Capítulo XVII

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Luiza POV

— Você pode me ouvir?

Alguém balançou meu ombro com delicadeza. Abri os olhos e, por um instante, não tinha ideia

de onde estava.

— Sim — murmurei, ao perceber que o homem debruçado sobre mim era um americano

loiro, de olhos azuis, com mais ou menos trinta anos. Dei uma olhada na Valentina, mas os olhos dela estavam fechados.

Telefone. Onde está aquele telefone?

— Eu sou o Dr. Reynolds. Você está no hospital, em Malé. Peço desculpas por fazer algum

tempo que ninguém vem ver como você está. Não estamos equipados para lidar com situações

extraordinárias. Uma enfermeira verificou seus sinais vitais há algumas horas, e estavam todos bons,por isso, decidi deixar você dormir. Você apagou por quase doze horas. Está sentindo alguma dor?

— Um pouco. Estou com sede e com fome. — O médico acenou para uma enfermeira que

passava e fez um gesto de entornar um líquido. Ela anuiu e voltou com uma pequena jarra de água e dois copos de plástico. Ele encheu um dos copos e me ajudou a sentar. Bebi tudo e olhei ao redor,confusa. — Por que há tantas pessoas aqui?

— No momento, as Maldivas estão em estado de emergência.

— Por quê?

Ele me lançou um olhar estranho.

— Por causa do tsunami.

Valentina se mexeu ao meu lado e abriu os olhos. Eu a ajudei a se sentar e a abracei enquanto o

médico derramava água no outro copo e oferecia a ela. Elabebeu a água de um gole só.

— Valen, era um tsunami.

Ela pareceu atordoada por um minuto, mas depois esfregou os olhos — Sério?

— Sério.

— Foi a Guarda Costeira que trouxe vocês? — perguntou o Dr. Reynolds, enchendo

novamente nossos copos de água.

Fizemos que sim com a cabeça.

— De onde vocês vieram?

Valentina e eu nos entreolhamos.

— Não sabemos — falei. — Estamos perdidas há três anos e meio.

— Como assim, perdidas?

— Estávamos vivendo em uma das ilhas desde que o nosso piloto teve um ataque cardíaco, e o

avião caiu no oceano — esclareceu Valentina

O médico nos analisou, olhando ora para uma, ora para outra. Talvez afinal tenha se convencido

— Ah, meu Deus, são vocês, não é? Que sofreram um acidente com um hidroavião. — Os

olhos dele se arregalaram. Ele inspirou profundamente e soltou: — Todo mundo pensou que vocês estivessem mortas.

— É, foi o que imaginamos — falou Valentina — Onde podemos encontrar um telefone?

O Dr. Reynolds entregou um celular a Valentina

— Pode usar o meu.

Uma enfermeira retirou os soros, e Valentina e eu descemos com cuidado das camas. Minhas pernas vacilaram, e ela me segurou, envolvendo minha cintura com um braço.

Valu - Na ilhaWhere stories live. Discover now