Capítulo Quatorze

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- O que? - a pergunta escapou.

- O mandato foi cancelado e o departamento pede desculpas pelo transtorno.

Era como se eu de repente tivesse desaprendido a falar. A surpresa era demais. Como assim eles haviam cancelado o mandato de olhar o meu celular e até estavam me pedindo desculpas por tentar fazer isso?

- Bom, é apenas isso, você já está liberada.

Saio da sala ainda chocada demais para raciocinar direito e acabo trombando em um peito musculoso.

Porra, de novo não.

Olho para o rosto do homem e vejo Jensen. Eu tenho que parar de esbarrar com esse cara.

- Jensen - cumprimento.

Como sempre acontecia quando eu esbarrava com ele, Jensen ficou quieto por vários segundos me encarando como se decidisse se eu valia seu tempo.

Na primeira vez que aconteceu senti que ele tinha se interessado em mim, mas desde então já nos encontramos umas poucas vezes por aqui e ele sempre me lança esse olhar superior.

- Henderson - retribui.

E ele sempre acaba me cumprimentando pelo meu sobrenome.

- Prefiro April.

- Eu sei.

A sombra de um sorriso ameaça crescer em seu belíssimo rostinho, o que me arranca um sorriso também.

- Como foi? - ele indicou a sala que eu acabei de sair.

- Foi bem, parece que o mandato foi suspendido e eles disseram que houve um engano. Só não entendo porquê.

- Você tem bons amigos, Henderson, eles testemunharam ao seu favor e contra a sua amiga ruivinha, o testemunho de todos os envolvidos contra o de uma pessoa que está obviamente querendo prejudicar você foi o bastante para que o dela fosse considerado calúnia e tentativa de difamação.

Meus lábios se entreabriram surpresos. Porra, como assim?

- Tenho que ir. Bom te ver, Jensen.

Não paro pra ver se ele também se despediu, apenas saio apressada da delegacia e corro até meu carro, não sei nem em que velocidade dirijo, mas aposto que é alta já que chego no pequeno prédio em pouco minutos.

Como não tinha ninguém na portaria para proibir a minha entrada, apenas entrei furiosa e fui até o terceiro e último andar e bati no apartamento 301 várias vezes furiosa. A porta se abriu e eu pude ver os cabelos ruivos, o rosto de Jessy se abriu em uma carranca quando me viu.

- Você ainda está em liberdade? - Ela bufa e tenta fechar a porta.

Coloco a mão na porta para impedir e entro no apartamento a força, Jessy me olha incrédula, mas estou pouco me fodendo para como ela está me olhando neste momento ou para como vai me olhar quando essa conversa acabar.

- Sim, estou em liberdade, não graças a você - tento manter o tom de voz o mais calmo possível.

- O que você quer?

- Escuta aqui, se o que está querendo é me prejudicar então eu já te aviso que é melhor parar agora, você não vai conseguir.

Ela faz um barulhinho irritante com a boca e se aproxima de mim, mas posso sentir a raiva faiscando em seu olhar, o que ela não sabe é que não chega nem perto da raiva que está correndo por todo o meu corpo nesse momento.

- Escuta aqui...

- Não, você é quem vai me escutar! - a interrompo. - Você viu um lado meu, um lado exposto cheio de gentileza e empatia por uma garota que tinha perdido a amiga e estava sendo perseguida por um lunático.

Sombras No Presente - DuskwoodWhere stories live. Discover now