─ Então é assim que tem passado suas tardes enquanto foge de todo mundo?
Despertei dos meus devaneios e olhei para a pessoa que estava em pé na minha frente. Kadu. Parecia estar cansado, e depois da última noite em que ficamos juntos, eu não havia visto mais, Sua barba estava por fazer, e sua camisa estava com alguns botões abertos, sua gravata estava frouxa sobre o colarinho e seu paletó estava pendurado no seu braço, enquanto suas mãos estavam dentro dos bolsos dianteiros da calça.
─ Oi Kadu.
─ Oi Kadu? isso é tudo que tem para me dizer?
Era impressão minha ou ele estava chateado comigo?
─ O que está fazendo aqui? – resolvi ignorar sua pergunta.
─ Nas primeiras desculpas, eu acreditei que você estava realmente indisposta, até perceber que também estava evitando seus amigos...
─ Kadu...
─ Chega de se esconder aqui Belinda. Você ainda esta viva, mesmo que pense ao contrário. Ninguém está desistindo de lutar, a não ser você mesma...
─ Dá um tempo Kadu. Se veio aqui me dar lição de moral, pode cair fora. ─ falei me livrando do edredom e voltando para o quarto.
─ Não vim dar lição alguma, eu só me recuso a deixar você desistir. Eu não reconheço a garota petulante que adorava rebater minhas investidas.
─ Aquela garota não existe mais. Acabou. Ela se jogou do precipício mais alto. Deu adeus...
─ Você consegue realmente ouvir o que sai da sua boca Belinda? Entregou-se de vez? Mandou todos que se preocupam com você se foder, incluindo a mim?
─ Você? Do que você está falando?
─ Então a nossa transa não significou nada para você? ─ ele perguntou vindo atrás de mim.
─ Foi só sexo Kadu. Assim como você sempre falou para as garotas com quem ficou. Não foi assim? ─ encarei seu olhar.
─ Para mim não foi só sexo...
─ Foi o quê então?
─ Eu não sei dar nome ao que aquela noite significou.
─ Você não sabe dar nome, por que não sabe o que sente. Você estava carente, eu também... Aconteceu... Depois...
─ Depois o quê? O que você esperava?
─ Eu não sei. Uma atitude, qualquer coisa... Mas você apenas agiu como se...
─ Meu Deus Belinda, foram muitos acontecimentos... A sua doença não tinha ido embora, você estava sensível demais para que eu falasse alguma coisa... Eu tentei ficar perto, mas você começou a me evitar.
─ Evitei por que percebi que aquela noite nunca deveria ter acontecido.
─ Você se arrepende?
─ Não, eu não me arrependo, mas depois daquela noite, eu quis algo...
─ O que você quis?
─ Algo que você não pode me dar e eu não tenho mais tempo para procurar.
Ficamos nos encarando alguns segundos sem nada a falar.
─ Você precisa ir embora Kadu. Eu preciso descansar. ─ falei indo para a porta do quarto e abrindo ela. ─ Por favor.
─ Eu não vou embora Belinda. Não vou sair daqui até ter certeza que você está bem.
─ Meu Deus Kadu... Eu estou ótima, não vê? ─ falei apontei para o meu corpo. ─ Estou magra, como nunca estive antes, quase não me reconheço no espelho. Estou usando esse lenço ridículo na cabeça por que meus cabelos estão caindo e caindo. Meu quarto é o único lugar onde ainda posso ser a Belinda de antes.
─ Mas você ainda é. Para mim não mudou em nada...
─ Estou cansada, estou muito cansada... Por que você não vai embora? ─ falei diminuindo o tom da minha voz.
─ E se eu não quiser? Se eu decidir ficar aqui, quem vai me impedir? Vai me expulsar a vassouradas? ─ ele riu.
Seu sorriso conseguiu me desmontar um pouco, o suficiente para fechar a porta novamente e me encostar-se a ela.
─ Vamos fazer o que você estava fazendo antes. ─ disse erguendo a sua mão pedindo a minha.
─ Eu estava apenas vendo o pôr do sol.
─ Então vamos votar a fazer isso.
─ Ele já se foi Kadu. ─ eu ri.
─ Vamos apenas sentar e ficar ouvindo o barulho do mar.
Aceitei sua mão e voltamos para a varanda.
─ O que estava escrevendo? ─ ele perguntou quando viu meu bloco em cima da mesa.
─ Não é nada importante... ─ falei pegando o bloco antes que visse o que estava escrito.
─ Qual é, não vai me deixar ver?
─ Claro que não. É particular. ─ falei escondendo o bloco atrás de mim.
─ Deixa de bobeira. Deixa-me ver...
Começamos uma briga, eu tentando segurar meu bloco e ele tentando pegar.
─ Acho bom você me entregar por bem ou...
─ Ou?... ─ desafiei.
─ Vou te encher de cócegas até você desistir.
Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Kadu avançou e de alguma forma, conseguiu me envolver em seus braços e pegar meu bloco.
─ Peguei! Viu como foi fácil? Agora vamos desvendar o segredo misterioso...
─ Kadu, por favor, me devolve... É serio... Não lê... ─ falei tentando pegar de volta o bloco, mas ele ergueu o braço para cima, tornando uma missão impossível.
─ Vamos ver o que você queria esconder... O que eu quero fazer antes de morrer...
─ Kadu, para...
Seu sorriso sumiu quando ele continuou a ler. Finalmente, ele deu uma brecha e consegui reaver meu bloco.
─ Eu disse que não era para ler...
─ Que lista é essa? E por que fez ela?
─ É apenas uma lista. Eu estava apenas rabiscando algo que vi em um filme.
Peguei a folha, destaquei do bloco e depois rasguei em vários pedaços.
─ Viu? Era apenas uma lista idiota.
─ Você deseja isso mesmo? Digo, seguir a lista?
─ Kadu, esquece o que você leu. Eu estava vendo um filme e comecei a fazer um rabisco. Não é nada sério. Vamos descer e ver se a Vera ainda está aqui, preciso comer o seu sanduiche especial que é para comer rezando.
Peguei kadu pelo braço e o levei para a cozinha. Queria algo que ocupasse sua mente e que não ficasse pensando na minha lista.
Música do capítulo: From this moment on (Shania Twain)
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Antes de você - Livro 3
RomanceAntes de tudo começar, eu me considerava uma garota de sorte. Tinha bons pais, bons amigos, ex-namorado indo e voltando... Tinha uma vida regrada, onde eu seguia a risca cada linha. Tudo o que eu fazia era planejado. Eu estava no terceiro período de...
A lista
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