Um Kadu furioso

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Belinda

Eu tinha certeza que Kadu iria me matar quando descobrisse que eu tinha voltado para Angra a fim de descobrir algum podre do seu pai. Eu só não contava que eu seria descoberta e presa por invasão de propriedade alheia. E pior, eu não poderia ligar para mais ninguém, a não ser Kadu.

Pelo menos não fui jogada em uma cela comum. Tive que implorar para que eles não ligassem para os meus pais. Imagine a reação deles ao ouvirem que sua filha estava presa.

Para não ficar presa, eu tive que pagar uma multa de seis mil reais. O problema é que ao ser presa, meus documentos e cartões foram apreendidos, e querendo ou não, eu só tinha uma pessoa a quem recorrer.

Recusei-me a atender as ligações dele por que Kadu iria querer saber a onde eu estava. Eu contaria a verdade, mas só depois que tivesse alguma prova concreta.

Eu estava a horas trancada na sala de interrogação da delegacia aguardando Kadu chegar e pensando em algo bem convincente para que ele não arrancasse minha cabeça na primeira oportunidade. Sem relógio, eu estava quase pirando, odiava esperar, ainda mais quando eu estava toda errada na história.

Ouvi um barulho vindo da porta e me preparei para encarar o meu salvador, ou não. O primeiro a entrar foi o delegado. Um senhor alto e bem vestido. Alguns cabelos brancos, mas eu não poderia de deixar de ressaltar a sua beleza.

Logo atrás, vi Kadu. Pela sua carranca, ele não estava com seu melhor humor. Estava usando jeans e camiseta azul escuro, acompanhado de uma jaqueta preta de couro.

– Como pode ver, ela está intacta. Ninguém entrou aqui até sua chegada. – o delegado falou.

– Até que enfim, pensei que iria dormir aqui.

– Fique satisfeita por não ter sido colocada junto com as outras presas. Você invadiu um apartamento particular.

– Eu já falei para o senhor que eu achava que meu namorado estava tendo um encontro com outra garota. Fiquei louca de raiva. – falei olhando para Kadu esperando ele confirmar minha história.

– Senhor Kadu, você precisa ter uma conversa com sua namorada. Ela não pode sair por aí invadindo propriedades particulares.

Kadu ficou um pouco pensativo e por um momento pensei que ele fosse me desmentir.

Minha namorada é um pouco ciumenta. Não sei de onde ela tirou essa ideia de que eu estava aqui. Passei o dia resolvendo problemas da empresa do meu pai e quando chego em casa, recebo uma ligação dela dizendo que está presa.

– Vocês jovens precisam amadurecer e levar um relacionamento a sério. Para sua sorte, Belinda, é que o senhor Arthur não quis levar isso adiante, mas fez questão de que você pagasse a multa por invasão.

– Eu já teria feito isso, se o senhor tivesse permitido que pegasse meu cartão.

– Seus bens estão apreendidos até isso se resolver. Vou deixar vocês conversarem enquanto adianto a sua saída. Com licença. – disse o delegado saindo fechando a porta.

Kadu caminhou até a mesa e sentou na minha frente. Soltou um longo suspiro antes de falar.

– Você faz ideia de que eu acabei de mentir para o delegado?

– Não vamos falar sobre isso aqui. Essas paredes podem ter ouvidos.

– Não estamos em seriado americano Belinda. Aqui é Brasil.

– Não me diga...

– Nada de piadas Belinda. Estou me segurando aqui para não pular no seu pescoço. Estou exausto da viagem... Então vamos pular a parte em que eu te mato e vamos direto para o final?

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora