Sombras No Presente - Duskwood

Capítulo Dezessete

 "Eu vou matar todos eles. Cleo, Thomas, Lilly, Jessy e Dan. Cada um deles. E você vai assistir. E no final eu irei atrás de você."

"Não foi o suficiente eu ter matado o mecânico?"

"Você acha que isso é só um jogo, não é?!"

Três frases.

Três frases que eu tenho certeza de que não saíram do Richy. O Homem Sem Rosto mudava de personalidade, ele passava de um simples sequestrador para um psicopata em segundos.

Não que Richy não fosse um. Ele estava bem ruim da cabeça pra ter essa ideia e eu tenho certeza de que a ideia foi dele porque ele confessou. Mas alguém assumiu o controle e virou o jogo contra ele, alguém muito pior.

Alguém que queria machucar Hannah.

Michael?

Essa é uma teoria velha, mas poderia ser.

Peguei meu celular e disquei rapidamente para as únicas pessoas que me entendem de verdade, que foram afetadas pelo Homem Sem Rosto tanto quanto eu. Combinei um encontro e menos de meia hora depois na estava em frente o café favorito de Hannah e Cleo.

Avistei Dan, Hannah e Phil sentados na mesa e esperando e me juntei a eles.

- Oi, por que nos ligou tão de repente, parecia preocupada? - Hannah pergunta aflita.

- Aconteceu uma coisa... - encaro os três apreensiva.

Todos sofremos muito por causa do Homem Sem Rosto, mas nós quatro fomos os que mais se ferraram nessa história toda.

- Dan, você lembra quando Richy disse que não haviam mexido nos seus freios?

- Sim... Eu só não sei se é verdade agora - responde amargo.

- Era mentira, o Homem Sem Rosto tocou no seu carro e eu tenho certeza disso.

- Então Richy tentou me matar - ele tranca o maxilar.

Não sei o que eu disse depois foi um alívio ou se mais um mártir, mas eu disse mesmo assim.

- Não foi ele. Foi outra pessoa! - Faço o possível para que minha voz não saia trêmula.

- Mas você disse que foi o Homem Sem Rosto.

Fixo em silêncio e encaro os rostos de meu amigos. Eu não precisei dizer mais nada depois daquilo, Phil trancou o maxilar com o máximo de força que conseguiu, Dan não fez diferente dele e Hannah entreabriu os lábios em busca de ar.

- Não, April. Não se atreva a falar essa merda! - Phil rosnou.

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas os fechei. Não é hora pra chorar e eu já estou cansada de fazer isso.

- Porra! Fala que é mentira, que é a porra de uma brincadeira de mal gosto, linda - Phil continua, desesperado.

Abro os olhos.

- Eu sinto muito.

- Eu preciso sair daqui... Eu... April, você pode ligar para o Thomas? - Hannah me encara suplicante.

Ela parecia prestes a desmaiar.

- Eu... Claro.

Não tenho me comunicado com Thomas, não desde aquele dia. Já estivemos no mesmo cômodo, mas não chegamos a trocar palavra um para o outro.

Pego o celular para ligar pra ele, mas Dan toma o celular da minha mão e olha feio pra Hannah.

- Olha, sei que essa notícia te deixou mal, mas não acha que chega a ser uma puta sacanagem pedir que April fale com o Thomas? - Dan esbraveja.