Capítulo XXIX

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ATÉ AMANHÃ 🥰






Luiza POV


Paramos no banheiro porque eu precisava desesperadamente assoar o nariz e limpar os olhos. Carol me passou lenços de papel.

— Eu devia ter percebido que alguma coisa estava errada quando descobri que o número de
telefone deles havia sido desativado. Mas você disse que eles venderam a casa.

— Eu disse que a casa tinha sido vendida. David e eu a colocamos à venda assim que o inventário
ficou pronto.

Eu me inclinei para a frente, me apoiando na bancada do banheiro.

— O que aconteceu com eles?

— Papai teve outro enfarte.

— Quando?

Ela hesitou.

— Duas semanas depois que o avião caiu.
Comecei a chorar novamente.

— E mamãe?

— Câncer no ovário. Morreu um ano atrás.
David berrou. Carol colocou a cabeça para fora, depois voltou — Os repórteres estão vindo para cá. Vamos sair daqui, a não ser que você queira falar com eles.

Fiz um gesto negativo com a cabeça. Carol tinha me trazido um casaco e botas forradas de lã. Eu
me vesti e saímos para o estacionamento, com a imprensa nos seguindo de perto. Respirei o odor de neve e de gases dos carros.

— Onde estão as crianças? — perguntei quando chegamos ao apartamento de Carol e David.
Eu realmente queria dar abraços bem apertados em Vitória e Mateo

— Nós os levamos para a casa dos pais do David. Vou apanhá-los amanhã. Eles estão loucos para ver você.

— O que quer comer? — perguntou David.
Meu estômago roncava. Antes eu estava ansiosa para pedir um banquete, mas agora eu achava
que não conseguiria comer nada.

David deve ter percebido, porque disse:
— Que tal se eu sair para comprar uns bagels e você come quando sentir vontade?

— Eu ficaria muito grata, David. Obrigada.
Tirei o casaco e as botas.

— Suas roupas estão todas aqui — disse Carol — Coloquei tudo no armário do quarto de
hóspedes quando John trouxe para cá. As joias, os sapatos e algumas outras coisas também estão lá dentro. Jamais consegui me desfazer.

Segui ela até o quarto de hóspedes. Ela abriu o armário, e dei uma olhada em minhas roupas.
A maior parte estava pendurada em cabides, e o restante tinha sido empilhado cuidadosamente na
prateleira superior. Um suéter de caxemira azul-claro me chamou a atenção. Toquei a manga e fiquei impressionada com a sua maciez nos meus dedos.

— Você quer tomar um banho primeiro? — perguntou

— Quero — respondi, pegando um par de calças de ioga cinza e uma camiseta branca de mangas compridas.

Puxei o suéter azul da prateleira também. Numa cômoda no canto estavam guardadas minhas
meias, meus sutiãs e minhas calcinhas. Entrei no banheiro e fiquei debaixo do chuveiro durante um
bom tempo.Minhas roupas estavam grandes, mas eram familiares e me aqueciam.

— Duda está vindo para cá — disse Carol, me passando uma xícara de café logo que me
acomodei no sofá da sala.

Sorri ao ouvir o nome da minha melhor amiga.
— Mal posso esperar para ver ela — Tomei um gole do café. Carol o tinha reforçado com
uma bebida alcoólica. — Creme Irlandês?

— Achei que você poderia tomar um drinque.

— Tudo bem, mas só um. Estou um pouco sem resistência esses dias. — Segurei a xícara quente nas mãos. — Como a mamãe reagiu depois que o papai morreu? — perguntei.

Valu - Na ilhaWhere stories live. Discover now