A lista

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Oi minhas lindas, mil desculpas pela demora, mas é que com a correria da bienal e a volta das aulas, eu meio que fiquei perdida e sem tempo para postar, mas aqui esta o capítulo atrasado.

Espero que gostem, e se não gostarem não deixem de me falar, ok?

Bjs e até amanhã.

Belinda

Por dias eu fiquei trancada em casa. No dia seguinte, logo depois de saber que eu teria que encarar mais uma etapa, meus amigos fizeram os testes para ver se algum tinha compatibilidade comigo. Para minha falta de sorte, nenhum deles tinha sido contemplado.

Kadu foi um dos primeiros a fazer o teste, quando ele recebeu o resultado e viu que não era compatível, me abraçou e me pediu para não perder as esperanças, que eles iriam encontrar um doador. Eu sorri, para que ele não ficasse tentando me animar. Eu já tinha aceitado o fim. Esperava apenas que minha família e meus amigos aceitassem também.

No terceiro dia, eu já não sentia a mínima vontade de sair da cama. Os medicamentos eram cada vez mais fortes, o que me deixava a maior parte do tempo isolada. Comecei a evitar visitas, por que não aguentava mais ver a tristezas deles sempre que entravam no quarto.

Kadu ainda era o único que eu aceitava as ligações, por que ele era insistente demais para desistir. Depois comecei a pedir para minha mãe avisar que eu estava dormindo, ou estava cansada demais para receber visitas.

Meu único passatempo era ficar deitada na cama, vendo documentários e filmes sobre vários tipos de câncer. Perdi a conta de quantas vezes assisti "Um amor para recordar". E o mais triste foi ver que apesar dela saber que iria morrer, ainda era feliz e conseguiu seguir firme até o último momento. Por um segundo senti inveja dela.

Agora eu estava sentada na minha poltrona preferida, na varanda do meu quarto, admirando mais um pôr do sol. É incrível como você só dar valor a pequenos detalhes quando está prestes a perder tudo. Peguei meu edredom e puxei até minha cintura para me proteger do frio. Meu fiel escudeiro, meu bloco de anotações estava em uma mesa ao lado. De tanto ver filmes tristes, achei legal fazer uma lista, dessas coisas como "o que fazer antes de morrer".

É, eu sei que é bem idiota, mas com tempo de sobra e tantas coisas que deixei de fazer por que estava ocupada demais enfiada no jornal da faculdade, resolvi listar tudo o que queria fazer, mas que sempre deixei para depois. Tinha feito uma longa lista, mas aos poucos fui cortando e deixando apenas as possíveis de realizar.

1  Aprender a surfar

2 Entrar pelada no mar

3 Andar na montanha-russa

4 Ir ao circo, comer algodão doce e maçã do amor

5 Ouvir a frase eu te amo vindo do amor da sua vida

Olhei para a lista várias vezes, rindo de algo tão sem graça, mas que no momento era minha distração. O frio aumentou e eu apertei o edredom ainda mais. Coloquei o bloco de lado e me cobri toda, deixando apenas meu rosto descoberto.

O céu estava ficando em um tom alaranjado e em breve, o sol cederia o lugar para as estrelas. Fechei os olhos e fiquei imaginando um barulho que sempre pensei ter ouvido quando era criança, o som do sol mergulhando no mar. Ouvi uma batida na porta do quarto, mas não me virei para olhar, sabia que era minha mãe vindo ver como eu estava.

─ Consegue ouvir o barulho mãe? Depois de tantos anos tentando ouvir esse barulho, hoje finalmente estou ouvindo. ─ falei ainda com os olhos fechados.

Antes de você - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora