Capítulo 17

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— Lúcio — meu corpo inteiro estremece. — Por favor, não — digo, ainda encarando assustada o aquilo.

— O preço de seus erros, eu avisei...

Viro-me para correr dali, mas meu corpo apenas se choca com o de Lúcio. Suas mãos se envolvem em meu corpo para me segurar. Bato contra seu peito e choro desesperada. Já fui tão humilhada, não mereço mais essa humilhação.

— Lúcio, não, por favor — digo entre soluços, mas ele apenas continua ali me segurando enquanto grito e tento me soltar dele. Paro e encaro seus olhos, que também param nos meus, ele tem um olhar de prazer. — Lúcio — suas mãos passam por meu rosto enquanto seus olhos continuam nos meus. — O que foi?!

— Você é uma garota linda — sua boca desliza por meu rosto até chegar próximo a minha orelha —, mas burra.

— Preciso falar o que você é? — Solto um riso nervoso. — Não precisa fazer isso.

— Não deveria ter desafiado o clã dessa forma.

— Por que está fazendo isso? Você nunca quis machucar ela e sei que não quer me machucar.

— Pode me achar um monstro, mas tudo o que eu tô fazendo agora é o mínimo perto do que eles queriam fazer.

Eu continuo presa aos seus braços, desisto de lutar contra ele.

— Sempre quis ter uma mulher forte como você, só para vê-la se quebrando aos poucos. — Seu olhar me assusta o suficiente para me fazer encolher. — Ane não era forte como você, mas eu amava sua doçura. Amava seu sorriso. Sua vontade de viver — seu olhar muda quando ele percebe o que falou.

— Vontade de viver que você tirou dela, seu canalha. — Eu sou tomada pela raiva, sinto o peso de sua mão em meu rosto, sou jogada contra o chão.

— Não foi minha culpa! — ele grita.

— Você sabe que foi.

— Cale a boca, Zara, ou vou te matar. — Ele está furioso e eu não me importo.

— Mais uma que você matou? Pode começar a fazer coleções — me sento e encaro-o. — Não vou me calar mais, Lúcio, não vou me calar por sua causa. É muito fácil bater em uma mulher, não é? Sabe por que, Lúcio? Porque isso é coisas que covardes como vocês fazem, porque sabem que tem um clã os defendendo. Não tenho medo de você, não tenho medo do clã.

— Você pretende fazer o quê? Destruir o clã? Quer pagar o preço disso?

— Estou disposta a tudo — grito com toda a raiva que sinto. — Tudo vai valer a pena quando eu ver vocês mortos. — Eu sei que eu perdi o controle, sei que isso pode me matar, mas eu passei dois meses trancada, tiraram o meu filho e ainda querem fazer isso comigo. Eu não consigo mais passar por isso.

— Da mesma forma que está valendo a pena para eu ver você assim, humilhada. Nunca me enganou, Zara!

— Por que não faz nada contra mim, então? Sabe como eu sou e sabe o que eu posso fazer. Por que me defende?

— Porque é mais divertido esperar você tentar e ver você sofrer as consequências como os outros sofreram. Zara, desista, não quero ver você morrer, mas se morrer, não vai mudar minha vida.

— Não me quer morta? — Solto uma risada — O quão irônico você pode ser?

— Não consigo odiar você — sussurra dessa vez, dou outra risada — Zara, estou falando sério, se eu odiasse você, teria deixado você sofrer sozinha quando teve seu filho. As regras dizem que é essa a punição para mulheres que se tornam rebeldes enquanto estão gestantes. Ouvi cada um de seus gritos, mas tive que criar coragem para ir lá, você deveria ter tido seu filho sozinho — fico surpresa, quando penso que o clã não pode ser pior, eles sempre dão um jeito.

A escolhida. [amostra]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora