Capítulo XXXIII

681 119 27
                                    


Valentina POV



Subi as escadas com a última caixa da mudança da Luiza  para um pequeno apartamento de quarto e sala a quinze minutos de Carol e David.

— Onde quer que coloque essa aqui? — perguntei enquanto passava pela porta, sacudindo a chuva do cabelo.

— Pode colocar em qualquer lugar.
Ela me entregou uma toalha, tirei a blusa molhada e me sequei.

— Estou tentando encontrar os lençóis — disse ela — Entregaram a cama enquanto você
estava fora.

Procuramos até encontrar, e eu a ajudei a arrumar a cama.

– Já volto.
Ela sumiu por alguns segundos; voltou com um pequeno objeto e o colocou na mesa de
cabeceira, ligando-o a uma tomada próxima.

— O que é isso? — perguntei, deitando na cama.
Ela apertou um botão, e o som de ondas do mar encheu o quarto, quase abafando o barulho da
chuva que batia na janela.

— É uma máquina de sons. Comprei na Bed Bath & Beyond.

Luiza se esticou ao meu lado. Beijei as costas da mão dela e depois a puxei na minha direção. Ela
relaxou, seu corpo se misturando ao meu.

— Estou feliz. Você está feliz, Lu?

— Estou — sussurrou ela.

Eu a envolvi nos braços. Ouvindo a chuva e o quebrar das ondas, eu quase podia fingir que ainda estávamos na ilha e que nada havia mudado.

Ela não me convidou para me mudar para lá,apenas não fui embora. Dormia algumas noites em casa, porque isso deixava meus pais felizes. Além disso, Luiza e eu passávamos muito lá para
conversar ou jantar. Ela levou o Igor para fazer compras algumas vezes, o que o deixou bem contentes

Ela não aceitava que eu ajudasse a pagar o aluguel, então eu pagava outras contas, meio contra a vontade dela. Meus pais fizeram uma poupança para mim, quando eu ainda era criança. Eu teria acesso a ela quando tivesse dezoito anos, e o dinheiro agora era meu. O saldo da conta daria tranquilamente para cobrir as despesas de moradia, um carro e os custos de uma faculdade. Meus pais queriam saber — e me perguntavam o tempo todo — quais eram os meus planos, mas eu não tinha certeza do que queria fazer. Luiza não disse nada, nem precisava: ela queria que eu fizesse
um supletivo.

As pessoas às vezes nos reconheciam, principalmente quando estávamos juntas, mas pouco a pouco ela começou a se sentir mais confortável para sair em público. Sempre fazíamos programas ao ar livre, íamos ao parque ou dávamos longas caminhadas, embora a primavera ainda estivesse a semanas de começar. Íamos ao cinema e às vezes saíamos para almoçar ou jantar, mas Luiza gostava
de comer em casa. Ela cozinhava o que eu quisesse, e aos poucos ganhei peso. Ela também. Quando eu passava as mãos pelo seu corpo, eu não sentia mais ossos. Sentia curvas suaves.

De noite, Luiza colocava seus tênis e corria quase até a exaustão. Ela voltava ao apartamento,tirava as roupas suadas e tomava um banho quente e demorado, se juntando a mim depois na cama.

Ela tinha energia suficiente apenas para transar e depois desmaiava, dormindo profundamente.
De vez em quando ainda tinha pesadelos ou dificuldade para dormir, mas nada comparado ao que acontecia antes.

Eu gostava da nossa rotina. Não tinha vontade de mudá-la.

* * *
— Clara me chamou para passar o fim de semana com ela— comentei com Luiza durante o café da manhã, algumas semanas depois.

— Ela está na Universidade de Iowa, não é?

— É.

— Adoro aquele campus. Você vai se divertir muito.

Valu - Na ilhaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon