Capítulo VII - Olho por Olho / Parte 11: Edgar Visco

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Dois possíveis desfechos cruzavam minha mente. De um lado, aquele quem me ameaçava e acabara com minha vida corria em desespero; de outro, uma mulher desconhecida sangrava, também em desespero. Talvez por um instinto heróico que herdara de algum dos meus infinitos antepassados, corri em direção à mulher – avistando todas as minhas respostas se distanciarem.

Agachei-me frente a ela, deixando a arma de lado, e rasguei minha camisa, utilizando-a para pressionar o ferimento que, não irei mentir, não parecia nada bom.

"Calma, minha querida, calma!", balbuciava, percebendo que ela perdia a consciência. Os olhos arregalados e repletos de medo me encaravam. "Vai ficar tudo bem, vai sim...", pressionava o ferimento. O sangue corria da boca da mulher. "DONNIE, SEU MISERÁVEL, FILHO DE UMA PUTA, VENHA AQUI!", gritei para o covarde infeliz, virando-me. O sangue já encharcara o enxerto da camisa. "DONNIE!"

"Ó meu Deus!!! DEUS!", o calvo homem aproximava-se gritando com as mãos junto à cabeça.

"ME ESCUTE!", olhei em sua direção, ainda pressionando o ferimento. "Segura essa porra de pano e ligue para a emergência!". Ele não se moveu. "AGORA!". O ruivo agachou-se, colocando a mão sobre o local que estava sendo pressionado. Era, em sua defesa, sem sombra de dúvidas o dia mais assustador de sua vida. "Isso, garoto. Isso!". Peguei a arma e me levantei, com as mãos vermelhas de sangue. "Cuide dela, Donnie. Eu confio em você". Mas a verdade é que não sabia até que ponto confiaria naquele covarde.

A mulher já havia perdido a consciência. Não havia muito a se fazer. Aquele quem eu deveria matar – sim, matar – cruzava a esquina. Era possível alcançá-lo e eu tive a certeza de que o alcançaria.

"Ei!", apontei a arma rumo a silhueta do infeliz, que se esvaía, disparando em sua direção.

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