Capítulo 25 - O Vestido

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P.O.V America


Minha conversa com Maxon havia sido curta, e eu não acredito que ele havia ficado tão chocado quando disse que só queria vê-lo. E naquele encontro, eu parecia vê-lo pela primeira vez: ele estava todo desalinhado, não parecia o almofadinha de sempre, parecia quase um cara normal.

Ele estava sem o paletó e com as mangas da camisa arregaçadas. A gravata azul estava folgada em volta do pescoço, e o cabelo – quase sempre puxado para trás – agitava-se um pouco quando ele se movia. Um contraste gritante com a pessoa de uniforme que eu havia visto no dia anterior; Maxon parecia mais jovial, mais real. E ele havia ficado ainda mais fofo e lindo se preocupando nisso.

Mas agora não tenho tempo para isso. Tenho que focar no ensaio. Os dias haviam se passado e eu mal posso acreditar que amanhã será o tão esperado Show de Talentos. Nunca fui de ficar ansiosa para apresentações ou concursos, mas naquele momento aquela era a única palavra que poderia descrever meu estado de espírito: ansiosa.

Tento tocar mais três vezes na sala de música do palácio. Annabeth havia dado um jeito para que todas ensaiassem em lugares diferentes e, se quisessem, até ao mesmo tempo, eram muitas garotas, apesar de algumas estarem em grupos de 3 ou 4 garotas. Eu estava sozinha. Por pouco. Annabeth havia insistido para que eu tivesse o acompanhamento de uma banda, ou ao menos de um piano, qualquer coisa, com o argumento que eu seria a única a tocar sozinha – o que ambas sabíamos que era mentira, já que Marlee havia me dito que ia tocar saxofone sozinha, o que na hora eu interpretei como um convite implícito para fazermos juntas, mas fingi não perceber. Gosto de trabalhar sozinha. Foi em vão. Não arredei o pé, mas quando falei que ia cantar também, ela e Percy sossegaram um pouco, o que me fez acreditar que eles só queriam saber o que eu ia tocar e quando viram que eu não ia ceder, se contentaram com a pequena informação. Ou não, né?

A música que iria tocar eu achava linda e, de um jeito ou de outro, influenciou muito na minha vida, adorava tocá-la, cantá-la ou simplesmente ouvi-la nos momentos de aflição ou de felicidade, ela era ótima. Não que fosse tão importante assim ou que eu não pudesse tocar outra, mas eu queria tocar aquela.

Ninguém sabia qual era música, de qualquer modo e eu queria que permanecesse assim, para isso, eu evitava ao máximo pensar nela fora daquele lugar onde me encontrava.

Quando uma nota minha desafina por minha cabeça estar em outro lugar, olho para trás para o espelho por alguns segundos, observando meu reflexo, depois respiro fundo, volto-me novamente para a porta e volto a tocar.


Está um corre-corre enorme no Salão das Selecionadas, todas estão muito ansiosas, Olivia havia vomitado pelo menos três vezes, sendo uma em cima de um piano e feito a menina que estava sentada nele, Natalie, sair gritando.

Ninguém quer que ninguém saiba o que está planejando. O Salão está dividido em vários grupinhos de acordo os grupos da apresentação. Eu estou sozinha. Olho para o outro lado do Salão e percebo que Marlee também está. Vou até ela.

– Oi, Marlee. – Sorrio.

– Oi, America. – Ela parece um pouco chateada.

– Quer que eu a deixe sozinha? – pergunto-lhe.

– Não, está tudo bem. Só estou muito ansiosa e um pouco cansada.

– Entendo – digo e me sento ao seu lado. – Saxofone, não é? – tento puxar conversa.

– Violino? – Ela sorri.

Mas, por mais que eu tente, o inconveniente e insuportável silêncio continua a voltar, até que não aguento mais, levanto-me e peço desculpas, alegando que estou me sentindo mal.

A Seleção SemideusaWhere stories live. Discover now