Sem saída

8.4K 781 15
                                    

Kadu

Depois que Belinda foi embora, dei mais duas voltas pelo campo e depois voltei para casa. Tomei um banho quente para relaxar meus músculos, coloquei a primeira calça que encontrei, uma camisa que tinha comprado na semana passada, meu tênis All star, peguei minha mochila e corri para a aula.

Quando cheguei na sala, o professor já estava em sua mesa. Odiava aula de empreendedorismo, e odiava mais ainda ter aula com o João. Nós tivemos alguns desentendimentos assim que cheguei aqui por causa da sua namorada. Ela não tinha mais que trinta anos, mas era gostosa para cacete. Acabei ficando com ela quando a encontrei por acaso em festa que fui a Teresópolis.

Logo que voltei, ele já estava sabendo de tudo e me acusou de seduzir sua namorada. Como se eu tivesse a obrigado a ficar comigo. Eu ri da situação e ele acabou acertando um soco no meu rosto. Fui pego desprevenido, mas logo revidei. A sorte dele é que a briga foi fora da instituição, se não ele teria sido demitido.

Ele me olhou torto, com certeza lembrando-se da briga. Não dei muita importância e fui para o meu lugar. Fiquei mexendo no celular até a turma começar a entrar na sala.

– Kadu, eu soube da sua festa... Uma pena não ter ido.

– E aí Anderson? Estava viajando? – falei cumprimentando-o.

– Cara, estava no Havaí pegando altas ondas e muitas garotas gostosas. Você deveria ter ido.

– Havaí? Já fui. Adorei a minha breve estadia.

– Você viajou para onde dessa vez?

– Fiquei aqui. Estou trabalhando com meu pai agora.

– Que merda cara. Deve ser horrível trabalhar com o seu coroa. Sei da sua fama nas matérias que leio em revistas de empreendimentos.

– Multiplique o que você leu sobre ele por mil. – eu ri. – e então saberá como estou me sentindo. Mas espero que isso seja passageiro.

– Que tal uma saidinha hoje?

– Seria uma boa pedida, mas meu velho arrancará o meu fígado, caso eu apareça com ressaca no trabalho.

– Que merda cara. Teu velho te pegou de jeito. Mas agora mudando de assunto, você viu a Belinda? Viu como ela mudou? Deixou de lado aquelas roupas e até abandonou o óculos.

– Não vi nada de diferente. – menti.

– Você, o pegador, não percebeu a mudança dela? Já vi que trabalhar não está te fazendo bem. Belinda está diferente, acho até que agora vou dar uma investida.

– Com a fama que tem, duvido muito que vá conseguir. Aquela garota é osso duro e seletiva.

– Está falando isso por que ainda não me viu entrar em ação. Vamos conversar sobre isso quando eu estiver saindo com ela.

– Bom, parece que metade da sala só deve aparecer na próxima semana, então vamos parar de falar sobre as férias e dar inicio a matéria. – disse João interrompendo nossa conversa.

– Eu aposto o que você quiser que terei ficado com ela antes do final da semana. – finalizou Anderson.

Mais uma aposta para ganhar. Por que nem um milhão deixaria Anderson pegar o meu prêmio. Depois de quatro horas aturando uma aula chata, fui direto para casa. Teria que estar na empresa do meu pai às treze horas. Ele odiava atrasos, ainda mais quando isso se aplicava ao seu filho.

Tomei um banho rápido, coloquei uma calça social e camisa branca e gravata, dei uma leve arrumada nos cabelos, peguei meu terno e fui para o estacionamento. Encontrei Belinda na portaria do seu prédio. Ela me olhou como se não tivesse me reconhecido.

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora