Capítulo III

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"Nem sempre é fácil perceber se realmente amamos alguém para avançar na relação, mas eu amava-te demais para esquecer toda a paixão que nos rodeava."

Mais de oito dias passaram desde que nos encontramos pela primeira vez. Desde então, temos conversas sobre os mais variados temas no Facebook: futebol, desporto que ele diz ser completamente fã do sporting, mas eu não faço ideia do clube que é, apenas fingindo para parecer uma pessoa culta, músicas novas que saíram estrangeiras, entre outros assuntos. Aliás, comecei a ouvir música pimba, género musical bastante enraizado cá em Portugal, por causa dele.

É domingo, dia do concerto deles, concerto esse que fui convidada e não faço mínima ideia de como lá chegar...dirijo-me ao computador e pesquiso o tal parque Eduardo Sétimo e reparo que é ainda bastante longe de minha casa! Ainda por cima com o trânsito que esta cidade tem todos os dias, mais difícil é de lá chegar, mas como é domingo pode ser que não seja tão complicado.

Começo-me a arranjar para sair. No meio da confusão que é o meu quarto tento encontrar uns calções curtos de ganga, que particularmente adoro, e uma blusa rendada. Meto numa mochila castanha pequena os meus óculos de sol, os meus documentos e vou procurar uns ténis confortáveis para levar.

-Noc Noc! Sofia? Estás aí? - Pergunta a minha mãe do outro lado da porta.

-Podes entrar Mãe! – Grito do lado de cá da porta, enquanto tento enfiar o ténis esquerdo no meu pé. – Mãe, acho que fiquei mais gorda de pé, porque ele não entra!

A minha mãe ri-se e senta-se ao pé da cama e eu aproveito fazendo o mesmo.

-Minha querida, eu sei que és muito bonita, mas não sabia que já tinhas pretendentes logo nas primeiras semanas cá em Portugal! – Coro de uma forma intensa...Não sei o que lhe dizer neste momento! Eu não tenho nada com ele só que a verdade é que começo a gostar dele, mas ainda é muito cedo para concluir alguma coisa.

-Eu estava a brincar contigo, não precisas de ficar assim tão corada! - exclama ela, vendo o meu nível de vermelhão nas bochechas- Mas sabes, tenho aqui uma coisa que te deixaram na caixa do correio.

Ela entrega-me um envelope de cor branco sujo, com o meu nome e nada mais escrito e sai do quarto. Fico deveras curiosa com tal envelope...ninguém sabe onde é que moro e a única pessoa que sabe da minha existência cá é o patrão da empresa onde fui à reunião há pouco tempo. Mas, analisando bem, cheira ao mesmo perfume que o Francisco usa e seria uma grande coincidência estar uma carta aqui com o mesmo cheiro dele e não ter sido ele a colocá-la. Abro-a e leio a mensagem escrita:

"Querida Sofia, parece do outro século escrever uma carta, mas acho mais querido assim. Sei que, supostamente, não sei a tua casa, mas eu consigo descobrir tudo! E, como sei que tens que apanhar um táxi para chegar até ao local do nosso concerto, tomei a liberdade de pedir ao meu chofer privado para te ir buscar. Além disso, é bom que estejas pronta, porque vais jantar connosco. Sete ao pé de tua casa! Assinado, Kasha"

É que só pode estar a brincar comigo! Ele deu-se ao trabalho de encontrar a casa onde moro e de me escrever isto. Realmente, este Francisco é uma pessoa muito dedicada. Olho para as horas e reparo que está quase na hora que ele disse! Um retoque aqui e ali e saio apressada do meu quarto em direção à cozinha, onde está a minha mãe a fazer o jantar.

-Sofia, não vais jantar em casa? – Pergunta-me com o interesse de saber mais pormenores acerca da minha saída.

-Pelos vistos tenho coisas combinadas para hoje! Desculpa mãe. – Digo-lhe, beijando carinho a testa dela com e saio da cozinha. Ainda me berra para ir buscar o casaco, mas já não tenho tempo para isso e desço as escadas, abrindo a porta.

Amar, sonhar, sorrir e chorar ||D.A.M.A (Concluída)Where stories live. Discover now