)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora