Capítulo 9 - "E que os Jogos Comecem"

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P.O.V America


No dia seguinte, acordo com a pele formigando e doendo. Sabia que toda aquela esfregação não faria bem a minha pele delicada. Sol pode, mas algumas esfregadinhas não, não é, Apolo? Obrigada!

Lucy e Mary me ajudam a me vestir com todo cuidado, já que elas sabem que minha pele está sensível por causa do esforço para tirar aquele maldito molho de tomate que alguma vadia decidiu que seria legal jogar em mim... espera aí... ninguém jogou. Estava em cima da minha porta...

– Só um momento – digo para Lucy, enquanto vou até a porta.

Procuro pelo balde, mas não está lá.

– Está procurando isso, senhorita? – pergunta Lucy.

Quando me viro, vejo Lucy com um dispositivo complicado demais para ser um simples e clichê balde em cima da porta. Dele pingavam ainda algumas gotas de molho de tomate.

– Nós achamos ele no chão quando chegamos no quarto. Tinha esse líquido vermelho por todo o chão e boa parte do corredor, nós limpamos tudo, senhorita – explica Mary.

– America, por favor.

– Mas que garota malvada teria feito isso? – questiona-se Lucy com ar inocente. Tudo em Lucy lhe dava um ar inocente, desde seus cabelos translúcidos que tomavam e perdiam forma, suas feições delicadas ou simplesmente seu jeito meigo. – Vocês só estão aqui há um dia! – ela parecia realmente aborrecida e inconformada com isso.

Cheguei mais perto e peguei delicadamente o instrumento de suas mãos. Era elaborado demais para ser feito por alguém que já não tivesse feito coisas do tipo. Elaborado demais para não ter sido feito por uma filha de Hermes. Ou uma de Hefesto.

Depois de pedir para que Lucy levasse aquele equipamento para Maxon junto com uma "reclamação" formal, sentei-me na cama e comecei a ler enquanto esperava que Anne voltasse com meu vestido, já que ela iria terminar ele hoje, já que ontem tiveram que ficar cuidando de mim.

Mary me chamou para a cadeira e começou a brincar com meus cabelos, fazendo coques, prendendo-o de diversos modos ou simplesmente colocando-o aleatoriamente de um jeito ou de outro. Sorrio para minha imagem no espelho da penteadeira.

Anne chega e eu finalmente me visto. O vestido que elas prepararam é muito bonito, tem a saia rodada, alças largas e enfeitadas e estampa floral. Ele vai até os joelhos, por ser um vestido de dia, e realça a cor de meus olhos.

Depois de uma ótima maquiagem para disfarçar as olheiras imensas que me faziam parecer um zumbi ou um cadáver, elas me deram uma caixinha de joias para escolher. Escolhi belos brincos pequenos e amarelos para combinar com algumas flores do vestido, mas permaneci com meu próprio colar, um em formato de pássaro que ganhara do meu pai antes de saber que não era realmente sua filha. Aquele colar me dava esperança, ele me lembrava dos tempos bons de segurança, amor e paz, quando minhas maiores preocupações eram o dever de casa, May e Gerad e mamãe, quando meus maiores escândalos eram por não ter o que vestir, estar chateada com alguém ou com os assuntos das provas. Quando eu não tinha que me preocupar com monstros, deuses, mães histéricas e malvadas e pais olimpianos que surgem do nada e muito menos em conquistar um deus.

Quando desço as escadarias, fico surpresa. Eu achava que havia demorado muito e que todas já teriam dado no pé para ver o príncipe, mas parecia que eu havia sido a primeira a chegar. Fico esperando as outras chegarem, mas demora alguns minutos.

Logo percebe-se que há um padrão: todas as garotas usam os mais belos vestidos, as mais belas joias, os mais belos penteados e meio quilo de maquiagem. Eu estava bem simples comparada às outras garotas. Elas vestiam vestidos de noite, belos, longos, completamente bem detalhados e de cores sólidas. A diferença entre eu e elas era enorme.

Logo Marlee chegou. Ela vestia um vestido de dia, também, mas o dela era bem mais bonito, enfeitado e chique que o meu.

– Oi, America.

– Marlee! Tudo bem? – Sorrio para ela.

– Sim, mas muito ansiosa com essa entrevista.

– Não fique assim. Relaxe, ficar nervosa só vai atrapalhar tudo.

– Obrigada. – Ela sorri e finalmente Bariel e Celeste chegam.

Celeste é uma filha de Afrodite que provavelmente não perde uma oportunidade de usar seu charme – tanto o divino quanto o não divino –, e Bariel é uma filha de Nêmesis bastante peituda que gosta de se aproveitar do decote. Ou é pelo menos essa impressão que elas passam, já que estamos somente no segundo dia e seria certo para tirarmos muitas conclusões definitivas. Uma coisa, no entanto é certa:: uma via na outra uma grande adversária e então a frase: "Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda" fez-se valer.

Quando chegamos ao Salão de Festas, Annabeth nos esperava. Nos sentamos em mesinhas que haviam sido preparadas para nós e Annabeth começou a falar:

– Como vocês já sabem, hoje vocês terão uma entrevista com o Príncipe Maxon. Por que estou chamando-o de príncipe? Vou explicar para vocês: sabemos que estão habituadas com deuses e deusas, por serem seus antepassados, mas, pelo visto, há um consenso na mansão de que chamá-lo de deus soaria meio estranho, então por esse motivo todos o chamam de Príncipe Maxon ou de Alteza se preferirem, por ele ser filho do Rei do Olimpo, Zeus. Gostaria de anunciar, também, que, apesar d reality show imaginado por Zeus ter sido mantido, o Príncipe Maxon não permitiu que esse fosse um reality show tradicional, com câmeras por todos os lados seguindo-as por todos os momentos.

Algumas meninas parecem decepcionadas com a maneira como tudo será conduzido, de cabeça baixa. Essas garotas gostam mesmo de aparecer, né?

– Assim, vocês participarão de alguns eventos especiais, que serão documentados e exibidos, com pessoas gravando, tirando foto e tudo o mais. – Annabeth não parece muito feliz com a ideia. Para ser sincera, ela não parece sequer feliz com o cargo que está desempenhando. – Além disso, todas vocês vivaram o assunto principal do Olimpo. Saibam que seus pais estão muito orgulhosos de vocês.

– De qualquer modo – Annabeth retoma –, não se esqueçam de tratar Maxon com muito respeito, porque, apesar de tudo, ele ainda é um deus e pode incinerar, transformar pessoas em golfinhos e tudo o mais, ouviram?

– Sim, senhora. – dizemos em coro e eu quase rio.

– Alguma dú... – as palavras de Annabeth são interrompidas por batidas nas grandes portas do Salão de Festas. Sem esperar resposta, Maxon entra.

– Bom dia, senhoritas. – Ele sorri e vejo algumas meninas se derretendo pelo canto do olho.

– E que os jogos comecem. – Ouço Annabeth murmurar. 

A Seleção SemideusaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant