Capítulo 12

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— Andrew? — pergunto surpresa.

— Sim, ele vai chegar daqui a pouco.

— Pensei que o quisesse longe.

— Eu também, mas acho que acabei confundindo as coisas. — Penso sobre como a amizade deles é conturbada e até onde Andrew iria para me ajudar, se é que ele quer mesmo me ajudar.

— Logo hoje? — faço cara feia, não quero jantar com Andrew.

— Você está bem? — ele pergunta.

— Eu estou tão enjoada e com tanto sono — minto. — Não vou aguentar acompanhar vocês nesse jantar.

Ele revira os olhos.

— Tudo bem, Zara. Ultimamente, você não faz nada mesmo — e vai em direção ao banheiro. Fico boquiaberta.

— O que você está querendo dizer? — grito.

— Nada, Zara, nada!

Desço e vou em direção a cozinha, estou faminta. Antes de voltar para o quarto, encontro Melissa toda arrumada.

— Vai pra onde, toda linda? — pergunto, aplaudindo-a enquanto desce as escadas.

— Richard vai me levar para jantar. — Ela se encara no espelho.

— Divirta-se — digo e vou para meu quarto. Entro debaixo da coberta e finjo dormir. Justin sai completamente nu do banheiro, usando a toalha para enxugar seus cabelos. Rio dele, que me encara.

— O que foi? — ele pergunta com um sorriso malicioso.

— Seria mais sexy se a toalha estivesse amarrada em sua cintura — digo, rindo. — E para com essa mania de andar pelado pelo quarto — jogo o travesseiro nele. — Alguém pode entrar e te ver assim.

— Os únicos que entram aqui somos nós e modéstia parte, desse corpinho você já usou e abusou. — Ele dá uma volta, sorrio.

**********

Justin tentou me convencer a descer, mas resisti. Não quero encarar Andrew e não quero que Justin desconfie de algo. Faz meia hora que eles estão lá embaixo, me arrisco a ir até as escadas. Encontro Justin e Andrew assistindo jogo de basquete na sala. Fico os olhando, tentando ouvir o que eles falam, mas apenas comentam sobre o jogo. Andrew vira de costas e não consigo me esconder a tempo, ele me vê. Fico parada por um tempo no corredor e decido voltar para meu quarto. Quando estou quase entrando, solto um grito abafado quando uma mão cobre minha boca e alguém me puxa. Andrew, é claro que é ele. Ele faz um sinal para que eu faça silêncio e me puxa para o banheiro. Ele me entrega um remédio.

— Pra que isso?

— Aborto. — Eu o encaro incrédula. — Não precisa ter esse filho, se não quiser.

— Eu acho que não consigo fazer isso.

— Você precisa fazer — fala um pouco alto demais.

— Isso é uma decisão minha — digo irritada. Ele parece transtornado, eu pensei que ele queria me ajudar, mas acho que estou enganada. Lembro do Justin falando que Andrew era obcecado por tudo que é dele.

— Vai colocar no mundo mais uma criança pra sofrer? Mais uma criança com o sangue dessa família imunda?

Eu estou tremendo, ele tem razão, eu estaria colocando no mundo mais uma pessoa para sofrer, uma criança que foi programada pelo clã para vim ao mundo.

— Eu preciso pensar. — Pego o remédio e saio de lá. Eu encaro aquele remédio por muito tempo, se eu tiver esse filho, nenhum dos dois destinos será bom.

A escolhida. [amostra]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora