Labirinto de emoções

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Kadu

Eu tinha literalmente perdido o controle das minhas emoções. Desde que descobri que Belinda estava doente, foi como se uma parede de concreto tivesse sido derrubada e todas as emoções que eu sempre fugi me encontrasse de uma só vez.

Eu pensava uma coisa e fazia outra. Pensava em Belinda e dormia com outra para tentar esquecê-la. Que sentimento era esse que eu estava sentindo? Um labirinto que não dava a lugar algum.

Eu mal consegui dormir sabendo que ela estava no quarto ao lado sofrendo e com seus pensamentos perdidos. Por várias vezes cheguei perto de bater na sua porta, queria saber como ela estava, se queria conversar ou chorar, mas me acovardei em todas as tentativas.

Eu estava virando alguém que eu não gostava. Eu precisava urgentemente fugir antes que isso me deixasse louco. Belinda não admitiu, mas percebi sua tristeza quando constatou que eu estivera com Simone enquanto ela estava tentando falar comigo.

– Mas que droga! – gritei.

Apesar de não estar com cabeça para mais nada, eu precisava ir para a aula e depois para o trabalho. Querendo ou não, teria que cumprir com minhas obrigações. Belinda tinha razão, eu não tinha o direito de jogar minhas merdas em cima dela. Eu precisava entender o que estava passando comigo, e precisava ajudar Belinda, mas parecia que eu não estava conseguindo fazer nenhuma delas.

Tomei um banho demorado e após engolir um rápido café da manhã, corri para a aula. Tentei me concentrar na matéria, já que as provas começariam na semana seguinte, mas tudo o que eu pensava era como Belinda deveria estar se sentindo. Por várias vezes pensei em ligar para Belinda querendo saber como ela estava, mas não liguei. Talvez ficar longe de mim por algum tempo seria o melhor.

Na saída da aula, Nick me mandou uma mensagem avisando precisar conversar comigo. Cristo, que não fosse mais problemas. Eu não aguentaria atacar de salvador de novo. Quando cheguei em casa, Nick estava sentado no sofá segurando um envelope.

– O que foi que aconteceu de tão grave para você vir até aqui? – perguntei esboçando um sorriso.

– Quando você iria me contar? – perguntou sério.

– Contar sobre o quê?

– Sobre nosso pai e suas armações, sobre a Eduarda e sobre a Belinda?

Droga, alguém tinha aberto a boca para ele.

– Não sei do que você está falando.

Tentei ganhar tempo.

– Não sabe? Então me deixe te lembrar... Uma boate de prostituição te diz alguma coisa?

– Como você soube?

– Isso é importante agora? Achei termos parado com as mentiras, Kadu.

– E paramos.

– Então como explica essas fotos aqui? Meu pai está saindo com prostitutas. Nossa mãe sabe sobre isso?

– Você acredita que eu deixaria ela saber da sujeira que está sendo varrida para debaixo do tapete da nossa família?

– E Eduarda? Belinda sendo presa. Presa, Kadu. Você a envolveu na merda da nossa família, droga! – ele se alterou.

– Antes de sair por aí me julgando, acho melhor ouvir o meu lado.

– Então comece a falar, estou ouvindo. Comece explicando essas fotos e como tudo isso chegou até Belinda.

Soltei um longo suspiro e contei tudo. Agora não adiantava mais esconder a verdade, e para ser sincero, eu estava bastante cansado de carregar tudo sozinho.

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora