Capítulo 34

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Point of view Soph 

Acordo sobressaltada e com uma grande dor de cabeça. Olho para o lado e vejo que o Zayn ainda está a dormir, felizmente não o acordei. Com o máximo de cuidado e silêncio levanto-me e dirijo-me a cozinha para beber um copo com água. Decido tomar um comprimido para a dor de cabeça, pois estava insuportável. Vou até à sala e abro a janela que dá para a varanda entrando na mesma. Londres à noite era linda. Apenas iluminada pelos altos candeeiros da rua, semáforos e alguns telemóveis que já organizam a vida de muitas pessoas. Não se ouve um único carro nem uma única buzina se Londres fosse sempre assim toda a gente gostava de aqui morar. Sinto uns braços a rodearem-me e um beijo é depositado no meu pescoço.

"Não está um pouco frio?" - a voz rouca e sonolenta do Zayn pergunta

"Não" - digo 'acordando' lentamente do meu transe

"Está gelada." - ele diz apertando mais o meu corpo no seu. A verdade é que eu não sinto frio nenhum até tenho algum calor, talvez o meu cérebro esteja a ficar cansado e confuso por causa da doença. Mas eu tento não pensar nisso e viver cada segundo da minha vida. - "Vamos para dentro. Eu faço café para nós" - Zayn diz e eu assinto. Entramos dentro de casa e eu sento-me no sofá enquanto espero por ele.

Uma forte dor atinge a minha cabeça fazendo-me gemer. Deito-me no sofá e fecho os olhos de modo a acalmar a dor, mas é em vão a dor aumenta cada vez mais e um grito sai pelos meus lábios. É agora! Eu sinto que é agora, já estou realizada, o meu trabalho esta feito. Todas as pessoas nascem com um propósito umas salvam vidas e outras matam-nas, não é um propósito bom mas quem pode julgar as decisões de Deus? Eu vim ao mundo para fazer algo que uma pessoa não fez bem... Eu vim ser a mãe que a Cath não teve, eu vim dar o carinho, a atenção e os conselhos que a sua verdadeira mãe não deu. Não a estou julgar a mãe da Cath, talvez ela seja como eu nunca teve a sua progenitora para a ensinar a ser mãe. Eu também não tive a minha... Ela morreu quando eu ainda era uma criança, e são poucas as recordações que tenho dela. Mas agora finalmente vou encontra-la, só espero que ela esteja orgulhosa de mim. E por mais vontade que tenho em ser mãe e casar, não o posso fazer. Talvez o acidente que me fez perder o meu filho seja um sinal disso, talvez eu futuramente não fosse ser uma boa mãe já que eu não tive uma. Eu nunca vou saber. O Zayn entra na sala com duas canecas, e ao ver-me estas caiem no chão partindo-se em mil bocados e deixando o líquido espalhar-se pelo chão. Ele corre até mim e pega me ao colo levando-me para fora de casa. Rapidamente vejo o típico carro preto com a luz no tejadilho que diz 'Táxi' . Olho para a face do Zayn que está molhada e assustada, não faço a mínima o que ele deve estar a sentir, afinal de contas está a ver a melhor amiga morrer. E tu como te estás a sentir? O meu subconsciente pergunta. Se não fosse esta horrível dor na minha cabeça eu estaria bem. Estou assustada e tenho medo, muito medo. Para além que tenho montes de interrogações na minha cabeça. Será que vai doer? Como será que é? Vou ver a minha família? Vou conseguir ver as pessoas cá em baixo? Questões que se não estive na minha situação acharia estúpidas e provavelmente me iria rir de mim mesma, mas neste momentos são muito apropriadas. Sinto o meu corpo ser novamente movimentado e prevejo que chegamos ao hospital. Abro os meus olhos com muito custo, pois só agora reparo que os tinha fechado, e levo a minha mão até à face do Zayn limpando algumas lágrimas que caiam pelas suas bochechas. Ele sai do táxi e começa a correr até ao grande edifício comigo ainda no colo.

"Zayn... Obrigada p-por tudo... Amo-te" - digo 

"Eu sei Soph e eu também te amo. Vai ficar tudo bem ok? Eu prometo." - ele diz ofegante e cansado. Eu quero dizer mais mas simplesmente não consigo. Gostava de lhe pedir para dizer ao Harry obrigada e para pedir desculpa. Gostava que ele disse-se à Cath eu eu amo e que tudo o que fiz foi porque quis e que tenho muito orgulho nela.

"AJUDEM-ME!!!! POR FAVOR AJUDEM" - o Zayn grita. Eu aconchego-me mais no seu peito, sempre foi nele que me senti segura. Olho para o Zayn uma última vez antes de fechar os olhos. Como será a partir de agora? Vai continuar a doer? Uma vez quando era pequena eu caí em casa da minha avó e magoei um joelho. Lembro-me dela me dizer que a dor só ia passar se eu libertasse a minha mente, naquela altura nunca percebi as palavras dela, mas agora tudo faz sentido. Vão todos passar um mau bocado, mas depois irá tudo ficar bem. O tempo cura tudo e isso deixa-me descansada e tranquila, deixa a minha mente limpa, liberta, tal e qual como a minha avó me disse. E instantaneamente, como um interruptor, a dor pára. Tudo fica negro e silencioso. Estou feliz e concluída e sinto-me preparada para o que vier a seguir.


Obscure w/Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora