Capítulo IX

464 34 26
                                    

"Não sei como nunca morri com os sustos que passei contigo, mas fico feliz por isso nunca ter acontecido! Desculpa por todas as vezes que eu te coloquei em perigo."

Cerca de um mês passou desde o dia em que recebemos aquela mensagem e desde então não passa uma semana sem ele receber um telefonema estranho. Sei bem que ele anda assustado com tudo isto e claro que todos nós estamos preocupados com ele. Sinto que ele não me tem contado tudo para eu não me assustar mais, mas as coisas não estão mesmo nada bem. E com isto tudo já estamos em agosto e cada vez mais perto do último concerto da tour deles.

Hoje é mais do mesmo: ir para estúdio, trabalhar em novas músicas e aproveitar para perceber como é que tudo funciona, porque eu não percebo muito das ferramentas que eles têm ao dispor e assim vou percebendo tudo para depois poder ajudá-los mais. Mas acordei com a sensação que não vai ser um dia muito bom e não me costumo enganar quanto a isso. Ontem já falei com a minha mãe sobre estas ameaças e ela já colocou um plano de proteção em desenvolvimento, mas está à espera de autorização para o aplicar... a policia portuguesa ainda demora uns dias a autorizar planos para estas situações e a colocá-los em prática.

Decido tirar a manhã hoje para escrever um pouco do que se tem passado desde que cheguei a Portugal, mas reparo que o Miguel Cristovinho chega sai mais cedo do estúdio para almoçar, um pouco agitado e nervoso. O Francisco fica com o Coimbra e com o produtor a falar sobre música e assim, mas também o sinto bastante estranho.... Será que se passou alguma coisa que não me contou?

-Sofia, vamos almoçar? – Pergunta o Francisco, pegando na minha mão e largando o que eu tinha na outra. Eu levanto-me e vou com ele e com o Coimbra almoçar.

Seguimos rua fora e entre mandar mensagens ou simplesmente a apreciar a vista chegamos ao hotel. Encontramos o Cristovinho sentado na mesa que tinham reservado para almoçar e vamos na sua direção sentando-nos ao pé dele.

-Cristo, hoje saíste com uma rapidez do estúdio! – exclamo para ele dando um encontrão no ombro dele em jeito de brincadeira, mas ele não reage. – O que é que se passa com vocês hoje?

-Sofia, prefiro que não o saibas! – explica o Francisco um pouco rude. Fico a olhar para eles a tentar perceber o que se passa, até porque o Coimbra se afastou um pouco do Francisco.

-Pessoal, mais vale ela saber! – diz o Coimbra para os outros dois e ainda fico mais confusa.

-Saber o quê? – pergunto confusa e ao mesmo irritada com o facto de eles não me contarem nada e estarem ali com caras de furiosos. – Kasha, podes dizer-me o que eu preciso saber?

-Pergunta a ele! – Exclama apontando para o Cristovinho.

-É? Queres mesmo que eu diga, Kasha? – Pergunta ao Francisco, virando rapidamente a sua cara para mim. - Eu gosto de ti, Sofia! – Exclama. Eu fico incrédula e sem palavras com o que acabo de ouvir e só vejo o Francisco a levantar-se do seu sítio e a ir em direção ao Cristovinho, bastante irritado.

-Seu sacana! Eu pensava que eras meu amigo! - diz-lhe furioso. Puxa-lhe pelos colarinhos da camisa e atira-o da cadeira abaixo. Ele fica tão enfurecido com ele que arregaça a manga da camisola e dá-lhe um soco na cara. O Cristovinho começa a sangrar do nariz e ainda lhe dá outro. -Isto é por traíres a nossa amizade!

As pessoas que lá estão a almoçar vêm ter connosco para os tentarem separar e o Coimbra também tenta ajudar, mas sem sucesso. Continuo sem conseguir proferir uma única palavra e só quero desaparecer dali! Não consigo acreditar, simplesmente não consigo! Eu a pensar que ele era amigo dele e depois acontece isto...em quem é que eu realmente posso confiar?

-Kasha, o que estás a fazer? Com tanta gente aqui vais andar á porrada? Acalma-te! – Grito na esperança que ele e ouça e pare com isto, mas nada.

-Eu preciso é de paz neste momento! – exclama, saindo disparado do hotel.

Estou completamente despistada com a atitude dele! Eu nunca pensei que tal acontecesse! É um dos seus amigos do peito e faz-lhe isto! Eu saio atrás dele para tentar apanhá-lo, mas ele vai muito mais rápido que eu e, pior que tudo, desnorteado. Cada fração de segundo o meu coração aumenta a frequência cardíaca. Cada vez mais sinto que ele pode cometer algum erro e eu não vou conseguir ajudá-lo.

De repente só consigo ouvir o chiar dos pneus de um carro. Olho diretamente para a direita e vejo um carro a aproximar-se dele rapidamente! Por mais que tente correr para o ajudar, as minhas pernas não se movem!

-KASHA!!! CUIDADO! - grito ao atirar-me por completo para cima dele.

O carro ainda toca em mim, mas ele embateu mesmo com muita força nele.... Só consigo puxa-lo para a berma da estrada antes do carro arrancar a fundo e desaparecer. Ele cai inanimado em cima de mim e eu, ainda que um pouco ferida, aguento o peso dele.

-Kasha? Kasha?! Por favor, responde! -grito chorando de aflição.

Sinto o Francisco muito fraco e só temo o pior.

Amar, sonhar, sorrir e chorar ||D.A.M.A (Concluída)Where stories live. Discover now