Capítulo 6

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— Não acredito que você ficou quase um mês sem falar comigo porque eu disse que queria um beijo seu — ele fala, rindo. — Como se isso fosse uma tarefa difícil pra mim. — Reviro os olhos.

— Você me irrita, lógico que é uma tarefa muito difícil — digo, dando um soco em seu ombro.

— Você não se arrependeria, pode perguntar pra metade da cidade. — Manda uma piscadela.

— A outra metade tem cérebro?

Nós passamos quase um mês sem se falar depois daquilo. Eu dizia para minha mãe que continuávamos saindo, já que falta só um mês para o noivado. Voltei a falar com ele semana passada, porque ele me trancou em seu quarto e só me deixou sair quando eu falei com ele. Expliquei que tinha me sentido desconfortável com o pedido dele, mas a verdade é que não quero me casar com ele, não quero alimentar isso. Melissa me cobrou várias vezes sobre fazer ele se apaixonar, mas toda vez que tentava, eu falhava. Minha vontade era só de fingir que ele não existe.

— A outra metade vai ter que esperar um pouco.

— Esperar? Tá achando o quê?

— Um homem do clã nunca pode ser apenas de uma mulher — ele imita a voz do seu pai.

— Você será. — Cruzo os braços, mas logo começamos a rir.

— Quer saber de uma curiosidade? — ele pergunta.

— Qual?

— Eu não posso transar com você antes do casamento. — Sorrio.

— Então quer dizer que fazer você quebrar as regras é mais simples do que parece? — Encaro-o. — Então você tem a oportunidade de quebrar as regras agora.

— Eu estou perdido com você. Não me tente, Zara. — Ele se deita ao meu lado na cama e respira fundo. — Preciso daquela outra metade pra aliviar o que eu estou sentindo agora. — Rio da sua cara.

— Sente mesmo atração por mim?

— Qualquer um sentiria atração por você. Você tem um jeito só seu de conquistar as pessoas.

— Às vezes, isso não é tão bom — digo, lembrando-me que o problema de tudo isso foi ter conquistado Melissa.

— Falta só um mês para o noivado.

— Três, para o casamento. — O clima entre nós fica pesado.

— Sabe o que eu acho?

— O quê?

— Que deveríamos treinar mais a parte do beijo, não quero fazer feio quando o padre mandar nos beijarmos. — Rio da sua idiotice. Descobri um garoto incrível em pouco tempo. Nem parece o arrogante da escada. Eu sei que muito do esforço dele é porque ele realmente acredita que, se nos apaixonarmos, as coisas vão ser mais fáceis, mas eu não acredito nisso, na verdade, eu tenho medo disso.

— Prefiro treinar a parte da lua de mel.

— Eu te odeio, Zara! Pare de me provocar.

— É tão simples quebrar regras. — Encaro-o, ele me encara de volta, mas não fala nada, eles conseguiram me tornar uma outra garota. Tudo que eu queria agora era não me culpar por tudo, não me culpar por ter a amizade dele e nem por gostar da Melissa, por rir, às vezes, de uma coisa tão séria, mas eu cansei de chorar, não me ajuda; ter a confiança e o afeto do Justin, isso sim pode me ajudar.

Quando ele tenta se aproximar, alguém bate na porta. Richard chama por Justin. Vou para de baixo da cama e ele sai para abrir a porta, não ouço sua conversa. Fico rindo enquanto me escondo, lembrando da sua reação. Ele quase pulou da cama quando bateram na porta. Queria o ver quebrar pelo menos uma regra. Acho interessante que quando se fala em quebrar regras, é como se algo o impedisse, mesmo que ele queira muito.

A escolhida. [amostra]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora