Eu não estou doente

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Belinda

No dia seguinte, quando acordei me assustei ao ver manchas de sangue no meu travesseiro. Corri para o banheiro só para ter a certeza de que o sangue era realmente do meu nariz. Lavei meu rosto e depois fui colocar a fronha do travesseiro na máquina para lavar.

Senti fortes enjoos enquanto vestia a roupa para a corrida, mas achei que fosse por que não havia comido nada antes de dormir na noite passada. Mesmo assim, saí para minha corrida, já que tinha prometido para o Marcelo.

Quando cheguei ao campo, ele já estava se alongando. O tempo estava um pouco quente e assim, como eu, ele optou por uma roupa confortável. Assim que ele me viu, abriu um sorriso como se estivesse dado graças a Deus por eu ter aparecido.

– Oi Marcelo, desculpa por ontem...

– Está tudo bem. Por um momento pensei que não iria aparecer novamente.

– Eu não poderia faltar, assim seriam três dias sem me exercitar.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não, por quê? – perguntei.

– Você parece cansada.

– Não tive uma noite legal. As aulas mal começaram e já estou sentindo a pressão. Mas nada que uma boa corrida não resolva.

Fizemos nosso alongamento e depois iniciamos a primeira volta. Na segunda volta senti uma forte dor nos músculos das minhas pernas, algo como fortes câimbras. Parei apoiando minhas mãos no joelho, como se a posição fosse aliviar a pressão.

– O que houve Belinda? Está sentindo alguma dor? – Marcelo parou ao meu lado parecendo preocupado.

– Ai... Estou com dor nos meus músculos, uma puxada, como se alguém estivesse esticando minha pele. – falei passando a mãos sobre o local.

– Vamos sentar. Câimbras são realmente horríveis. Você tomou café antes de sair para correr?

– Não costumo tomar café logo cedo. Faço isso quando volto para casa.

– Está um motivo das suas dores. Você não pode fazer isso. Seu corpo precisa de uma força para aguentar o exercício.

– Eu sei disso...

– Sabe, mas não segue.

Marcelo me ajudou a caminhar até a bancada. As dores começaram a aumentar até o ponto de prender a respiração em busca de alívio. Estavam ficando insuportáveis. Eu nunca tinha sentido algo parecido. Marcelo se abaixou na minha frente e começou a massagear as minhas pernas.

– O que está acontecendo aqui?

Olhei por cima da cabeça de Marcelo e vi Kadu se aproximando a passos largos.

– Nada Kadu. Não está acontecendo nada. – respondi sem me preocupar em tirar as mãos do Marcelo das minhas pernas.

– Então só deixou esse Mané massagear suas pernas?

– Qual é sua cara? Está com algum problema comigo? – perguntou Marcelo soltando as minhas pernas e se levantando cheio de atitude para encarar Kadu.

– Problema com você? – Kadu segurou o ar de debochado.

– Você está implicando comigo desde a sua festa. Se isso está acontecendo, quero saber por qual motivo.

– Desde quando preciso de algum motivo para não gostar de alguém?

– Ei podem ir parando os dois agor... – quando ia concluir a minha frase, uma onda de dor tomou conta do meu corpo inteiro.

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora