Capítulo XI

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-Tem mesmo a certeza que o pai de Sofia está vivo? –pergunta, intrigado, o Francisco à minha mãe.

-Sim Kasha, tenho a certeza! – Responde-lhe bastante assustada

Ficamos parados a tentar interiorizar esta afirmação da minha mãe.

-Como é que isso é possível? –pergunta o Cristovinho. – Será ele por detrás destes últimos incidentes?

-Se é ele pode fazer sentido! – Digo eu muito assustada.

-Por que é que dizes isso, Sofia? – Pergunta, aterrorizada, a minha mãe.

-Basicamente, ele uma vez disse-me que iria matar todos aqueles que namorassem comigo e que eu era só dele... - Digo-lhe com uma vontade imensa de chorar. Reviver o meu passado não é algo que eu queira neste momento, muito mais quando a pessoa que eu mais amo está a sofrer tanto por minha culpa.

-Não, não é possível! Tu estás a falar do mesmo pai que eu conheci? –pergunta a minha mãe apavorada. – Deves de estar a confundir as coisas! Ele nunca iria dizer desse jeito!

O Francisco e os dois Migueis estão cada vez mais espantados com o que está a acontecer. Eles nem querem acreditar nas palavras que saem da nossa boca.

-Eu vou dar uma volta! Não consigo estar mais aqui. Preciso de espairecer. Eu vou dando noticias minhas. Meninos, por favor, tenham cuidado! – diz a minha mãe ao sair de casa.

Nota-se bem que ela está bastante stressada e acima de tudo com medo do que possa vir a acontecer. O Miguel Coimbra e o Cristovinho aproveitam e vão buscar umas cervejas e sentam-se no sofá da sala. O Francisco, ao invés, vem ter comigo e dá-me um abraço forte e sentido. Sinto-me protegida com ele ao meu lado, mas por outro lado, sinto que não sou a melhor ajuda para ele neste momento. Olho para ele e noto que está pensativo.

-O que é que se passa Kasha? – Pergunto intrigada.

-E agora, se for mesmo ele o que vamos fazer daqui para a frente? Vai tudo acabar entre nós? – Pergunta-me num tom sério.

-Eu não quero isso, Kasha! Era a pior coisa que podíamos fazer! Eu quero ir em frente, batalhar contra ele e só eu é que posso fazer isso.... Nem tu nem a minha mãe me podem ajudar! A única alternativa é eu afastar-me de ti por uns tempos e ir à procura dele. – Explico-lhe direitinho toda a ideia que quero seguir daqui para a frente. Se for ele, certamente que me vai querer ouvir e vai ter muito para explicar. E só eu é que o posso encontrar e falar com ele. Mas também não quero colocar ninguém em perigo.

-Sofia, se é o que tu queres eu não te vou abandonar! Independentemente do que possa ou não acontecer eu vou acompanhar-te sempre! E é isso que eu vou fazer agora e não vale a pena dizeres que não! - Exclama ele, tocando na minha mão esquerda suavemente com a sua. Eu olho para ele e não consigo dizer uma palavra. – Tu sabes que eu só quero o melhor para ti e eu quero estar sempre contigo!

-Tens mesmo a certeza disso?? Sabes que eu não quero que tu corras perigo de vida por minha causa e eu jurei a mim própria que se a culpa disto tudo fosse minha eu própria iria afastar-me de ti para não te colocar em perigo! Tu não mereces nada disto! – Exclamo, tentando que ele mude de ideias relativamente ao que ele quer fazer.

-Tenho mesmo a certeza, Sofia! E não sou só eu que estou em perigo, pois tu também estás e não mereces nada disto. – Diz-me afastando-nos um pouco mais da beira deles. – Agora vamos a um sitio. Está na altura certa!

-Estás maluco? Vamos sozinhos? E se nos apanham lá fora e ainda nos matam? – Pergunto com medo que alguma coisa lhe aconteça.

-Não te preocupes! Eles não vão fazer nada agora! – Diz-me afastando-se um pouco de mim. Pega rapidamente no telemóvel e faz uma chamada.

"Meia noite, Cais de Gaia ao pé das caves! BMW preto.".

O Francisco desliga a chamada e volta novamente para a minha beira. Não falamos sobre o assunto e saímos para ir jantar e seguidamente ir a esse mesmo local, cais de Gaia.

A lua já paira no céu, mas ainda se sente o calor das noites de Verão no Porto. As pessoas andam animadas na rua e o Francisco tenta evitar as multidões e mete-se por caminhos mais resguardados. Aliás, neste momento todos os cuidados são poucos. Olhamo-nos por uns momentos e eu tento perceber o que se está a passar.

-Kasha, é agora a altura de me explicares o que se está aqui a passar! – Exclamo.

-Tem calma. Só quero que confies em mim! – Diz-me serenamente.

-Como é que posso confiar que é alguma coisa boa se tu nem me dizes com quem é que vamos nos encontrar! – Afirmo um pouco furiosa com ele, mas, mais que tudo, nervosa.

Finalmente, ele para o carro numa rua com muito pouca luminosidade, parece mesmo uma rua que saiu de um daqueles filmes de suspense.... Parado ao pé do carro dele estava um outro carro comprido, que só que olhasse com atenção é que o descobria, pois confunde-se muito com os edifícios velhos que se encontram ao nosso lado esquerdo. Lá dentro, está um homem, que lentamente abre o vidro e inspeciona o nosso carro. Dirige-se a nós, mais propriamente ao Francisco, saindo do carro com o seu cigarro na mão. O Francisco sai igualmente e ficam uns instantes a falar à frente do nosso carro.

Ao fim de uns minutos de conversa o homem, de cujo nome eu desconheço entrega-lhe um pacote para a mão e eu só temo que seja o pior e saio imediatamente do carro.

-Kasha, enlouqueceste de vez? DROGAS?? Foi para isto que me trouxeste aqui? Foi? Para me mostrares que és dependente? – Exclamo irritada para cima dele.

-A tua miúda é sempre assim, precipitada? Tem calma, aqui ninguém lida com essas coisas! Também mata, mas não é isso! – Afirma o homem com um tom um pouco arrogante.

-Sofia, isto é a nossa proteção! Se queres avançar com as coisas temos que ter proteção senão podemos correr o risco de ambos morrermos! – Explica-me colocando a sua mão suave sobre a minha. Penso um pouco no assunto e compreendo que é o melhor para os dois.

Voltamos silenciosamente para o carro e ele entrega-me uma das armas, colocando-a depois na minha carteira.

-Isso vai ser a nossa vida daqui para a frente! Só vamos conseguir avançar se tivermos isso sempre connosco. – Informa o Francisco. Eu aceno com a cabeça em jeito de afirmação.

-Mas, e agora? O que vamos fazer, Kasha? – Pergunto-lhe.

-Vamos atrás da verdade. -Diz-me olhando diretamente para os meus olhos e sentindo o meu medo em relação ao futuro. Ele liga o carro e seguimos novamente em direção ao hotel.

A viagem corre de uma maneira calma. Só consigo pensar no facto de nem eu nem o Francisco estarmos preparados para o que vem a seguir, mas temos que ser capazes de lutarmos sozinhos. Vai ser uma batalha difícil, acredito! Ajudas serão poucas e se realmente for o meu pai, é como digo, só eu poderei acabar com isto e dar um descanso ao Francisco. Não é justo o que nos está a acontecer, mas se é guerra que ele quer é guerra que ele terá.

Amar, sonhar, sorrir e chorar ||D.A.M.A (Concluída)Where stories live. Discover now