Capítulo 8 - Sabe? EU NÃO SOU SUA QUERIDA!

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P.O.V America

– Alguma engraçadinha que decidiu que eu seria um problema. Pobre tola, gastou molho de tomate à toa. – digo, irônica. Não sei exatamente de onde consigo tirar a ironia mesmo quando estou sem ar. Continuava a chorar.

– Quer dizer que já estão brigando por mim? Vocês não entendem que quem fará a escolha serei eu?

Paro por uns instantes, pensando se/como devo responder.

– Na verdade, não é exatamente por você. Elas brigam por duas coisas: algumas querem o homem, outras o deus, algumas nem ao menos sabem diferenciar...

– Ah sim, o homem ou o deus. Escolha difícil, não? – Eu o ignoro.

Alguns minutos se passam, acho que ele espera uma resposta, mas não a dou, apenas continuo a chorar.

– Você está bem, querida? – ele pergunta, depois de alguns segundos de silêncio, apesar de ser claro que não.

– Não sou sua querida – replico, com raiva.

– O que fiz para ofender a senhorita? Por acaso algo está lhe desagradando?

"Eu estar toda melada de molho de tomate, talvez, só para começar. Que tal?", quis responder, mas continuei em silêncio chorando. Por que ele achou que chamar de "senhorita" fosse algo adequado? Em que século estamos?

– Com licença, querida, você vai continuar chorando? – ele parecia desconcertado e inseguro.

– Não me chame assim! Não sou mais querida para você do que as outras trinta e quatro estranhas que você mantêm presas aqui nessa jaula.

– Isso não é verdade. Primeiro: ninguém está presa, todas se inscreveram por livre e espontânea vontade, imagino. E segundo: todas vocês são queridas por mim. – Ele faz uma pausa. – Trata-se simplesmente de descobrir quem há de ser a mais querida.

– Você disse mesmo "há de ser"? – Eu não acreditava.

– Desculpe. Venho de outra época.

– Claro. Bigas, vestidos e mármore. – digo baixinho, irônica novamente.

– Perdão?

– Isso é ridículo, sabia?

– O que é ridículo? –ele parece perdido.

– O concurso. Tudo! Você nunca amou ninguém na sua vida? É assim que você pretende escolher a sua esposa? Você é tão baixo a esse ponto?

Ele se sentou, parecia que havia levado um soco.

– Entendo que posso dar essa impressão, que tudo não passa de um entretenimento barato, principalmente quando meu pai quer exibir tudo na Tv Hefesto. Mas meu mundo é muito fechado. Não conheço muitas mulheres. E as poucas que conheço não estariam preparadas para... – Ele aponta para tudo ao nosso redor – isso. – Ele faz uma pequena pausa. – Sendo essas as circunstâncias – ele aponta para si –, nunca tive a oportunidade de me apaixonar.

Silêncio se perpetua no ambiente.

– Mas e você? – pergunta alguns instantes depois.

– Tive. – digo, lembrando-me dele.

– Então você teve muita sorte. – ele fala, por fim.

Alguns segundos se passam. Eu já não choro mais e ele parece menos desconfortável. Venho tratando-o muito mal. Isso não deve ser culpa dele, afinal. Não precisa conhecer Zeus para saber que ele consegue impor as coisas quando quer.

A Seleção SemideusaWhere stories live. Discover now