Provocações

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Belinda

Como foi previsto, não teve aula, e nem pudera, dessa vez Ricardo se superou falando o quanto a instituição era importante e ressaltou mais uma vez os perigos que alguns alunos correram no período passado.

Nanda e Jessye resolveram passar o dia comigo no apartamento. Fizemos pipoca e brigadeiro e passamos a tarde assistindo séries na TV.

Ligamos para Ivy e ficamos conversando no viva-voz por cerca de uma hora.

Ela deixou um convite em aberto para irmos visitá-la em algum feriado prolongado. Prometemos que iríamos e que ela preparasse o seu apartamento para nos receber.

No final do dia, Nick passou para pegar Nanda e eu agi normalmente. Desde o nosso último encontro eu estava tentando evitar outra conversa. O lance do casamento deles ainda estava bem forte na minha cabeça.

Quando acordei na manhã seguinte, decidi voltar um pouco com a minha rotina. Correr logo cedo antes da aula sempre me deixava cheia de vida. Coloquei uma legging preta, calcei meus tênis, top preto e procurei o meu celular.

Prendi-o no suporte do meu braço, coloquei minha playlist para tocar e saí do apartamento. Faria um circuito de trinta voltas e depois daria um pulo rápido na academia. Precisava perder os quilos extras que ganhei na viagem, e ainda teria tempo para tomar café com Jessye antes da primeira aula.

Meus cabelos estavam dando um pouco de trabalho depois que o cortei. Era difícil mantê-lo preso por muito tempo. Eles sempre acabavam fugindo e caindo no meu rosto.

Estava fazendo o retorno da terceira volta, quando dei de cara com Kadu entrando no campo.

Estava vestindo uma calça moletom cinza com listras azuis nas laterais e uma camiseta regata Tank Top super cavada branca, deixando a mostra os seus braços bem tonificados. Usava uma toca preta para esconder os cabelos.

A princípio ele não me viu, então pude observar a maneira como ele andava calmamente pelo espaço. Ele começou a se aquecer sem ligar muito se tinha alguém por perto. Eu diminuí o passo e caminhei em sua direção. Na verdade, era ele que estava vindo à minha direção, mas estava de cabeça baixa.

Falei para mim mesma que não falaria com ele. Passaria direto e fingiria que não o vira.

Isso mesmo.

Nada de conversa ou distração.

Mas parecia que o dia não estava propício a colaborar comigo. Quando ele ergueu a cabeça, nossos olhos se encontraram e foi difícil quebrar o encanto. Continuei caminhando ou tentei continuar, porque minhas pernas começaram a falhar, como se elas estivessem me dizendo para dar o fora.

– Belinda, estou surpreso em te ver aqui. – disse me dando um pequeno sorriso

– Estou me perguntando a mesma coisa. O que faz aqui tão cedo?

– Correr, assim como você.

– Não pensei que fosse adepto a corrida matinal.

– Não sou muito, mas desde que comecei a trabalhar com meu pai, acabei ficando sem tempo para ir à academia.

– Você poderia malhar a noite. Tem muitos alunos que fazem isso. – sugeri e nem sei por que fiz isso.

– A noite a academia fica lotada. Gosto de realizar meus exercícios sozinhos.

– Claro, imagino que o seu ego não consegue ficar perto de outros caras mais sarados do que você. – falei apenas para alfinetá-lo.

– Isso até poderia ser verdade se eu não me garantisse.

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora