Capítulo X

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-Vá lá Kasha! Acorda por favor! Eu faço de tudo para te ter aqui outra vez! -dou-lhe um beijo na testa e arranjo os seus cabelos que estão todos despenteados. E nem sinal de que acorde... Como é que isto nos foi acontecer? Como?

Agarro-o com as forças que me restam, mas a dor de aflição que está presa no meu peito só me faz perder a esperança que isto tenha um desfecho feliz.

-Não me faças isto, por favor! Só mais um milagre! Só mais um! -digo eu. Mas nem um reflexo ele tem.

Vejo ao fundo o Coimbra a correr na minha direção. Ainda tento mexer-me, mas não quero deixar o Francisco desprotegido. Começo a ouvir as ambulâncias e caio na realidade! A policia junta-se também e eu fico cada vez pior. Eles vêm ter comigo para proceder ao levantamento de testemunhos e para nos levarem para o hospital.

-A senhora está bem? Que lhe aconteceu? - pergunta-me um senhor do INEM.

-Não tratem de mim, mas dele! Ele nem se meche nem nada, por favor, façam alguma coisa! -grito desesperada.

-Tenha calma! Consegue levantar-se? - pergunta-me.

-Eu não o vou deixar aqui! Por favor! Não o deixem aqui! - Imploro. Por mais esperança que eu deposite na recuperação do Francisco, cada vez que eu o olho perco metade de mim e toda essa minha esperança desaparece. Está tão frágil, tão desamparado...

Vem outro enfermeiro auxiliar o senhor do INEM para poder tratar do Francisco. A aflição de o deixar ali é mais que muita, mas não me deixam outra alternativa. Vou noutra ambulância para o hospital e não sei mais nada dele. O Coimbra fica com o Francisco e o Cristovinho nem se digna a aparecer... A culpa foi em parte minha, porque, talvez possa ter dado confiança a mais ao Cristovinho para ele se aproximar de mim e gostar de mim desta forma, mas por outro lado, se o Miguel não tivesse assumido aquilo, nada disto tinha acontecido.

Já no hospital, as enfermeiras levam-me para dentro e instalam-me num quarto sozinha. Estou há espera que cheguem os resultados e que cheguem mais informações acerca do estado de saúde do Francisco.

-Sofia, a senhora tem só umas fraturas ligeiras, por isso temos que a tratar. – Diz o médico, ao pegar na minha mão e começa a tratar o meu pulso, a parte mais afetada.

-O senhor Francisco Pereira já chegou? Ele está bem? - pergunto. O senhor olha para mim e não responde nada.

-A menina tem que descansar. -diz o médico. - Está muito chocada com tudo isto!

Ele sai do quarto e eu encosto-me á minha almofada e olho pela única janela que o meu quarto tem. Nem devem de passar 5 minutos desde que o medico saiu do quarto e batem á porta. Eu faço de conta que não ouço. Não quero ser incomodada por ninguém, depois do que aconteceu esta tarde virem com perguntas ou lamechices sem eu saber nada do Francisco só me colocam pior. Não obedecem ao meu sofrimento e abrem-na devagar e eu fecho os olhos para não perceber quem é e abstrair-me um pouco desta situação. Quem é aproximou-se mim. Começo a sentir umas mãos leves a tocarem o meu corpo e um beijo suave nos meus cabelos, mas continuo sem me virar.

-Sofia...- pronuncia uma voz um pouco rouca e nervosa.

Eu viro-me e reparo que é o Miguel Cristovinho. O olhar de profunda tristeza abalou ainda mais o meu sentimento neste momento! Mas ao mesmo tempo estou profundamente irritada com ele! Não percebo o que vai naquela cabeça....

-Cristo, o que estás aqui a fazer? -pergunto-lhe de uma maneira fria, secando as lágrimas. -Sai daqui, já!

Ele olha para mim, como se eu estivesse a dizer a maior barbaridade da minha vida e senta-se na beira da cama, pegando na minha mão. Eu largo-a logo e tento virar-me para o lado contrário, mas ele segura as minhas pernas para não me mover.

Amar, sonhar, sorrir e chorar ||D.A.M.A (Concluída)Där berättelser lever. Upptäck nu