O dia seguinte

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Belinda

Meus olhos demoram a se acostumar com a claridade. Ouço uma música baixa, como se alguém estivesse cantando a quilômetros de distância. Fecho várias vezes tentando focar algo no espaço claro que é meu quarto.

Estou sozinha. Há apenas uma TV. Agora sei de onde vem à música. Um DVD de Ed Sheeran está sendo transmitido. Meu artista preferido, minha música preferida.

O que está acontecendo? Onde está todo mundo?

─ Você acordou. ─ uma enfermeira aparentando ter um pouco mais de trinta anos entra no quarto trazendo uma bandeja em uma de suas mãos.

─ Por que estou aqui?

─ Você está no quarto pós-cirurgia.

─ Pós-cirurgia?

─ Calma, logo o seu médico virá conversar e explicar todos os procedimentos. Vim apenas fazer a troca do soro e ver se você já havia acordado.

Aguardo impacientemente enquanto ela faz todo o seu trabalho. Olho para a porta nervosamente e ninguém passa por ela. Começo a acreditar que ninguém sabe que estou aqui.

Depois de uma eternidade, a enfermeira sai e o médico entra no quarto.

─ Bom dia, Belinda, como está se sentindo?

Ele parecia muito feliz em me ver acordada.

─ Confusa. O que está acontecendo?

─ Sua cirurgia foi um sucesso.

─ Minha cirurgia?

─ Encontramos um doador para você.

─ Como? Quando?

─ Na verdade, foram seus pais. No dia em que você me pediu para sedá-la devido às dores, e seu namorado querer derrubar o hospital. ─ ele estava rindo.

─ Kadu? ─ perguntei surpresa. ─ Ele está aqui?

─ Esteve até uma hora atrás. Aliás, todos estiveram. Tive que obrigá-los a irem para casa após dias aqui. Você tem grandes amigos, pais e um namorado muito teimoso.

Namorado.

Será que ele ainda era meu namorado depois da carta?

─ Como está se sentindo? Dores, tontura?

─ Eu ainda não acredito, como conseguiram alguém compatível? Quem é o doador?

─ Seu irmão.

─ Irmão? Não tenho irmão. Sou filha única. ─ falei totalmente surpresa.

─ É uma longa história que seus pais vão lhe contar com calma. Agora preciso levar você para fazer mais alguns exames e depois, mais tarde poderá receber visitas.

Ele saiu do quarto, deixando minha cabeça mais confusa do que nunca.

Como assim, meu doador foi meu irmão?

Eu era filha única, não era?

Dois enfermeiros entraram na sala, um deles era a mesma que havia vindo antes quando acordei, o outro, era jovem, talvez um recém-saído da faculdade. Ambos tiveram todo o cuidado comigo ao me levarem para a bateria de exames.

Quando voltei, uma comida estranha foi servida, algo parecido com sopa, ou sei lá o que. A aparência não era lá essas coisas, mas o sabor estava ótimo. Ou então eu estava com muita fome.

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora